‘Que o Espírito Santo nos ajude a ser uma Igreja viva, dinâmica e missionária’

Exortou o Cardeal Scherer aos membros de Movimentos Eclesiais, Associações de Fiéis e Novas Comunidades que peregrinaram à Catedral da Sé por ocasião do Jubileu e participaram da Vigília de Pentecostes

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Cantando o Hino do Jubileu “Peregrinos de Esperança” e com suas camisetas, faixas e cartazes, representantes de mais de 30 associações de fiéis, movimentos eclesiais e novas comunidades peregrinaram à Catedral da Sé na tarde do sábado, 7. 

A partir do Pateo do Collegio, eles caminharam até a igreja mãe da Arquidiocese, sendo observados por pessoas que estavam na Praça da Sé e nos comércios, muitas das quais se colocando em atitude de oração, conforme passavam. 

Ao adentrar o templo, alguns depositaram flores ao lado da cruz, da bandeira e da lamparina do Jubileu. Depois, todos participaram dos ritos próprios da peregrinação, conduzidos pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer e pelo Padre Luiz Eduardo Pinheiro Baronto, Cura da Catedral, quando rezaram a oração do Jubileu, foram recordados do sentido e das condições para a obter a indulgência plenária e meditaram a leitura da carta de São Paulo aos Romanos, da qual é extraído o lema deste Ano Jubilar, “A esperança não decepciona” (cf. Rm 5,5). 

“A nossa esperança brota do Deus vivo e verdadeiro”, ressaltou Dom Odilo durante o rito, recordando que o falecido Papa Francisco, na bula de proclamação do Jubileu, pediu aos cristãos que renovem em si a esperança e levem-na a todos. 

A AÇÃO DO ESPÍRITO SANTO 

No começo da missa da Vigília de Pentecostes, Dom Odilo explicou que, nessa celebração, os fiéis se reúnem para invocar o Espírito Santo e para celebrar as graças e dons que Ele derrama na Igreja e no mundo. 

Dom Odilo, na homilia, lembrou que Jesus assegurou que aqueles que Nele crerem receberão o Espírito Santo, sendo este, portanto, um dom dado pelo Ressuscitado. Explicou, ainda, que pelo Batismo todo cristão recebe os dons da fé, esperança e caridade, “as três virtudes teologais, pelas quais expressamos a nossa vivência cristã e a graça de Deus que está em nós”. 

NA CARIDADE, NA CATEQUESE E NA MISSÃO 

O Arcebispo agradeceu aos membros das associações de fiéis, movimentos eclesiais e novas comunidades pela participação concreta na vida da Igreja, e pediu que renovem essa disposição, com seus diversos dons e carismas, que devem ser partilhados para o bem comum. 

Três dimensões dos trabalhos das associações, movimentos e novas comunidades foram destacados pelo Arcebispo: a caridade aos pobres, doentes e a todos que precisem; a catequese de iniciação à vida cristã e a oferta de um itinerário catequético permanente para os que já receberam os sacramentos; e a ação missionária, tanto nas realidades próximas às paróquias e dioceses em que estão quanto em outros locais, convidando as pessoas afastadas da Igreja para a vivência da fé. 

O Arcebispo lembrou, ainda, a missão de cada batizado em dar testemunho de vida cristã católica não apenas na igreja ou em seus grupos, mas onde estiver: “Este é o grande campo de missão que nos é apresentado para sermos discípulos e missionários de Jesus Cristo”. 

PEDIDOS DO SANTO PADRE 

Ainda na homilia, Dom Odilo leu trechos da mensagem do Papa Leão XIV aos participantes do Jubileu dos movimentos eclesiais, associações e novas comunidades, realizado em Roma também naquele sábado. 

No texto, o Pontífice deseja que esses grupos mantenham vivo o impulso missionário e aponta que a vida cristã não deve ser vivida isoladamente, mas em comunidade; que todas as organizações da Igreja existem para que a graça de Deus seja oferecida ao mundo, e que o Senhor suscita carismas aos movimentos, associações e novas comunidades para que despertem nas demais pessoas o desejo de encontrarem Cristo, Dele se aproximarem, redescobrirem a esperança e crescerem na fé, na vida comunitária, nas obras de caridade, na evangelização, concretizando a unidade e a missão, que são os pilares da vida da Igreja. 

CORRESPONSABILIDADE 

Dom Odilo também comentou sobre a redução no percentual de católicos na população brasileira – de 65,1% para 56,7% – conforme dados do Censo de 2022, no comparativo com o ano de 2010 (leia mais na coluna Encontro com o Pastor, na página 2; e na entrevista concedida por Dom Odilo, publicada na página 10). 

O Arcebispo pediu que todos os católicos reflitam sobre estes dados e a corresponsabilidade que têm com a missão na Igreja: “O que acontece? E o que podemos fazer? Não para aumentar o número de católicos, claro que isso vai acontecer, mas para ajudar as pessoas a se encontrarem com Deus, a encontrarem o caminho de Cristo e da vivência na Igreja, comunidade da fé”. 

Dom Odilo recordou, ainda, que na pesquisa realizada em 2018 por ocasião do 1º sínodo arquidiocesano, já havia alguns indicadores sobre os quais a Igreja em São Paulo tem se preocupado e chamado os católicos à ação, como a baixa frequência de fiéis nas missas dominicais, de poucas crianças batizadas e que se preparam para a primeira Comunhão, bem como de adolescentes e jovens nos grupos de Crisma, além da queda no número de casamentos na Igreja. 

“Que o Espírito Santo nos ajude a ser uma Igreja viva, dinâmica e missionária”, exortou. 

TESTEMUNHOS DE FÉ 

Após a homilia, os fiéis acenderam suas velas na lamparina do Jubileu, para a renovação das promessas do Batismo, e foram aspergidos com a água por Dom Odilo e os padres concelebrantes. 

Depois da liturgia eucarística, oito leigos da Shalom, Comunhão e Libertação, Renovação Carismática Católica, Focolares, Comunidade Sagrada Família e Oficinas de Oração e Vida deram testemunhos sobre a ação do Espírito Santo em suas vidas, com histórias de conversão, de maior engajamento pastoral e missionário, de redescoberta da importância dos sacramentos e da busca de uma vida de santidade. 

“Nosso espírito neste Ano Jubilar é o de promover a unidade, a vida fraterna, a comunhão entre os fiéis, com o clero e com toda a Igreja, defendendo isso em todas as esferas da sociedade e da nossa vida”, disse, ao O SÃO PAULO, Leonardo Barbosa de Sousa, da Comunidade Famílias Novas do Imaculado Coração de Maria. 

Também o Movimento da Transfiguração esteve na peregrinação com um grupo de 80 pessoas. “A nossa grande perspectiva é do anúncio do Evangelho que gera uma autêntica esperança, porque Jesus ao ressuscitar venceu o pecado e a morte, e isso é a raiz e razão da nossa esperança”, disse à reportagem Cesar Augusto Luis Nunes de Oliveira, fundador. 

Dom Odilo, após ouvi-los, lembrou que viver a fé em comunidade fortalece, ampara e restaura. E antes da bênção final, após a invocação da intercessão de Nossa Senhora, agradeceu a todos a participação na peregrinação e na Vigília. “Levem para casa a alegria que vem do Espírito Santo!”, exortou. 

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