
Agradecido pelos cuidados médicos e as orações, o Papa Francisco recebeu alta médica no domingo, 23, e retornou à Casa Santa Marta, no Vaticano. O Pontífice, de 88 anos, passou 38 dias internado no Hospital Policlínico Universitário Agostino Gemelli, em Roma, inicialmente por causa de uma bronquite, que depois se agravou para uma pneumonia nos dois pulmões.
Segundo os médicos, Francisco teve duas crises respiratórias muito graves e correu risco de morte, mas conseguiu se recuperar e, após duas semanas com um quadro de saúde estável, foi possível autorizar sua volta para a casa.
De acordo com os médicos do Vaticano, o quarto do Pontífice foi adaptado para que continue o tratamento. Ele precisa de, pelo menos, dois meses de repouso absoluto. A indicação é de que o Papa evite qualquer reunião com grupos de pessoas e com crianças ou seus familiares – já que são mais suscetíveis a pegar viroses ou infecções contagiosas, que neste estágio poderiam ser perigosas para o Santo Padre.
Ele poderá, entretanto, retomar alguns trabalhos, como a aprovação de mensagens, textos e nomeações. As atividades dos dicastérios da Cúria Romana, que em grande parte atuam com muita autonomia, continuam. Os encontros com chefes de Estado que visitam o Vaticano, por enquanto, estão suspensos e vêm sendo realizados somente pelo Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado. Além disso, a canonização do Beato Carlo Acutis, em 27 de abril, e as celebrações da Semana Santa estão mantidas, mas muito provavelmente serão presididas por um cardeal delegado pelo Pontífice.
APARIÇÃO PÚBLICA
“Neste longo período de hospitalização, pude experimentar a paciência do Senhor, que também vejo refletida nos cuidados incansáveis dos médicos e dos profissionais de saúde, bem como nas atenções e esperanças dos familiares dos doentes”, escreveu o Papa no texto divulgado para a oração do Angelus do dia 23. “Esta paciência confiante, ancorada no amor inabalável de Deus, é, de fato, necessária na nossa vida, sobretudo para enfrentar as situações mais difíceis e dolorosas.”
Pela primeira vez desde a sua internação, Francisco apareceu na sacada do hospital, sentado na cadeira de rodas. Dali, sorriu e cumprimentou centenas de fiéis que vieram saudá-lo e os abençoou. Convidado a pronunciar algumas palavras, ele disse: “Obrigado a todos”. Também elogiou uma senhora que lhe trazia flores amarelas diariamente. Naquele momento, ela estava na multidão e acenou para ele com um buquê.
Após deixar o hospital, pouco depois do meio-dia, o Papa foi levado de carro até a Basílica de Santa Maria Maior – a mesma que visita antes e depois de cada viagem internacional – e ali entregou um buquê de flores, para que fosse deixado aos pés de uma imagem de Maria. De lá, o Papa voltou para o Vaticano.
A oração do Terço na Praça São Pedro, que vinha sendo realizada todas as noites de forma excepcional, na presença de cardeais e outras pessoas que trabalham na Cúria Romana, teve seu último encontro naquele domingo.
O Cardeal Mauro Gambetti, responsável por organizar o evento, explicou que a oração pelo Papa continua, de maneira menos extraordinária, dentro da Basílica. A ideia é retomar ao máximo a vida como era antes da piora de saúde de Francisco. Fontes do Vaticano vêm dizendo aos jornalistas que, embora todos tenham a consciência de que a condição do Papa ainda é delicada, tê-lo de volta em seu lar dá maior tranquilidade e uma sensação de retomada da normalidade no dia a dia do Vaticano.
ORAÇÃO PELA PAZ

“Entristeceu-me o recomeço dos intensos bombardeamentos israelitas na Faixa de Gaza, com tantos mortos e feridos. Apelo a que se silencie imediatamente as armas; e que se tenha a coragem de retomar o diálogo, para que todos os reféns sejam libertados e se chegue a um cessar-fogo definitivo”, disse o Papa Francisco em sua mensagem no Angelus.
“Na Faixa de Gaza, a situação humanitária é novamente muito grave e exige um empenho urgente das partes beligerantes e da comunidade internacional”, acrescentou. Ele também mencionou a situação da Ucrânia, Palestina, Israel, Líbano, Mianmar, Sudão e República Democrática do Congo, países pelos quais tem rezado há meses, inclusive durante o período de internação.