Ao abrir as páginas do O SÃO PAULO a cada semana ou ao acessar o site do jornal, o leitor não encontra apenas notícias, mas também artigos formativos embasados no Magistério da Igreja e em sua Doutrina Social.
Esta é uma preocupação editorial desde a primeira edição do semanário arquidiocesano, em 25 de janeiro de 1956. “A formação da consciência moral do povo é função precípua da imprensa, da imprensa digna”, escreveu o Cardeal Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, então Arcebispo Metropolitano, ao ressaltar que este jornal “deve ser algo de um santuário, onde se preste culto a Deus; de uma escola, onde se cultivem as inteligências; e de um lar, onde se informem os corações no amor fraternal entre os homens”.
ATENÇÃO ÀS FAMÍLIAS
Uma preocupação recorrente do jornal é com as questões que envolvem as famílias, tema atualmente abordado de modo especial na coluna “Comportamento”, publicada desde 2014.
A busca da harmonia nas relações domésticas e ação dos pais para bem formar os filhos são temas frequentes nos textos atuais, e podem ser encontrados também em edições de décadas passadas. A coluna “Mundo infantil”, por exemplo, publicada nos primeiros anos do jornal, apresentava a reflexão “Para a mamãe”. No texto de 4 de março de 1956, a temática era a exposição das crianças a conteúdos violentos: “Muitos garotos, ao alcançarem a idade escolar, começam a dar preferência aos livros de aventura, aos heróis de episódios de crimes, aos mocinhos de ‘far-west’. Esta preferência não teria nenhum significado perigoso se todos os pais soubessem como fazer os filhos separarem o bom do ruim, as boas das más ações, mas nem sempre os garotos encontram quem os encaminhe, quem lhes ensine a verdadeira trilha a seguir, no momento adequado para tal ensinamento”.
OLHAR CATÓLICO PARA AS REALIDADES COTIDIANAS
Solidariedade, misericórdia, dignidade da vida humana e sua inviolabilidade, combate às desigualdades sociais, preocupação com a dimensão sociopolítica do trabalho e a relação do ser humano com as novas tecnologias são alguns dos assuntos mais recentes da coluna “Opinião”, na qual, a cada semana, articulistas de diferentes áreas do saber analisam temas do cotidiano na perspectiva da Doutrina Social da Igreja e de seu Magistério.
Ao longo das décadas, o jornal sempre abriu espaço para tais conteúdos opinativos, tendo articulistas reconhecidos nacionalmente. Um deles foi o Padre Zezinho, SCJ, que entre abril de 2006 e março de 2013 assinou a coluna “Palavras que não passam”. No texto “Ao país dos meus sonhos”, publicado em 17 de março de 2009, ele escreveu: “Somos daqueles que acreditam que a paz vem do céu, mas não cai em nossas mãos toda vez que a pedimos. Antes, é ela como planta, cuja semente o céu nos dá, mas que se não for semeada, plantada, irrigada e bem cuidada não dará nem flor, nem fruto”.
Outro exemplo é o texto “Aborto provocado: a legalização de um crime”, de autoria do geneticista Newton Freire-Maia, publicado em 13 de fevereiro de 1984, com críticas ao projeto de lei 590/1983, que buscava descriminalizar tal prática no Brasil: “Em vez de se criarem condições para a eliminação pura e simples do ato [o aborto], faz-se uma lei para tirar-lhe a pecha infamante, transformando-a em ‘cirurgia’ marcada por plena legalidade. O infanticídio, se realizado antes do nascimento da criança, passa ser permitido”.
Nacionalmente reconhecido por seu posicionamento crítico em relação à ditadura militar, o jornal O SÃO PAULO também dedicou parte de suas edições entre os anos de 1984 e 1988 para explicar as mobilizações pela redemocratização no País, e os trâmites e as votações da Assembleia Nacional Constituinte, da qual resultou na atual Constituição federal.
