Designado pelo Papa, Cardeal Gambetti preside a Missa da Ceia do Senhor na Basílica de São Pedro

Na missa da Ceia do Senhor da Quinta-feira Santa, o arcipreste da Basílica de São Pedro, cardeal Mauro Gambetti, sublinhou que “a verdadeira e definitiva Páscoa que Jesus celebra se realiza num contexto de provação”. “O mundo nos trai, isto é, nos entrega, nos vende para tirar algo de nós, como Judas faz com Jesus”, disse o purpurado em sua homilia.

Vatican Media

O arcipreste da Basílica de São Pedro, Cardeal Mauro Gambetti, celebrou a missa da Ceia do Senhor, com o tradicional rito do Lava-Pés, no Altar da Cátedra da Basílica Vaticana, nesta Quinta-feira Santa, 17.

Em sua homilia, destacou que “até a verdadeira e definitiva Páscoa que Jesus celebra se realiza num contexto de provação. Injustiça, perseguição, calúnia, enfermidade, violência, medo, solidão. Jesus deseja ardentemente alimentar a intimidade, a familiaridade do lar, a amizade do cenáculo, a fraternidade da assembleia eclesial. Ele quer comer com os seus e celebrar a Páscoa com eles”.

“O grupo é heterogéneo, um mosaico de humanidade. Impulsivos e apaixonados, reflexivos e profundos, ambiciosos e impetuosos, sinceros e humildes: juntos sentam-se à mesa com ele. Quase todos sedentos de glória; todos são frágeis, habilidosos em esconder suas fragilidades. Tocou-me profundamente esta determinação de Jesus em partilhar o pão e o vinho com todos aqueles que o Pai lhe confiou. É tão humano! Penso em quantas oportunidades perdi de ser tão humano diante das dificuldades da vida, ocupado a procurar soluções ou escapatórias”, disse o purpurado.

“Mesmo agora estamos passando por uma provação difícil. Dentre nós também está aquele Judas que pegou o que estava no cofre e que vai vender o Mestre para obter lucro, econômico e de poder. O mundo está levando embora o que temos em nosso ‘caixa’: valores, inteligência, consciência, amor humano. Estamos todos à venda, numa base de custo-benefício, para obter algum lucro, econômico e de poder.”

De acordo com o Cardeal Gambetti, “não há mais cuidado com as relações – sejam elas familiares, de amizade, profissionais ou institucionais – e não há compaixão pelos marginalizados, pelos migrantes, pelo meio ambiente”.

“O mundo nos trai, isto é, nos entrega, nos vende para tirar algo de nós, como Judas faz com Jesus; e assim como fazemos quando na religião ou por meio da religião buscamos alguma forma de glória, algum bem material ou algum poder: vendemos nossa fé. As guerras nada mais são do que o resultado do declínio, da concretização dos conflitos e do mal que há no mundo. Quantos são crucificados por tudo isso!”

Segundo o arcipreste da Basílica de São Pedro, “nossas famílias e nossas comunidades são muito semelhantes ao grupo de discípulos, especialmente na fragilidade, na baixa autoestima, na raiva, mas também na sede de liberdade, de justiça, de paz”.

“E ainda hoje Jesus ama. Ele não quer vencer, ser aplaudido ou enriquecer-se. A única coisa que interessa a ele é o amor. Este é o único sacerdócio. Lava os pés. Ele lava meus pés. Ele lava seus pés. Vive o dinamismo da proximidade, da reciprocidade, os verbos doar e receber, o poder de servir e a insuficiência do acolher. O coração de Jesus é um coração sacerdotal, que é um com a pobreza humana e um com a majestade divina, e que doa a sua vida por todas as ovelhas do rebanho.”

“Creio que este é o momento para a Igreja se abrir a um tempo novo, o tempo de revelar sua natureza de povo sacerdotal. E a novidade vem da Eucaristia, de nos tornarmos eucaristia, fazendo como Jesus fez e mostrando a humanidade divina que o batismo nos conferiu”, concluiu.

Fonte: Vatican News

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