Na Praça São Pedro, Pontífice canonizou Inácio Maloyan, Pedro To Rot, Vincenza Maria Poloni, Maria Carmen Rendiles Martínez, Maria Troncatti, José Gregório Hernández Cisneros e Bartolo Longo, que ‘se tornaram lâmpadas capazes de difundir a luz de Cristo’

O Papa Leão XIV presidiu a missa de canonização de sete beatos, na Praça São Pedro, no domingo, 19, Dia Mundial das Missões, diante de 70 mil fiéis.
Os novos santos são Inácio Maloyan, Pedro To Rot, Vincenza Maria Poloni, Maria Carmen Rendiles Martínez, Maria Troncatti, José Gregório Hernández Cisneros e Bartolo Longo.
Na homilia, com as palavras de Jesus extraídas do Evangelho de Lucas da liturgia deste domingo, o Papa indagou: “Quando o Filho do Homem voltar, encontrará a fé sobre a terra?”. E prosseguiu: “Esta pergunta nos revela o que é mais precioso aos olhos do Senhor: a fé, ou seja, o vínculo de amor entre Deus e o ser humano”.
“Hoje, temos precisamente diante de nós sete testemunhas, os novos santos e as novas santas, que mantiveram acesa, com a graça de Deus, a lâmpada da fé, ou melhor, eles mesmos se tornaram lâmpadas capazes de difundir a luz de Cristo.”
“Em relação aos grandes bens materiais e culturais, científicos e artísticos, a fé sobressai não porque estes se devam desprezar, mas porque sem fé perdem sentido”, disse ainda o Papa, sublinhando que “a relação com Deus é da maior importância porque Ele, no início dos tempos, criou todas as coisas do nada e, no tempo, salva do nada tudo o que simplesmente acaba. Uma terra sem fé seria povoada por filhos que vivem sem Pai, ou seja, por criaturas sem salvação”.
A ORAÇÃO AUTÊNTICA VIVE DA FÉ
“Caríssimos, é precisamente por isso que Cristo fala aos seus discípulos ‘sobre a obrigação de orar sempre, sem desfalecer’: tal como não nos cansamos de respirar, também não nos cansemos de orar! Do mesmo modo que a respiração sustenta a vida do corpo, a oração sustenta a vida da alma: a fé, com efeito, expressa-se na oração e a oração autêntica vive da fé”, disse.
“Jesus nos mostra essa ligação com uma parábola: um juiz mantém-se surdo perante os pedidos insistentes de uma viúva, cuja persistência, por fim, o leva a agir. Tal tenacidade, à primeira vista, torna-se para nós um bonito exemplo de esperança, especialmente nos momentos de provação e tribulação. Porém, a perseverança da mulher e o comportamento do juiz, que age contra vontade, preparam uma provocante pergunta de Jesus: Deus, Pai bom, ‘não fará justiça aos seus eleitos, que a Ele clamam dia e noite?’”, disse ainda Leão XIV.
TENTAÇÕES QUE PÕEM À PROVA A NOSSA FÉ
O Papa convidou a deixar que “estas palavras ressoem em nossa consciência: o Senhor nos pergunta se acreditamos que Deus é um juiz justo para com todos. O Filho nos pergunta se acreditamos que o Pai quer sempre o nosso bem e a salvação de todas as pessoas”.
“A este propósito, duas tentações põem à prova a nossa fé: a primeira ganha força a partir do escândalo do mal, levando-nos a pensar que Deus não ouve o clamor dos oprimidos nem tem piedade do sofrimento dos inocentes. A segunda tentação é a pretensão de que Deus deve agir como nós desejamos: a oração cede então lugar a uma ordem dirigida a Deus, para lhe ensinar o modo de ser justo e eficaz”.
QUEM NÃO ACOLHE A PAZ COMO UM DOM, NÃO SABERÁ DAR A PAZ

“Jesus, testemunha perfeita da confiança filial, nos liberta de ambas as tentações. Ele é o inocente que, sobretudo durante a sua Paixão, reza assim: ‘Pai, faça-se a tua vontade’. São as mesmas palavras que o Mestre nos entrega na oração do Pai-Nosso. A oração da Igreja nos lembra que Deus, ao dar a sua vida por todos, faz justiça a todos. A cruz de Cristo revela a justiça de Deus e a justiça de Deus é o perdão: Ele vê o mal e redime-o, tomando-o sobre si”, disse o Papa.
“Quando somos crucificados pela dor e pela violência, pelo ódio e pela guerra, Cristo já está ali, na cruz por nós e conosco. Não há choro que Deus não console, nem lágrima que esteja longe do seu coração. O Senhor escuta-nos, abraça-nos como somos, para nos transformar como Ele é. Quem, pelo contrário, recusa a misericórdia de Deus, permanece incapaz de misericórdia para com o próximo. Quem não acolhe a paz como um dom, não saberá dar a paz.”, prosseguiu o Pontífice.
Mártires pela sua fé

“As perguntas de Jesus são um vigoroso convite à esperança e à ação: quando o Filho do homem vier, encontrará fé na providência de Deus? Na verdade, é esta fé que sustenta o nosso compromisso com a justiça, precisamente porque acreditamos que Deus salva o mundo por amor, libertando-nos do fatalismo. Perguntemo-nos, então: quando ouvimos o apelo de quem está em dificuldade, somos testemunhas do amor do Pai, como Cristo o foi para com todos? Ele é o humilde que chama os prepotentes à conversão, o justo que nos torna justos, como atestam os novos santos de hoje: não são heróis, nem paladinos de um ideal qualquer, mas homens e mulheres autênticos”, destacou.
“Estes fiéis amigos de Cristo são mártires pela sua fé, como o Bispo Inácio Choukrallah Maloyan e o catequista Pedro To Rot; são evangelizadores e missionários, como a Irmã Maria Troncatti; são fundadoras carismáticas, como a Irmã Vincenza Maria Poloni e a Irmã Carmen Rendiles Martinez; são benfeitores da humanidade, com coração ardente de devoção, como Bartolo Longo e como José Gregório Hernández Cisneros”, sublinhou.
“Que a sua intercessão nos assista nas provações e o seu exemplo nos inspire na comum vocação à santidade. Enquanto peregrinamos rumo a esta meta, rezemos sem nos cansarmos, firmes naquilo que aprendemos e acreditamos resolutamente. A fé sobre a terra sustenta assim a esperança do céu”, concluiu o Papa.
Fonte: Vatican News