Ao concluir o Sínodo, Papa ressalta quea Igreja é assistida pelo Espírito Santo

Vatican Media

“Esta é a Igreja sinodal: uma comu­nidade cujo primado está no dom do Espírito, que nos torna irmãos em Cris­to e nos eleva até Ele”. Essas palavras do Papa Francisco sintetizam o caminho sinodal concluído no domingo, 27.

A afirmação foi feita na homilia da missa de encerramento da XVI Assem­bleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bis­pos, celebrada na Basílica de São Pedro, com a presença de cardeais, bispos, sacer­dotes, religiosos e leigos que participaram da assembleia sinodal, aberta no dia 2.

No sábado, 26, na Sala Paulo VI, no Vaticano, aconteceu a sessão de encer­ramento dos trabalhos da assembleia, ocasião em que houve a votação e a apro­vação do documento final da assembleia sinodal e sua entrega ao Santo Padre.

Francisco informou que não pre­tende escrever uma exortação apos­tólica pós-sinodal. “No Documento, já existem indicações muito concretas que podem servir de guia para a missão das igrejas, nos diferentes continentes, nos diferentes contextos: por isso, co­loco-o imediatamente à disposição de todos. Por isso, eu disse que deve ser publicado”.

Vale ressaltar que o Sínodo é um organismo de caráter consultivo e não deliberativo, por isso, seu documento final não apresenta deliberações, mas sim, propostas. Nesse sentido, o Papa ressaltou que, à luz do que emergiu a partir do caminho sinodal, há e haverá decisões a serem tomadas posterior­mente por ele.

DOCUMENTO

O Documento Final é composto de cinco partes. A primeira é intitulada “O coração da sinodalidade”. A segunda parte – “Juntos, na barca de Pedro” – é dedicada à conversão das relações que edificam a comunidade cristã e dão for­ma à missão na interseção de vocações, carismas e ministérios.

A terceira parte – “Sobre a tua Pa­lavra” – identifica três práticas intima­mente interligadas: discernimento ecle­sial; processos decisórios; e cultura da transparência, da prestação de contas e da avaliação. A quarta parte – “Uma pesca abundante” – delineia como é possível cultivar, de maneira nova, o in­tercâmbio de dons e o entrelaçamento de vínculos que nos unem na Igreja, em um tempo em que a experiência de en­raizamento em um lugar está mudando profundamente.

Finalmente, a quinta parte – “Tam­bém eu vos envio” – permite olhar para o primeiro passo a ser dado: promover a formação de todos para a sinodalida­de missionária.

O Papa confirmou que prosseguirá até junho de 2025 o trabalho dos 10 grupos de estudo sobre alguns temas que necessitam de um especial aprofun­damento, tais como as questões ligadas à pobreza, a participação das mulheres na Igreja, a formação dos sacerdotes ou o ministério dos bispos. Esses assuntos, portanto, não foram aprofundados na assembleia sinodal nem no Documen­to Final, consequentemente.

“Não se trata de adiar indefinida­mente as decisões. É o que correspon­de ao estilo sinodal com que deve ser exercido também o ministério petrino: escutar, convocar, discernir, decidir e avaliar. E, nestes passos, são necessá­rias as pausas, os silêncios e a oração. É um estilo que estamos a aprender jun­tos, um pouco de cada vez. O Espírito Santo chama-nos e sustenta-nos nesta aprendizagem, que devemos compre­ender como um processo de conver­são”, salientou o Papa, em seu discurso, na conclusão da assembleia.

TRÍPLICE DOM

O Pontífice sublinhou, ainda, que o Documento Final representa “o fruto de anos, pelo menos três”, dedicados à escuta do povo de Deus e reflete o pro­pósito de uma Igreja mais sinodal. Em seguida, descreveu o documento como um “dom tríplice”.

Em primeiro lugar, é dom para ele próprio, Bispo de Roma, recordando sua missão de confirmar os irmãos na fé e apascentar as ovelhas confiadas por Cristo. É também um dom para o povo de Deus que deverá ser amplamente partilhado e que, embora nem todos possam lê-lo, caberá aos líderes locais tornar acessível o seu conteúdo nas igre­jas. Por fim, é um dom para a comuni­dade global, pois oferece um impulso para testemunhar que é possível “cami­nhar juntos na diversidade”.

Na missa conclusiva do Sínodo, o Papa Francisco fez referência à relí­quia do antigo trono de madeira que remonta aos primórdios do Cristianis­mo e simboliza o primado de São Pe­dro apóstolo. “Enquanto damos graças ao Senhor pelo caminho percorrido em conjunto, poderemos ver e venerar a relíquia da antiga Cátedra de São Pe­dro, cuidadosamente restaurada. Re­cordemos que esta é a Cátedra do amor, da unidade e da misericórdia, segundo o preceito que Jesus deu ao apóstolo Pedro de não exercer domínio sobre os outros, mas de os servir na caridade”, exortou.

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