Leia a seguir a íntegra do artigo do Cônego Marcelo Monge por ocasião do VIII Dia Mundial dos Pobres, a ser celebrado no domingo, 17. Conheça ainda a logotipo do Vicariato criado este ano pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano
‘A ORAÇÃO DO POBRE ELEVA-SE ATÉ DEUS’
Cônego Marcelo Monge (Vigário Episcopal da Caridade Social da Arquidiocese de São Paulo)
O ano de 2024 é marcado pela oração que nos prepara para vivermos o grande jubileu dos 2025 anos do nascimento de Jesus, nosso Salvador. O Papa Francisco escolheu um lema muito significativo para o VIII Dia Mundial dos Pobres. “A oração do pobre eleva-se até Deus” (cf. Eclo 21,5). Essa expressão, que nos chega do antigo autor sagrado Ben Sirac, torna-se imediata e facilmente compreensível neste contexto.
O Papa, na sua carta, volta a nos lembrar que os pobres têm um lugar privilegiado no coração de Deus. Diz ele que Deus está atento e próximo de cada pobre. Deus ouve a oração dos pobres e, perante o sofrimento, fica “impaciente”, até lhes fazer justiça.
Em nossa Arquidiocese, muitas reflexões, ações e orações estão programadas para atendermos o pedido do Papa Francisco. Há oito anos, temos nos esforçado para que o Dia Mundial dos Pobres seja mais uma oportunidade para tomada de consciência dos valores bíblicos e teológicos da necessária atenção aos pobres. Todos nós somos convidados a centrar as atividades pastorais nas necessidades dos pobres em qualquer parte de nossa imensa cidade de São Paulo. Constantemente, os apelos do primeiro sínodo arquidiocesano nos lembram que somos testemunhas de Deus que habita esta cidade, por meio de sinais concretos.
O Papa Francisco, em sua mensagem, convida todos a aprender a rezar pelos pobres e a rezar com eles, com humildade e confiança. “Senhor, que o Dia Mundial dos Pobres seja uma oportunidade para tomarmos consciência da presença dos pobres em nossa cidade”. Pobres que estão nas ruas, em suas casas, em abrigos, nos presídios… são crianças, adolescentes, jovens, adultos, idosos, doentes, pessoas que na região central da cidade ou nas periferias clamam atenção, têm necessidade de pão e de oração. Que o Espírito Santo nos ilumine para compreendermos suas necessidades e agirmos em seu favor.
O Papa ainda menciona em sua carta os “novos pobres”, gerados pela violência das guerras e da “má política das armas”, que causam tantas vítimas inocentes.
“Se a oração não se traduz em ações concretas, é vã; contudo, a caridade sem oração corre o risco de se tornar uma filantropia que rapidamente se esgota”, diz o Papa. A oração deve encontrar a confirmação da sua autenticidade na caridade concreta. Oração e gestos/obras remetem uma para a outra. O Papa em sua mensagem nos lembra de tantos santos da história, como Santa Teresa de Calcutá, que repetia sempre que a oração era o lugar de onde tirava a fé e a força para servir os pobres. Ainda, lembra do exemplo de São Bento José Labre, “vagabundo de Deus “, pobre entre os pobres.
Graças ao amor infinito de Deus, há hoje muitas pessoas que, na nossa cidade, continuam a dedicar uma grande parte do seu tempo a ouvir e a apoiar os mais pobres. Pessoas zelosas que “gastam” sua vida nos diversos trabalhos pastorais, entidades sociais, movimentos, grupos, comunidades, paróquias, novas comunidades, colégios, hospitais… para assistir, promover e transformar a vida dos amados de Deus, os pobres. São rostos concretos que, com o seu exemplo, “são a voz da resposta de Deus às orações daqueles que a Ele recorrem”, diz o Papa Francisco. O Dia Mundial dos Pobres é também uma ocasião para agradecer ao Senhor pelo dom da vida dessas pessoas que estão juntos aos pobres e valorizar cada uma delas pelo bem que fazem.
A mensagem do Papa Francisco para Dia Mundial dos Pobres 2024 nos convida, pois, todos, a uma atenção espiritual mais séria para com os pobres, que precisam de Deus e de alguém que seja sinal concreto da sua escuta e proximidade.
Sugestões para viver bem o VIII Dia Mundial dos Pobres:
– Ler/refletir a mensagem do Papa Francisco “A oração do pobre eleva-se até Deus”. (cf. Eclo 21,5)
– Participar da reflexão proposta pelo Vicariato da Caridade Social e de outras iniciativas eclesiais. O Vicariato Episcopal da Caridade Social, em parceria com a Assunção – Centro Universitário e a Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, realizará a reflexão sobre o assunto nos dias 12 e 13/11 (noite) e no dia 14 e 15/11 (manhã).
– Conhecer/divulgar/valorizar/participar das ações propostas das diversas iniciativas da Igreja em São Paulo
– Rezar em todos os lugares pelos e com os pobres e para e por todas as pessoas que com eles estão no dia a dia. Deus nos ajude!
EXPLICAÇÃO DA LOGOTIPO DO VICARIATO EPISCOPAL DA CARIDADE SOCIAL
por Guto Godoy
A logo em si é composto por um grande círculo. Duplo sentido simbólico ao mesmo tempo em que recorda uma dimensão de igualdade humana também nos remete a um pão.
Um pão partido, cuja fração é marcada pela cruz, no sentindo que a caridade cristã brota da pessoa de Jesus, da experiência com o Crucificado Ressuscitado. Duas mãos que se buscam e se encontram no sentido de carinho, afeto e de cuidado. Em Jesus, nós nos dispomos a cuidar dos irmãos que necessitam.
Não se trata de apenas dar de comer a quem tem fome. Trata-se, também, de suprir as necessidades de acolhida e de proximidade que a humanidade vive e necessita. Na imagem, não se tem definido qual mão doa e qual mão recebe. Na verdadeira caridade cristã, o gesto de partilha é mais importante que a coisa partilhada. Cada um de nós pode dar, cada um de nós deve receber. Cada encontro deverá ser feito de dar e de receber.
A cor é um vermelho escuro que nos remete ao afeto, ao sangue, ao compromisso. O vermelho é a cor da realeza, digamos, a cor do Divino que nos impulsiona a este compromisso social da caridade a partir da experiência com a pessoa de Jesus de quem somos peregrinos de esperança.