A Igreja da América Latina deve “denunciar falsas soluções climáticas” e manter sua “posição profética” no que diz respeito à crise ambiental. Assim afirmou o Cardeal Jaime Spengler, Arcebispo de Porto Alegre, Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e do Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho (Celam), em uma conferência organizada pela Embaixada da Colômbia junto à Santa Sé, na sexta-feira, 13, na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.
Em aproximação à Conferência do Clima (COP 30), que ocorrerá em Belém (PA), em novembro, Dom Jaime apresentou o posicionamento da Igreja diante da questão climática.
“Está claro que as medidas atuais não estão à altura da tarefa e não correspondem à velocidade dos impactos climáticos. Mudanças estruturais são urgentemente necessárias”, declarou. “No Sul Global, a crise socioambiental agrava as desigualdades históricas, exigindo profundas mudanças locais e globais”, disse.
Após fazer muitas referências à encíclica Laudato si’, do Papa Francisco, Dom Jaime citou dados científicos sobre o aumento das temperaturas médias do planeta – algo que os cientistas climáticos descrevem como catastrófico para a manutenção do ambiente e dos ecossistemas da Terra.
“Embora isso pareça impossível com as evidências científicas que temos hoje, há algumas elites do poder econômico e político que negam sua existência”, criticou o Cardeal. “Além disso, elas influenciam os governos de países que são indispensáveis para um acordo internacional para combater as causas do aquecimento global”, complementou.
Não deve haver uma contradição entre desenvolvimento e preservação do meio ambiente, notou o Arcebispo de Porto Alegre, ao defender uma economia que respeite as comunidades locais. “É necessário avançar para uma transformação do modelo econômico e cultural, para passar de uma economia que mata, baseada na maximização – de forma ilimitada — dos lucros, para uma que maximize – também de forma ilimitada – a solidariedade, a justiça e o cuidado com a Criação”, comentou.
