“Se estamos aqui para o Jubileu, certamente não é para nos exibirmos ou glorificarmos, para medir nossa grandeza, nosso poder ou a difusão de nossas marcas pessoais; mas para fazer um exame de consciência pessoal e coletivo sobre a maneira com a qual, como Igreja, testemunhamos o Reino de Deus na era digital”, afirmou o prefeito do Dicastério para a Comunicação, Paolo Ruffini

Renovar o ambiente digital! Para o Secretário de Estado, Cardeal Pietro Parolin, este é o desafio dos missionários digitais e dos influenciadores católicos, que estão em Roma para o seu Jubileu.
O evento foi inaugurado na manhã desta segunda-feira, 28 de julho, no Auditório da Conciliação, na presença de milhares de peregrinos de todo o mundo.
“Falar de ‘missão digital’ não significa reduzir a evangelização a uma questão técnica ou comunicativa, mas reconhecer que o digital faz parte da maneira como mais e mais pessoas pensam, sentem, buscam e se relacionam. Para isso, mais do que estratégias, o que é necessário é uma presença repleta de humanidade, um testemunho da vida evangélica e uma disponibilidade para o diálogo, para ouvir e andar com os outros, inclusive na rede”, explicou o cardeal italiano.
Nesse sentido, o que está em jogo não é tanto a eficácia de um conteúdo que se torna viral, mas a capacidade da Igreja de testemunhar a proximidade de Deus em um ambiente que pode ser impessoal ou frenético, muitas vezes impregnado de ódio, de fake news, de falsidade.
“Assim, fazer missão digital significa assumir o ritmo, as feridas, as perguntas e as buscas daqueles que habitam esse espaço, sem ceder ao anonimato ou à superficialidade, às tentações do protagonismo, para redescobrir a beleza do ser de Cristo, do ser na Igreja, e assim trazer a esperança e a alegria do Cristo vivo, o mesmo hoje, ontem e sempre.”
Nunca transformar a comunidade em público

Já o prefeito do Dicastério para a Comunicação, Paolo Ruffini, propôs uma reflexão sobre a comunicação eclesial:
“A Igreja – se pensarmos bem – era uma rede antes mesmo da internet.E o que realmente nos une, no fundo, é muito mais do que a rede que construímos. Porque nos transcende. Não vem de nós, mas de Deus. E é por isso que nos torna parte de um único povo. Uma única fé, um único batismo, um único Deus Pai de todos. É isso que nos une a todos.”
Para Ruffini, este é o segredo da Igreja: uma rede de pessoas e não de algoritmos; muito menos de chatbots.
“Mas se estamos aqui para o Jubileu, certamente não é para nos exibirmos ou glorificarmos, para medir nossa grandeza, nosso poder ou a difusão de nossas marcas pessoais; mas para fazer um exame de consciência pessoal e coletivo sobre a maneira com a qual, como Igreja, testemunhamos o Reino de Deus na era digital.”
Para o prefeito do Dicastério para a Comunicação, há uma regra para não se perder: nunca se separar do povo, nunca se separar da comunidade.
“Nunca transformar a comunidade em público, e o público em mercadoria, acabando por nos tornarmos nós próprios mercadoria. Nossa fé não é individualista e muito menos consumista, mas comunitária. Estar aqui hoje é uma demonstração disso.”
Fonte: Vatican News