Na manhã do sábado, 13, o Papa Leão XIV recebeu os participantes do Simpósio da Pontifícia Academia de Teologia por ocasião do encerramento do Encontro internacional sobre o tema “Criação, Natureza, Ambiente para um mundo de Paz”.

Após recordar que a sustentabilidade ambiental e a custódia da criação são compromissos inegociáveis para a sobrevivência do gênero humano, o Papa Leão afirmou que “qualquer esforço para melhorar as condições ambientais e sociais do nosso mundo requer o compromisso de todos”.
Tendo como bússola a Carta Apostólica Ad theologiam promovendam que apresenta os novos estatutos da Pontifícia Academia de Teologia, o Santo Padre disse que iria se deter, em particular, no impulso missionário e dialogal da futura ação teológica.
“A teologia certamente é uma dimensão constitutiva da ação missionária e evangelizadora da Igreja: ela tem suas raízes no Evangelho e seu fim último na comunhão com Deus, que é o propósito do anúncio cristão”, disse. E continuando no contexto afirmou ainda que por ser “justamente por ser dirigida a cada pessoa em todos os tempos, a obra de evangelização é constantemente interpelada pelos contextos culturais e exige uma teologia ‘em saída’, que una o rigor científico à paixão pela história”.
Ele explicou que “a síntese entre esses diferentes aspectos pode ser oferecida por uma teologia sapiencial, à moda daquela elaborada pelos grandes Padres e Mestres da antiguidade que, dóceis ao Espírito, souberam conjugar fé e razão, reflexão, oração e prática”.
TEOLOGIA, FRUTO DA EXPERIÊNCIA
Papa Leão XIV deu exemplos: “Significativo, nesse sentido, é o exemplo sempre atual de Santo Agostinho, cuja teologia nunca foi uma busca puramente abstrata, mas sempre fruto da experiência de Deus e da relação vital com Ele”.
“São Tomás de Aquino a sistematizou com os instrumentos da razão aristotélica, construindo uma sólida ponte entre a fé cristã e a ciência de todos, entendendo a teologia como uma sapida scientia, ou seja, sabedoria”, disse, também recordando o Beato Antonio Rosmini que considerava a teologia “uma expressão sublime de caridade intelectual, enquanto pedia que a razão crítica de todos os saberes se orientasse para a Ideia de Sabedoria”.
Em seguida o Papa afirmou: “A teologia é, portanto, essa sabedoria que abre horizontes existenciais maiores, dialogando com as ciências, a filosofia, a arte e a totalidade da experiência humana. O teólogo ou a teóloga é uma pessoa que vive, em seu próprio ato de fazer teologia, a ansiedade missionária de comunicar a todos o ‘saber’ e o ‘sabor’ da fé, para que ela possa iluminar a existência, resgatar os fracos e os excluídos, tocar e curar a carne sofredora dos pobres, nos ajudar a construir um mundo fraterno e solidário e nos conduzir ao encontro com Deus”.
VISÃO ANTROPOLÓGICA QUE FUNDAMENTE A AÇÃO ÉTICA

Após recordar que a Doutrina Social da Igreja é um testemunho significativo do saber da fé a serviço do ser humano, em todas as suas dimensões, o Papa afirmou: “A teologia é diretamente interpelada por isso, pois não basta uma abordagem exclusivamente ética ao complexo mundo da inteligência artificial; é necessário, ao invés disso, referir-se a uma visão antropológica que fundamente a ação ética e, portanto, retornar à pergunta de sempre: quem é o ser humano, qual é a sua dignidade infinita, que é irredutível a qualquer androide digital?”.
Concluindo seu discurso o Papa convidou todos “a cultivar uma teologia baseada no encontro pessoal e transformador com Cristo e que se esforce para encarnar-se nos eventos concretos da humanidade de hoje”. Encorajando todos ao diálogo multidisciplinar para se enriquecerem e enriquecer, levando o bom fermento do Evangelho às diferentes culturas, no encontro com crentes de outras religiões e com os não crentes.
“Para que esse diálogo ad extra aconteça é preciso do diálogo ad intra, ou seja, entre os teólogos, cientes de que o rosto de Deus só pode ser buscado caminhando juntos. Por isso, espero que a Academia se torne um lugar de encontro e de amizade entre os teólogos, um lugar de comunhão e partilha no qual seja possível caminhar juntos em direção a Cristo”, concluiu.
Fonte: Vatican News