Ao fim do Sínodo, Papa exorta Igreja a permanecer ‘em movimento’ e de olhos abertos para a realidade

Após três anos de consultas e duas assembleias gerais dos bispos em Roma, conclui-se no domingo, 27, o Sínodo sobre a sinodalidade. Na missa de encerramento, o Papa Francisco exortou a Igreja a permanecer sempre ativa, em movimento, e aberta à realidade do mundo.

Fotos: Vatican Media

Ele refletiu sobre a passagem do Evangelho segundo São Marcos em que Jesus encontra Bartimeu, o cego mendicante que lhe implora uma cura. O personagem de Bartimeu, disse o Papa, pode levar cada um de nós a uma reflexão sobre sua disponibilidade e missão na Igreja.

“Como sabemos, para viver de verdade não se pode permanecer sentado: viver é sempre estar em movimento, partir, sonhar, planejar, estar aberto ao futuro”, declarou o Papa. “O cego Bartimeu, portanto, também representa aquela cegueira interior que nos bloqueia, que nos faz permanecer sentados, que nos torna imóveis nas bordas da vida, sem mais esperança.”

Nesse sentido, o Pontífice encorajou os participantes do Sínodo, e toda a Igreja, a manter os olhos abertos para “reconhecer a presença do Senhor” no mundo de hoje, especialmente na pessoa dos mais pobres e necessitados, materialmente e espiritualmente. Diante dos desafios para a evangelização nos tempos atuais, “não podemos permanecer sentados” ou estáticos, disse o Papa.

“Uma Igreja sentada, que quase sem perceber se retira da vida e se limita às margens da realidade, é uma Igreja que corre o risco de permanecer na cegueira e se acomodar em seu próprio mal-estar”, alertou o Santo Padre à conclusão do Sínodo.

“E se continuarmos sentados em nossa cegueira, continuaremos a não enxergar nossas urgências pastorais e os muitos problemas do mundo em que vivemos. Por favor, peçamos ao Senhor que nos dê o Espírito Santo para que não fiquemos sentados em nossa cegueira, uma cegueira que pode ser chamada de mundanismo, que pode ser chamada de comodismo, que pode ser chamada de coração fechado.”, prosseguiu.

O grito dos que sofrem e são marginalizados pela sociedade é forte e deve ser ouvido, comentou ele, pois é aí que se sente a presença do Senhor. Diferentemente de todas as outras pessoas que passavam pela estrada, Cristo reconheceu Bartimeu, segundo o relato do Evangelho, parou para conversar com ele, o curou e caminhou com ele.

Da mesma forma, observou Francisco, a Igreja de hoje deve caminhar com os homens e mulheres dos nossos tempos, nos passos de Cristo. “Não uma Igreja muda, mas uma Igreja que ouve o clamor da humanidade. Não uma Igreja cega, mas uma Igreja iluminada por Cristo, levando a luz do Evangelho a outras pessoas. Não uma Igreja estática, mas uma Igreja missionária, que caminha com o Senhor pelas estradas do mundo”, disse ele.

*Filipe Domingues, diretamente da Cidade do Vaticano

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