Por Benigno Naveira* e Elias Rodrigues**
As decisões sobre a comunicação da Igreja Católica seguem uma linha editorial, assim como acontece em qualquer outra instituição, e são definidas pelo Papa e pelo Vaticano, antes de serem repassadas às conferências episcopais espalhadas pelo mundo. As notícias são então veiculadas pelo Vatican News e documentos e pronunciamentos são disponibilizados em Vatican.va.
Padre Arnaldo Rodrigues, Assessor de Comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), explica que a comunicação do Vaticano é feita pela Secretaria de Estado, pelo Dicastério para a Comunicação, que tem o site Vatican News e a Rádio Vaticano entre seus organismos, que levam as informações e mensagens papais a todos os lugares, inclusive nos quais a internet não chega.
Todo este serviço de comunicação busca assegurar a transmissão fidedigna da mensagem – falada ou escrita – do Papa. “É preciso ter veículos, processos e uma organização das informações de forma que a notícia seja realmente fiel à identidade da instituição e, consequentemente, do Papa”, afirma Padre Arnaldo.
A integração da mensagem do Papa nas Arquidioceses
As informações chegam até as arqui (dioceses) brasileiras por meio da Nunciatura Apostólica e da CNBB, com parcerias que fazem com que a voz do Papa se torne mais conhecida e se espalhe por todo o território nacional.
Cada arquidiocese possui sua própria dinâmica, notícias, evangelização, desafios e estratégias de comunicação, mas tudo é alinhado com as diretrizes da Igreja. “Mesmo com diversidades culturais e regionais, a mensagem do Papa é universal e abrange a sociedade como um todo”, explica o Assessor de Comunicação da CNBB.
Padre Arnaldo ressalta que, com a multiplicidade de veículos de comunicação e redes sociais, todos se tornaram fontes de notícias. “É preciso estar atento para manter a integridade das mensagens dos Papas, da Santa Sé e das dioceses, em um cenário com tantas outras vozes”.
A reciprocidade na comunicação entre a Santa Sé e as arqui (dioceses) é facilitada por encontros e reuniões. Um exemplo é o encontro dos comunicadores que ocorrerá durante o Jubileu de 2025, no mês de janeiro, com a participação dos presidentes das comissões episcopais de comunicação e diretores da sala de imprensa das conferências episcopais.
A diversidade de recursos e a comunicação pessoal
Cada diocese tem autonomia e utiliza seus recursos, como sites, rádios, redes sociais, e-mails e comunicados para se comunicar com o povo. No entanto, o contato físico e pessoal nas paróquias, e as homilias se mantém indispensáveis.
Padre Arnaldo lembra o que é dito no decreto “Inter Mirifica”, do Concílio Ecumênico Vaticano II sobre os meios de comunicação social: os líderes devem motivar o uso responsável dos meios tecnológicos para evangelização e incentivar uma comunicação mais humana. O documento destaca a necessidade de uma comunicação consciente e responsável para uma boa disseminação da verdade.
A dinâmica da comunicação paroquial
Cada paróquia repercute as mensagens das arquidioceses por meio de seus próprios meios. A Pastoral da Comunicação (Pascom) não apenas transmite informações, mas está inserida na realidade da comunidade e divulga a mensagem da Igreja como um todo.
Infelizmente, nem todas as paróquias possuem uma equipe Pascom, seja por falta de pessoas disponíveis para atuação, seja por falta de iniciativa do padre responsável em estabelecer um trabalho no campo da comunicação, o que reduz a visibilidade e o impacto das ações realizadas em âmbito paroquial.
A comunicação paroquial depende dos recursos disponíveis e do contato humano. “É essencial utilizar bem os recursos que a paróquia tem e reconhecer a ajuda de pessoas que podem contribuir com a comunicação”, conclui o Padre Arnaldo.
*Benigno Naveira, jornalista, assessor de imprensa e membro da Pastoral da Comunicação da Região Episcopal Lapa.
**Elias Rodrigues, jornalista, assessor de imprensa e coordenador da Pascom da Paróquia do Divino Espírito Santo, da Região Episcopal Sé.