PARA BEM ENTENDER A IGREJA
Fazer com que os católicos compreendam as verdades da fé e a ação evangelizadora da Igreja também é missão do jornal. Este conteúdo formativo é especialmente encontrado nos editoriais, como neste publicado na edição de 3 de setembro de 1967: “Um dos aspectos da presente crise, a ser estudado por esta assembleia [do Sínodo dos Bispos] será a chamada ‘crise de dúvida’, ora notada entre tantos fiéis. Não uma crise no plano da fé, mas dos condicionamentos psicológicos da fé – que, afinal, pode levar facilmente a uma crise de fé se não for combatida”.
As reflexões dos papas sempre tiveram espaço nas páginas do O SÃO PAULO, especialmente a partir de 1969 com a criação da seção “A Palavra do Papa”, hoje uma editoria noticiosa, redigida por um correspondente do jornal em Roma, o qual também produz reportagens especiais quando da realização de grandes eventos, como as assembleias gerais do Sínodo dos Bispos, consistórios para a criação de cardeais e publicações de documentos pontifícios.
Desde a edição de 2 de janeiro de 1971, o jornal publica a coluna “Encontro com o Pastor”, que inicialmente consistia na apresentação das transcrições do programa de mesmo nome que Dom Paulo Evaristo Arns apresentava na Rádio 9 de Julho. Ele assinou a coluna até abril de 1998, sendo esta assumida por seus sucessores, o Cardeal Cláudio Hummes (1998-2006) e o Cardeal Scherer, desde abril de 2007.
Desde setembro de 2014, também os bispos auxiliares da Arquidiocese publicam textos semanalmente na coluna “Espiritualidade”.
Outro conteúdo de referência do jornal é a coluna sobre a liturgia do Domingo, desde a década de 1980 chamada de “Liturgia e Vida”, mas que anteriormente teve outros nomes como “Vivamos com a Igreja”, “Subsídios litúrgicos e de formação” e “liturgia dominical”.
A FÉ EXPLICADA
Ao longo destas 3.500 edições, também não faltaram artigos formativos referentes à missão e atuação das pastorais e movimentos da Igreja, bem como textos explicativos sobre documentos pontifícios e deliberações com impactos para toda a Igreja – como os documentos do Concílio Vaticano II – e para toda a Arquidiocese, como as cartas pastorais dos Arcebispos e os planos arquidiocesanos de pastoral.
Há três décadas também é publicada a coluna “Você Pergunta”, na qual o Cônego Antônio Aparecido Pereira (Padre Cido) responde a dúvidas sobre diferentes temas da fé católica.
Com a presença do jornal na internet, o alcance desta coluna foi potencializado. E o melhor exemplo disso é o que ocorreu com o texto “Há salvação para quem comete suicídio?”, publicado em 23 de julho de 2020. A partir da postagem, criou-se no espaço de comentários ao texto uma espécie de fórum de discussão e de autoajuda entre os leitores, o qual já resultou em quase 700 interações de texto, fato que indica o quanto a dimensão formativa do O SÃO PAULO é um dos diferenciais desta mídia católica.
Continuam válidos, portanto, os indicativos iniciais do Cardeal Motta para o semanário arquidiocesano, reforçados por seus sucessores, entre os quais o Cardeal Hummes, que em janeiro de 2006, por ocasião do jubileu de ouro jornal, escreveu: “[O SÃO PAULO] continua a ajudar na promoção de uma sociedade justa, fraterna, democrática, pacífica e solidária para com os pobres, ao mesmo tempo em que anima nossas atividades pastorais e missionárias, a nova evangelização, a orientação religiosa dos leitores e sua formação sociopolítica”.
Caro Daniel – o jornal O São Paulo faz parte da minha vida e evangelização. Sinto-me pertencente à Arquidiocese de SP e próximo das notícias e movimentos. Não é apenas a vida em comunidade – mas um olhar de um todo, da Igreja em Roma, da Arquidiocese e da minha região. Leio a versão digital, mas o meu xodó é a versão impressa. Parabéns pela edição 3.500!