Proveniente de 146 países, a juventude católica teve o primeiro grande encontro com Leão XIV, ao peregrinar a Roma neste ano jubilar. ‘Estudai, trabalhai e amai segundo o exemplo de Jesus’, recomendou o Pontífice

Entre 28 de julho e 3 de agosto, Roma tornou-se o centro de atenção da juventude global: mais de 1 milhão de jovens peregrinos, provenientes de 146 países, participaram do Jubileu dos Jovens.
Com uma programação cheia de atividades, entre celebrações penitenciais e diálogos com diversas realidades pastorais, culturais e sociais pela Cidade Eterna, a juventude teve o ponto alto de seu Jubileu nas celebrações em Tor Vergata, uma grande esplanada que reencontrou uma multidão de jovens, 25 anos depois do histórico evento com São João Paulo II, no Grande Jubileu do Ano 2000.
VIGÍLIA: ORAÇÃO E PARTILHA

A noite de sábado, 2, foi dedicada à realização da Vigília de Oração com o Papa Leão XIV: intercalado com cantos, orações e testemunhos, houve também um momento de partilha, no qual o Pontífice respondeu a perguntas de alguns jovens.
Ao questionamento sobre a amizade verdadeira e o papel da fé na construção de um futuro melhor, feito por uma jovem mexicana, o Papa Leão XIV respondeu sobre a necessidade de criar vínculos profundos com os outros e com Deus.
“Queridos jovens, as relações com outras pessoas são indispensáveis para cada um de nós, a começar pela razão de que todos os homens e mulheres do mundo nascem filhos de alguém. A nossa vida começa com um vínculo e é por meio de vínculos que crescemos.” E, citando Santo Agostinho, complementou: “Nenhuma amizade é fiel senão em Cristo. E só Nele pode ser feliz e eterna […] ama verdadeiramente o seu amigo aquele que no seu amigo ama a Deus”.
A segunda pergunta dirigida ao Pontífice, feita por uma jovem italiana, tocou o tema das decisões, das escolhas de vida que a preenchem de sentido. O Papa exortou os jovens a, com coragem divina, tomar decisões que possam definir quem realmente querem ser: “Quando escolhemos, em sentido forte, decidimos quem queremos ser. Na verdade, a escolha por excelência é a decisão sobre a nossa vida: que homem queres ser? Que mulher queres ser?”
Leão XIV respondeu ainda a uma pergunta sobre o encontro com Cristo em meio às incertezas e dificuldades do cotidiano. Ele exortou os jovens a viverem uma vida muito próxima do Senhor.
“Queridos jovens, Jesus é o amigo que sempre nos acompanha durante a formação da nossa consciência. Se quereis realmente encontrar o Senhor Ressuscitado, escutai a sua Palavra, que é o Evangelho da salvação. Refleti sobre o vosso modo de viver e procurai a justiça para construir um mundo mais humano. Servi os pobres e dai, assim, testemunho do bem que sempre gostamos de receber do nosso próximo. Adorai Cristo no Santíssimo Sacramento, fonte da vida eterna. Estudai, trabalhai e amai segundo o exemplo de Jesus, o bom Mestre que caminha sempre ao nosso lado.”
Leão XIV acrescentou a necessidade de estar na Igreja, para que essa união com Cristo possa dar frutos ao mundo: “Encontramos Cristo na Igreja, isto é, na comunhão daqueles que O buscam sinceramente. O próprio Senhor nos reúne para formar uma comunidade de fiéis que se apoiam mutuamente. Quanto precisao mundo de missionários do Evangelho que sejam testemunhas de justiça e paz! Quanto precisa o futuro de homens e mulheres que sejam testemunhas de esperança! Queridos jovens, esta é a tarefa que o Senhor Ressuscitado confia a cada um de nós!”, concluiu.
SANTA MISSA: A EXPERIÊNCIA DO RESSUSCITADO

