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Semana Teológica destaca os 60 anos da conclusão do Concílio Vaticano II

Seminarista Gabriel Barros

A Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção da PUC-SP realiza até sexta-feira, 15, a Semana Teológica 2025, com destaque para os 60 anos da conclusão do Concílio Ecumênico Vaticano II, realizado entre 1962 e 1965.

A proposta do evento é promover o diálogo e o estudo em torno de quatro grandes eixos temáticos: Liturgia, Eclesiologia, Pastoral e Doutrina Social, examinados à luz dos avanços promovidos pelo Concílio Vaticano II, destacando sua pertinência para a vivência religiosa e para a espiritualidade nos tempos atuais.

Na abertura da Semana Teológica, na manhã da segunda-feira, 11, o Padre Tiago Gurgel do Vale, Coordenador do curso de Teologia, destacou o grande envolvimento dos estudantes na elaboração do programa do evento e na execução das atividades.

A conferência de abertura foi ministrada pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo e Grão-Chanceler da PUC-SP. Todos os detalhes da programação podem ser vistos em https://eventos.pucsp.br/semana-teologica-2025.

A formação litúrgica do povo de Deus

Cardeal Odilo Scherer na abertura da Semana Teológica, ladeado pelos Padres Sidnei Fernandes, Gilvan Leite e Tiago Gurgel

Dom Odilo falou sobre a carta apostólica Desiderio desideravi à luz da constituição conciliar Sacrosanctum concilium. Inicialmente, ele recordou que o documento publicado pelo Papa Francisco em 2022 trata sobre a formação litúrgica do povo de Deus; e que o texto conciliar, de dezembro de 1963, trouxe diretrizes para uma reforma litúrgica na Igreja a fim de melhor permitir a participação do povo nas celebrações e enriquecê-la com aspectos das Sagradas Escrituras e de textos da Tradição teológica e doutrinal da Igreja.

O Arcebispo ressaltou que na carta apostólica, Francisco assegura que a liturgia bem celebrada nutre e faz crescer a comunhão eclesial, sendo também determinante para a evangelização e a prática de caridade dos fiéis. Dom Odilo apontou que ainda hoje se faz necessária uma boa formação litúrgica ao povo de Deus, já que muitos que vão às missas ainda não entendem por completo o significado do que é celebrado, e que por isso é necessário, por primeiro, que aquele que preside a liturgia esteja bem formado, uma preocupação que deve ser trabalhada já na formação dos futuros padres.

Ainda na carta apostólica, o Papa fala da necessidade do aprimoramento constante dos sacerdotes para que não descuidem de aspectos como os espaços e arquitetura litúrgicos, vestes, música e o respeito ao rito em si. Francisco também indica que os padres devem evitar uma postura individualista e subjetiva, um espiritualismo abstrato, bem como o neopelagianismo (quando a pessoa acha que alcançará a salvação por seus próprios méritos e não pela graça de Deus) e o gnosticismo (um espiritualismo abstrato), tendências que desconsideram que a liturgia consiste em celebrar a vida de Jesus Cristo.

Celebrar a comunhão da Igreja

“Por meio desta carta apostólica, o Papa Francisco convida a pacificar os ânimos e a voltar a celebrar a comunhão da Igreja e não dividir a Igreja a partir da liturgia”, enfatizou Dom Odilo, lembrando, ainda, que todos os sacramentos são mistérios da fé, pois “é Deus que age e realiza tudo aquilo que o nosso rito litúrgico significa”.

Dom Odilo também sublinhou que a grande intenção da reforma litúrgica do Concílio Vaticano II foi a de ajudar o povo de Deus a ter melhor participação na Liturgia, “uma participação plena, consciente, ativa e frutuosa”. Por fim, enfatizou que um aspecto primordial é que as pessoas participem das missas presencialmente, uma preocupação atual, pois conforme revelado pela pesquisa de campo do 1º sínodo arquidiocesano (2017-2023), não mais do que 6% dos católicos da Arquidiocese vão à missa regularmente.

(Colaborou: Karen Eufrosino)

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