Francisco na Páscoa da Ressurreição do Senhor: ‘O amor venceu o ódio. A luz venceu as trevas’

Na Mensagem Urbi et Orbi, Pontífice lança um apelo aos responsáveis políticos para que não cedam à lógica do medo, ao uso das armas, mas que utilizem os recursos disponíveis para ajudar os necessitados, combater a fome e promover iniciativas que favoreçam o desenvolvimento

Fotos: Vatican Media

“Queridos irmãos e irmãs, feliz Páscoa!” Estas foram as breves palavras do Papa Francisco ao dirigir-se à multidão de fiéis reunidas na Praça São Pedro para a bênção “Urbi et orbi” (para a cidade de Roma e para o mundo), tradicionalmente dada pelo Pontífice na Páscoa da Ressurreição de Jesus.

A mensagem do Pontífice para esta ocasião foi lida pelo Monsenhor Diego Ravelli, mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, após a realização da missa da Páscoa, presidida pelo Cardeal Angelo Comastri, no domingo, 20, na basílica vaticana.

A FESTA DA VIDA

Do sepulcro vazio de Jerusalém, escreve o Pontífice, chega até nós um anúncio sem precedentes: “Jesus, o Crucificado, ‘não está aqui; ressuscitou!’ (Lc 24, 6). Não está no túmulo, está vivo! O amor venceu o ódio. A luz venceu as trevas. A verdade venceu a mentira. O perdão venceu a vingança. O mal não desapareceu da nossa história e permanecerá até ao fim, mas já não lhe pertence o domínio, não tem qualquer poder sobre quem acolhe a graça deste dia”, escreveu o Papa.

Com o anúncio da Ressurreição de Jesus, “encerra-se todo o sentido da nossa existência, que não foi feita para a morte, mas para a vida. A Páscoa é a festa da vida! Deus criou-nos para a vida e quer que a humanidade ressurja! Aos seus olhos, todas as vidas são preciosas! Tanto a da criança no ventre da mãe, como a do idoso ou a do doente, considerados como pessoas a descartar num número cada vez maior de países”, observou.

E este anúncio de esperança ressoa hoje ainda mais forte diante dos inúmeros conflitos que ocorrem em diferentes partes do mundo. “Quanta violência vemos com frequência também nas famílias, dirigida contra as mulheres ou as crianças! Quanto desprezo se sente por vezes em relação aos mais fracos, marginalizados e migrantes!”, escreve com pesar Francisco.

UM MUNDO DE PAZ E SEM ARMAMENTOS

“Neste dia, gostaria que voltássemos a ter esperança e confiança nos outros” e “a ter esperança de que a paz é possível!” Na sequência, o Santo Padre elencou os vários países e regiões em conflito, a partir da Terra Santa, onde este ano católicos e ortodoxos celebram a Páscoa juntos, manifestando preocupação com o crescente clima de antissemitismo e definindo como “dramática e ignóbil” a situação humanitária em Gaza.

O Papa estende seus votos de paz a todo o Oriente Médio, de modo especial ao Líbano, à Síria e ao Iêmen. Paz também para o Sul do Cáucaso e aos povos africanos vítimas de violências, especialmente a República Democrática do Congo, o Sudão, o Sudão do Sul, o Chifre da África e a Região dos Grandes Lagos. Na Ásia, o pensamento de Francisco vai a Mianmar, que além do conflito armado sofre com as consequências do terremoto.

“Não é possível haver paz sem um verdadeiro desarmamento! A necessidade que cada povo sente de garantir a sua própria defesa não pode transformar-se em uma corrida generalizada ao armamento”, acrescenta o Pontífice, que renova o pedido para que os recursos disponíveis sejam utilizados para ajudar os necessitados, combater a fome e promover iniciativas que favoreçam o desenvolvimento. “Estas são as ‘armas” da paz: aquelas que constroem o futuro, em vez de espalhar morte!”, diz ainda o Papa, apelando que não se ceda à lógica do medo.

“Que o princípio da humanidade nunca deixe de ser o eixo do nosso agir cotidiano. Perante a crueldade dos conflitos que atingem civis indefesos, atacam escolas e hospitais e agentes humanitários, não podemos esquecer que não são atingidos alvos, mas pessoas com alma e dignidade.”

Por fim, o Papa fez votos de que neste Ano Jubilar a Páscoa seja uma ocasião para libertar os prisioneiros de guerra e os presos políticos.

“Queridos irmãos e irmãs, na Páscoa do Senhor, a morte e a vida enfrentaram-se em um admirável combate, mas agora o Senhor vive para sempre. Feliz Páscoa para todos!”

Ao final, o Papa concedeu a bênção apostólica. Depois, circulou pelo papamóvel ao redor dos fiéis na Praça São Pedro, saudando a todos.

Fonte: Vatican News – versões em Português e Espanhol

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