No domingo, 3, os jovens voltaram a se encontrar com o Papa. “Espero que todos tenham descansado um pouco. Em breve, iniciaremos a maior celebração que Cristo nos deixou, a Sua própria presença na Eucaristia. Deus os abençoe. Que esta seja uma ocasião verdadeiramente memorável para todos e cada um de nós, quando juntos, como Igreja de Cristo, seguimos, caminhamos juntos e vivemos com Jesus Cristo”, disse o Papa, de modo espontâneo, antes do início da missa, que reuniu mais de 1 milhão de jovens.
Na homilia, o Pontífice comparou a celebração eucarística deste Jubileu com a passagem bíblica dos discípulos de Emaús: “Nesta experiência de encontro, podemos imaginar que estamos percorrendo o caminho feito pelos discípulos de Emaús na tarde do dia de Páscoa”. Ainda que a liturgia daquele domingo não falasse diretamente sobre este episódio – continuou o Pontífice –, este “nos ajuda a refletir sobre o que nele se narra: o encontro com o Cristo ressuscitado que muda a nossa existência e que ilumina os nossos afetos, desejos e pensamentos”.
Comentando as leituras da missa, o Papa afirmou a fragilidade da vida humana: “São duas advertências fortes, talvez um pouco chocantes, mas que não devem assustar-nos, como se fossem temas tabu a evitar. Na verdade, a fragilidade de que nos falam faz parte da maravilha que somos”.
“Pensemos no símbolo da erva: não é lindo um campo florido? Claro, é delicado, feito de caules finos, vulneráveis, sujeitos a secar, dobrar-se, partir-se, mas, ao mesmo tempo, imediatamente substituídos por outros que brotam depois deles e dos quais os primeiros se tornam generosamente alimento e adubo, ao desfazerem-se no solo. É assim que vive o campo, renovando-se continuamente e, mesmo durante os meses gelados do inverno, quando tudo parece silencioso, a sua energia vibra sob a terra e prepara-se para, na primavera, explodir em milhares de cores”.
E continuou lembrando que, justamente, “fomos feitos para isto. Não para uma vida em que tudo é óbvio e parado, mas para uma existência que se renova constantemente no dom, no amor. E, assim, aspiramos continuamente a um ‘algo mais’ que nenhuma realidade criada nos pode dar. Sentimos uma sede tão grande e ardente que nenhuma bebida deste mundo pode saciar.” Diante dessa sede – prosseguiu o Santo Padre – “não enganemos o nosso coração, tentando extingui-la com subterfúgios ineficazes! Antes, devemos ouvi-la!”
Leão XIV, ainda, fez uma síntese desses dias de encontro com Cristo e com os irmãos: “Nos últimos dias, vocês viveram muitas experiências bonitas. Encontraram-se com jovens da sua idade, vindos de várias partes do mundo, pertencentes a diferentes culturas. Trocaram conhecimentos, partilharam expectativas, dialogaram com a cidade por meio da arte, da música, da informática, do esporte. […] Aproximando-se do sacramento da Penitência, vocês receberam o perdão de Deus e pediram sua ajuda para uma vida boa.”
Segundo o Papa, em todas estas realidades se pode encontrar uma resposta importante: “A plenitude da nossa existência não depende do que acumulamos nem do que possuímos, como ouvimos no Evangelho. Está ligada ao que sabemos acolher e partilhar com alegria”.
Ao final da missa, retomando o tema do Ano Santo 2025, Leão XIV concluiu: “Queridos jovens, a nossa esperança é Jesus! Mantenhamo-nos unidos a Ele, permaneçamos sempre na sua amizade, cultivando-a com a oração, a adoração, a Comunhão eucarística, a Confissão frequente, a caridade generosa, como nos ensinaram os Beatos Piergiorgio Frassati e Carlo Acutis, que em breve serão proclamados Santos”.
“Aspirem à santidade! Não se contentem com menos. Então, vocês verão crescer todos os dias, em vocês e ao seu redor, a luz do Evangelho”, exortou.

