Instituída pelo Cardeal Scherer, iniciativa procura fomentar o hábito de oração individual e comunitária pelas vocações na Arquidiocese
Com o propósito de fazer avançar a promoção das vocações sacerdotais, religiosas, missionárias, matrimoniais e laicais na Arquidiocese de São Paulo, o Cardeal Odilo Pedro Scherer instituiu, no dia 21, a Quinta-feira das Vocações, para que nas paróquias, associações, movimentos, novas comunidades e comunidades de vida consagrada ocorra neste dia momentos para oração pessoal e comunitária, recitação do Rosário, adoração ao Santíssimo Sacramento e outras iniciativas orantes pelas vocações.
A Quinta-feira das Vocações é organizada pelo Centro Vocacional Arquidiocesano (CVA) e pelas equipes vocacionais nas regiões episcopais, também com o envolvimento das equipes de animação vocacional das paróquias.
“Queremos que as pessoas se acostumem a rezar pelas vocações. Também iremos incentivar as vocações, refletir sobre este tema, não deixar isso apenas para agosto, o mês vocacional. Se nós queremos uma cultura vocacional, temos que falar disso sempre, rezar sempre pelas vocações, pelo menos em um dia na semana, por isso a criação da Quinta-feira das Vocações”, ressalta, ao O SÃO PAULO, o Padre João Henrique Novo do Prado, Coordenador da Pastoral Vocacional e responsável pelo Centro Vocacional Arquidiocesano.
O Sacerdote detalha que a escolha da quinta-feira como o dia vocacional da semana deve-se ao fato de Jesus ter instituído a Eucaristia e o sacerdócio ministerial em uma quinta-feira, e de já ser hábito em muitas paróquias a realização da adoração ao Santíssimo neste dia.
COMO FAZER?
Os momentos de oração na intenção pelas vocações podem ser feitos individualmente ou de modo comunitário a qualquer hora às quintas-feiras. “Esse momento de oração pode ser dentro da própria missa, pode se fazer também uma hora santa vocacional, Terço vocacional e até missas vocacionais”, exemplifica Padre João Henrique.
O Sacerdote assegura que o CVA está preparando a publicação de materiais impressos orantes pelas vocações que serão enviados às paróquias e que também estarão disponíveis no portal da Arquidiocese de São Paulo.
“Também usaremos muito as redes sociais do CVA para divulgar este dia e as demais ações da Pastoral Vocacional”, destaca o Padre. Na primeira Quinta-feira das Vocações, no dia 22, já foram disponibilizados cards para as mídias sociais alusivos à data e com a Oração pelas Vocações.
“Estou muito otimista de que a Quinta-feira das Vocações vai dar muito certo, de que atingirá o coração dos jovens e que de alguma forma eles vão nos procurar para fazer discernimento vocacional. Não significa que vão ser padres, mas certamente serão bons cristãos, pessoas dedicadas à comunidade, bons pais de família”, projeta o Sacerdote.
COM O APOIO DOS PADRES
Padre João Henrique lembra que a responsabilidade maior pelas ações da Quinta-feira das Vocações compete ao CVA, mas que a iniciativa só alcançará êxito se todos os padres se empenharem em realizá-la regularmente. “Este dia só vai dar muito certo se tivermos o incentivo dos padres. Eles são sempre os primeiros animadores vocacionais em suas paróquias. A responsabilidade pelo trabalho das vocações é de todo o clero”, enfatiza Padre João Henrique, que também é Reitor do Seminário Propedêutico Nossa Senhora da Assunção, que atualmente conta com seis jovens seminaristas.
O Promotor Vocacional pede ainda que os padres convidem os adolescentes e jovens para que participem das Quintas-feiras Vocacionais, mas que estejam atentos aos horários em que planejam as atividades: “É preciso que cada padre olhe para a realidade da juventude em sua paróquia, para a disponibilidade de participação destes jovens, pois não adianta marcar uma atividade no mesmo horário em que estejam no trabalho ou na escola. Eles precisam sentir-se parte desta cultura vocacional”.
Na carta em que anunciou a instituição da Quinta-feira das Vocações, o Cardeal Odilo Pedro Scherer lembra que os clérigos, especialmente os párocos, são os primeiros responsáveis pela pastoral das vocações nas comunidades e pede que deem mais atenção aos adolescentes e jovens: “Estejamos no meio deles para ouvi-los, convidando-os para momentos formativos, de lazer saudável e de oração. Saibamos ‘perder tempo’ com eles, dispondo-nos também para acompanhar os possíveis vocacionados mediante a direção espiritual”.
UMA AÇÃO PERANTE A QUEDA DE VOCACIONADOS
Padre João Henrique enfatiza que a Quinta-feira das Vocações foi criada como uma resposta à perceptível queda no número de vocacionados, seja para o ministério ordenado, a vida religiosa consagrada e mesmo para o sacramento do Matrimônio.
“A crise das vocações é geral: no sacerdócio, na vida religiosa, na vida laical. Há uma crise na questão do comprometimento dos leigos. O cristão católico batizado não está assumindo a sua missão, a sua vocação de ser sal da terra e luz do mundo. E se há uma crise geral de vocação, isso vai afetar aquelas específicas. E preocupa, sobretudo, a vocação sacerdotal, pois sem o padre não há a Eucaristia, que é o centro da vida da Igreja. Infelizmente, as pessoas não estão muito preocupadas em preencher suas vidas com aquilo que Deus pode dar, mas com aquilo que o mundo pode oferecer. É uma sociedade bastante vazia. Por isso, eu repito: temos que fomentar uma cultura vocacional”, enfatiza.
Na carta em que instituiu a Quinta-feira das Vocações, o Arcebispo de São Paulo também menciona a queda nas vocações sacerdotal, religiosa consagrada e missionária, e externa especial preocupação quanto ao sacerdócio ministerial na Igreja: “Num futuro nem tão distante, ainda teremos padres para prover às necessidades pastorais e espirituais do povo de Deus nas paróquias e demais serviços da Arquidiocese?”.
De igual modo, Dom Odilo revela preocupação com o fato de os jovens, muitos dos quais de famílias católicas, já não colocarem como prioridade o casamento e a formação de uma família.
“Recomendo vivamente que em todas as missas celebradas em nossas igrejas, especialmente aos domingos, seja feita a oração pelas vocações, antes da bênção final, lembrando também ao povo o seu dever de rezar sempre, com viva fé, pelas vocações. E, na formação cristã do povo, não deixemos de abordar com frequência o tema das vocações, incluindo também a vocação ao Matrimônio e a formar família conforme a vontade de Deus”, escreve o Arcebispo.