Papa Francisco: libertar os prisioneiros de guerra, a tortura é desumana

No final da Audiência Geral, o Papa recordou as populações da Terra Santa e da Ucrânia assoladas por conflitos e fez um apelo em prol das vítimas de torturas que “ferem a dignidade da pessoa”.

Vatican Media

A tortura dos prisioneiros é “muito feia” e “desumana” disse o Papa Francisco no final da Audiência Geral, desta quarta-feira, 17, voltando seu olhar para a Terra Santa e para a “martirizada” Ucrânia em guerra, pedindo a libertação dos prisioneiros em conflitos e estigmatizando todas as formas de tortura que ferem a dignidade da pessoa.

Depois de uma catequese inteiramente centrada na temperança, virtude a ser “cultivada” a fim de “controlar as nossas palavras e as nossas ações para evitar conflitos inúteis e promover a paz em nossa sociedade”, conforme disse o Pontífice em sua saudação aos peregrinos franceses, o Papa Francisco ressaltou: “O nosso pensamento neste momento, de todos nós, está voltado para as populações em guerra”.

“Pensemos na Terra Santa, Palestina, Israel. Pensemos na Ucrânia, na martirizada Ucrânia. Pensemos nos prisioneiros de guerra: que o Senhor mova a vontade de libertar todos eles.”

 “Pensemos nos muitos torturados…”

Falando de prisioneiros, o Papa continuou: “Lembro-me daqueles que são torturados. A tortura de prisioneiros é uma coisa feia, é desumana”, disse o Bispo de Roma.

“Pensemos em muitas torturas que ferem a dignidade da pessoa e nos muitos torturados. Que o Senhor ajude e abençoe a todos.”

Provas e testemunhos

Tanto no caso da Ucrânia quanto no caso do conflito no Oriente Médio, há muitos casos de tortura de prisioneiros relatados na mídia ou por Anistia Internacional, que fala de evidências verdadeiras – fornecidas por testemunhos de detentos libertados ou por advogados de direitos humanos, bem como por vídeos e fotografias – de formas de tortura e maus-tratos, como espancamentos e humilhações brutais, ser obrigado a manter a cabeça baixa, ferimentos por facadas, ser obrigado a ficar de joelhos no chão e muito mais. Desde 1981, as Nações Unidas registraram pelo menos 50 mil vítimas de tortura por ano, em todas as partes do mundo. Esse é o número de pessoas ajudadas pelo Fundo Voluntário da ONU.

Na verdade, não só na Ucrânia e na Terra Santa, mas também em muitas outras partes do mundo, ainda hoje são utilizadas diversas “formas violentas de tortura”, mesmo as mais “sofisticadas”, como os “tratamentos degradantes, a privação dos sentidos ou detenções em massa em condições desumanas”. Por causa da chegada de novas tecnologias, o uso de práticas de tortura não cruéis, como a tortura psicológica, também parece ter aumentado.

A vídeo-mensagem do Papa de junho de 2023

Isso foi denunciado pelo Papa em sua habitual vídeo-mensagem de oração para o mês de junho de 2023, na qual, diante de imagens de prisioneiros acorrentados numa cadeira, encapuzados e com as mãos amarradas, ele perguntou ao mundo: “Como é possível que a capacidade de crueldade do homem seja tão grande?”

“A tortura. Meu Deus, a tortura! A tortura não é uma história de ontem. Infelizmente, ela faz parte da nossa história de hoje”, disse o Pontífice no vídeo, lançado para o Dia Internacional das Nações Unidas em Apoio às Vítimas de Tortura celebrado em 26 de junho, que marca a entrada em vigor, em 1987, da Convenção das Nações Unidas contra a tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes. Um acordo aprovado em 1984 e ratificado por 162 países, mas que, depois de 40 anos, ainda não foi totalmente implementado. “Vamos acabar com esse horror da tortura”, disse o Papa. “É imprescindível colocar a dignidade da pessoa acima de tudo. Caso contrário, as vítimas não são pessoas, são ‘coisas’, e podem ser abusadas além da medida, causando sua morte ou provocando danos psicológicos e físicos permanentes por toda a vida.”

Fonte: Vatican News

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