“Saímos daqui, deste Jubileu dos Jovens, plenos de alegria e de esperança. O Papa disse, ‘jovens, sonhem, busquem coisas grandiosas’. Ele também disse, ‘busquem a santidade’. Assim, levamos desta grande celebração e de toda esta semana do Jubileu dos Jovens, essas palavras maravilhosas do Papa: buscar o melhor, buscar coisas grandes, buscar a santidade, tendo a coragem de repartir e de fazer o bem. Que Deus abençoe a juventude e que possamos, de verdade, levar esta esperança ao coração de tantos e tantas que precisam de uma palavra de apoio e de fé.”
(Dom Vilsom Basso, Bispo de Imperatriz, no Maranhão, e Presidente da Comissão Episcopal para a Juventude da CNBB)

“O Jubileu dos Jovens é um momento muito forte, de graça e de comunhão na Igreja que podemos viver, com pessoas do mundo inteiro, e, ao mesmo tempo, falando uma mesma língua, poderíamos dizer que é a língua do Evangelho, da Boa-Nova de Jesus Cristo. É uma grande graça poder estar aqui. Lembro a todos os jovens que em nossa Arquidiocese de São Paulo temos 12 igrejas jubilares, às quais nós podemos recorrer, receber indulgência plenária. O envio que o Papa nos faz é para viver a paz, basta que queiramos e desejemos isto: viver a paz a cada dia na nossa família, no nosso trabalho, nas nossas escolas.”
(Seminarista Victor Natali, 25, que realiza pastoral na Paróquia Cristo Rei, Região Lapa)

“Vou levar muitos aprendizados deste Jubileu para a vida paroquial, mas o principal é sempre seguir o exemplo dos santos e do Senhor Jesus. Passamos por vários locais em que alguns santos viveram, como São Francisco de Assis e Santa Rita de Cássia. Isso me incentiva a seguir seus exemplos de humildade e amor ao próximo.”
(Giovanna Brizoti, 18, da Paróquia Menino Deus, Região Belém)

“Estamos aqui com mais de 100 jovens da Paróquia Santa Bernadette, para o Jubileu dos Jovens, o encontro com o Papa Leão XIV. Uma alegria estar em Roma, ver esta cidade cheia de jovens, ver que a juventude da Igreja está viva, que Jesus Cristo está ressuscitado, que vale a pena ser católico, ser cristão, que vale a pena dar a vida por amor a Jesus Cristo.”
(Padre Túlio Felipe Paiva, da Paróquia Santa Bernadette, Região Belém)

“Nestes dias aqui em Roma, vivo esta alegria de ser um com a Igreja, de estar unido a Pedro. Isso nos fortalece na fé e nos alegra na caminhada. O que eu levo de aprendizado para as minhas ações paroquiais é esta alegria de ser Igreja. Em cada canto que vamos na cidade antiga, nós vemos a Igreja unida como um corpo, e a alegria dos jovens de estar em algo que é para toda a Igreja.”
(Elias Figueiredo Júnior, 28, da Paróquia Santa Rosa de Lima, Região Brasilândia)

O grande aprendizado deste Jubileu que levarei para a minha vivência paroquial é a de que em Cristo somos um, como nos ensina o Papa Leão XIV. Não importa qual diferença nós temos, seja de idioma, seja nacionalidade ou de idade. Se temos fé em Cristo, estamos todos juntos na barca de Pedro, buscando o mesmo objetivo: a santidade. Na paróquia, independentemente de qualquer diferença, em Cristo seremos um, sempre.
(Guilherme Barsi, 26, da Paróquia Cristo Rei, Região Belém)

“Após viver este Jubileu dos Jovens, o que eu posso levar para a minha paróquia, para a minha Região, é a esperança de que Cristo está ressuscitado e caminha conosco em cada momento, é levar essa alegria de ver tantos jovens do mundo inteiro. Aqui, a gente não consegue se comunicar na mesma língua, mas existe uma língua universal: Cristo. Que todos possam ter essa esperança, para seguir firme na caminhada, nas nossas missões, no dia a dia, mesmo com tantos desafios, para que possamos sempre mirar e ver Cristo ressuscitado no meio de nós. Eu volto para casa com o coração cheio de gratidão de que posso ajudar a construir e sempre renovar esta esperança de ir ao encontro do próximo.”
(Regina Bertolini Bezerra, 32, da Paróquia Santa Rosa de Lima, Região Brasilândia)
(Colaborou: Fernando Arthur)