Na catequese desta quarta-feira, o Papa Leão recorda que a esperança cristã não é ausência de sofrimento nem fuga diante das dificuldades. “É saber que, mesmo na escuridão da provação, o amor de Deus nos sustenta.” Logo, não é preciso ter tudo sempre sob controle, mas escolher todos os dias amar com liberdade.

A Sala Paulo VI acolheu milhares de fiéis para a Audiência Geral desta quarta-feira, 27 de agosto. Quem não conseguiu entrar, foi acomodado do lado de fora do auditório e na Basílica Vaticana e também recebeu a saudação do Papa antes e depois do encontro semanal.
Em sua catequese, Leão XIV deu continuidade ao ciclo no âmbito deste Ano Santo, dedicado ao tema “Jesus Cristo nossa Esperança”. O tema, “Quem procurais?” (Jo 18,4) fala do início da Paixão de Jesus, em que é preso no Jardim das Oliveiras.
O evangelista João não apresenta um Jesus assustado, em fuga, mas um homem livre, que se deixa levar. Ao responder “Eu Sou”, o Mestre revela que a esperança cristã não é evasão, mas determinação.
“Esta atitude é o resultado de uma oração profunda em que não pedimos a Deus que nos poupe ao sofrimento, mas que tenhamos a força para perseverar no amor”, explicou o Pontífice. Aliás, Jesus viveu cada dia da sua vida como preparação para esta hora dramática e sublime. Sabe que perder a vida por amor não é um fracasso, mas possui uma misteriosa fecundidade. Como o grão de trigo que, caindo na terra, morre e se torna fecundo. É aí que reside a verdadeira esperança: não em tentar evitar a dor, mas em acreditar que, mesmo no coração do sofrimento mais injusto, reside a semente de uma nova vida. “
Isto serve de lição a nós, que, ao defendermos nossos projetos, nossas certezas, acabamos sozinhos.
O Evangelho de Marcos fala também de um jovem que, quando Jesus é preso, foge nu (Mc 14,51). No final do Evangelho, é precisamente um jovem quem anuncia a ressurreição às mulheres, já não nu, mas vestido com uma túnica branca.
Para o Santo Padre, se trata de uma imagem profundamente evocativa, pois também nós, ao tentarmos seguir Jesus, somos despojados das nossas certezas e tentados a abandonar o caminho do Evangelho, porque o amor parece uma viagem impossível.
“Queridos irmãos e irmãs, aprendamos também nós a entregar-nos à boa vontade do Pai, permitindo que a nossa vida seja uma resposta ao bem que recebemos. A vida não tem de ter tudo sob controlo. Basta escolher amar livremente todos os dias. Esta é a verdadeira esperança: saber que, mesmo na escuridão da provação, o amor de Deus nos sustenta e permite que o fruto da vida eterna amadureça em nós”, concluiu o Pontífice.
Respeito aos direitos civis e humanitáriosRespeito aos direitos civis e humanitários

Ao final da audiência geral desta quarta-feira, o Papa Leão XIV voltou a pedir paz na Terra Santa. Ele fez “um forte apelo tanto às partes envolvidas quanto à comunidade internacional, pelo fim do conflito, que causou tanto terror, destruição e morte”.
Ele também lembrou os numerosos reféns israelenses ainda mantidos em cativeiro por seus sequestradores e o sofrimento da população palestina, que não recebe ajuda humanitária suficiente.
“Imploro que todos os reféns sejam libertados, que um cessar-fogo permanente seja alcançado, que a entrada segura de ajuda humanitária seja facilitada e que o direito humanitário seja plenamente respeitado, em particular a obrigação de proteger os civis e as proibições de punições coletivas, o uso indiscriminado da força e o deslocamento forçado de populações.”
Em seguida, o Papa Leão XIV se uniu ao apelo pela paz publicado esta terça-feira pelos dois Patriarcas greco-ortodoxo e latino de Jerusalém.
“Uno-me à declaração conjunta dos Patriarcas greco-ortodoxo e latinos de Jerusalém que ontem pediram o fim desta espiral de violência, o fim da guerra e a prioridade para o bem comum das pessoas.”
Apelo dos Patriarcas de Jerusalém
Na declaração conjunta de ontem, os patriarcas pediram a mediação de paz por parte de outros países para interromper a “mobilização militar maciça” das Forças de Defesa de Israel (FDI) na Faixa de Gaza, para restituir os reféns israelenses sequestrados durante os ataques de 7 de outubro às suas famílias e para finalmente restaurar a paz na região. “Apelamos à comunidade internacional”, dizia a declaração, “para que aja para pôr fim a esta guerra insensata e destrutiva e para garantir que as pessoas desaparecidas e os reféns israelenses possam retornar às suas casas.”
A declaração também lembra como “o complexo greco-ortodoxo de São Porfírio e o complexo latino da Sagrada Família” têm sido “um refúgio para centenas de civis”, incluindo “idosos, mulheres e crianças” e “pessoas com deficiência”. Aqueles que encontraram abrigo nas duas igrejas já estão padecendo com o sofrimento de quase onze meses de conflito. “Muitos estão debilitados e desnutridos”, argumentam os Patriarcados. Portanto, para eles, “tentar fugir para o sul equivaleria a uma sentença de morte”.
Oração à Rainha da Paz
Ao final de seu apelo, o Pontífice exortou todos a implorarem “Maria, Rainha da Paz, fonte de consolação e esperança”, para que “sua intercessão alcance a reconciliação e a paz” naquela terra tão querida a todos.”
Na audiência da semana passada, o Papa nos convidou a rezar à Virgem na sexta-feira, 22 de agosto, dia em que a Igreja celebra a memória litúrgica de Maria, Rainha da Paz.
Fonte: Vatican News