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Leão XIV destaca que o verdadeiro tesouro da vida é o amor compartilhado

No Angelus, Pontífice falou sobre as obras de misericórdia, rezou à Virgem Maria para que ajude que todos sejam ‘sentinelas da misericórdia e da paz’ e rezou de modo especial pelas vítimas de conflitos em todo o planeta

Fotos: Vatican Media

“Vendei vossos bens e dai esmola”: a recomendação de Jesus sobre “como investir o tesouro da nossa vida”, narrada no Evangelho segundo Lucas da liturgia do domingo, 10, inspirou a reflexão do Papa Leão XIV, antes de rezar o Angelus com os milhares de peregrinos reunidos na Praça São Pedro.

O Papa explicou que com esse convite Jesus a todos exorta “a não guardar para nós os dons que Deus nos deu, mas a usá-los generosamente para o bem dos outros, especialmente daqueles que mais precisam da nossa ajuda”.

“Trata-se não apenas compartilhar os bens materiais que possuímos, mas também colocar em jogo as nossas capacidades, o nosso tempo, o nosso afeto, a nossa presença, a nossa empatia. Em suma, tudo o que faz de cada um de nós, nos desígnios de Deus, um bem único e inestimável, um capital vivo e pulsante que, para crescer, precisa ser cultivado e investido; caso contrário, seca e perde valor. Ou acaba perdido, à mercê daqueles que, como ladrões, se apropriam dele para simplesmente transformá-lo em objeto de consumo”.

O AMOR TORNA-NOS SEMELHANTES A DEUS

Ele ressaltou também que “o dom de Deus que somos não é feito para se exaurir dessa maneira”, mas “tem necessidade de espaço, de liberdade, de relação para se realizar e se expressar, tem necessidade de amor, o único que transforma e enobrece todos os aspectos da nossa existência, tornando-nos cada vez mais semelhantes a Deus”. E não é por acaso, observou o Papa, que “Jesus pronuncia essas palavras a caminho de Jerusalém, onde se oferecerá na Cruz pela nossa salvação”.

“As obras de misericórdia são o banco mais seguro e rentável para confiar o tesouro da nossa existência, porque ali, como nos ensina o Evangelho, com ‘duas pequenas moedas’, até uma viúva pobre se torna a pessoa mais rica do mundo.”

E para ilustrar, citou Santo Agostinho, que a esse propósito diz: “O que é dado será transformado, porque quem dá será transformado”.

NÃO PERDER NENHUMA OPORTUNIDADE DE AMAR

Para tornar mais claro o significado disso, o Santo Padre propõe como exemplo “uma mãe abraçando seus filhos: não é a pessoa mais bela e mais rica do mundo? Ou dois namorados, quando estão juntos: eles não se sentem como um rei e uma rainha?”.

“Em nossas famílias, em nossas paróquias, na escola e em nossos locais de trabalho, onde quer que estejamos, procuremos não perder nenhuma oportunidade de amar. Esta é a vigilância que Jesus nos pede: habituar-nos a estar atentos, prontos e sensíveis uns aos outros, como Ele é conosco em cada momento.”

“Confiemos a Maria este desejo e este compromisso: que Ela, a Estrela da Manhã, nos ajude a ser, em um mundo marcado por tantas divisões, ‘sentinelas’ da misericórdia e da paz, como nos ensinou São João Paulo II e como nos mostraram de forma tão bela os jovens que vieram a Roma para o Jubileu”, recordou.

DESEJO UNIVERSAL DE PAZ

“Continuar a rezar para que se ponha um fim às guerras”, foi um dos apelos do Papa após rezar o Angelus. Ele mencionou inicialmente os 80 anos das explosões atômicas em Hiroshima e Nagasaki, afirmando que este despertou em todo o mundo a “a necessária rejeição da guerra como caminho para a resolução dos conflitos”.

“O 80º aniversário dos bombardeios de Hiroshima e Nagasaki reacendeu em todo o mundo a necessária rejeição da guerra como meio de resolução de conflitos. Que aqueles que tomam as decisões tenham sempre presente sua responsabilidade pelas consequências de suas escolhas sobre as populações. Não devem ignorar as necessidades dos mais vulneráveis e o desejo universal de paz”.

Na Audiência Geral da quarta-feira,6 6,Leão XIV já havia recordado  o 80º aniversário dos bombardeios atômicos, lembrando ser “acontecimentos trágicos” que “servem como um alerta universal contra a devastação causada pelas guerras, e em particular pelas armas nucleares”.

“Espero que, no mundo atual, marcado por fortes tensões e conflitos sangrentos, a ilusória segurança baseada na ameaça da destruição recíproca dê lugar aos instrumentos da justiça, à prática do diálogo e à confiança na fraternidade”.

Por fim, o Santo Padre saudou um acontecimento acontecimentos que contribui para a paz: “Congratulo-me com a Armênia e o Azerbaijão pela assinatura da Declaração Conjunta de Paz. Faço votos que este evento possa contribuir para uma paz estável e duradoura no Cáucaso do Sul”.

Na sexta-feira, 8, o presidente azerbaijano Ilham Aliyev e o primeiro-ministro armênio Nikol Pashinyan assinaram um acordo de paz na Casa Branca, na presença do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A relação conflituosa entre os dois países do Cáucaso Meridional perdura desde 1988, desencadeando duas guerras, uma na década de 1990 e outra em 2020, e levando à fuga de mais de 100 mil armênios do Azerbaijão em 2023, após o ataque militar azerbaijano à região separatista de Nagorno-Karabakh. 

Fonte: Vatican News

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