
Seguir a Cristo é estar dispostos a transformar o mundo, mas não por meio da violência de ações e palavras, e sim pelo “fogo” que vem de Jesus. Isso corresponde a uma “decisão de não viver mais para nós mesmos, mas de levá-Lo ao mundo”, disse o Papa Leão XIV na missa do domingo, 17.
Ele pregou sobre a passagem do Evangelho segundo São Lucas (12,51) em que o Senhor afirma: “Pensam que vim trazer paz à terra? Não, eu vos digo, mas sim divisão.” A celebração foi no Santuário de “Maria della Rotonda” – referência ao formato redondo da Igreja”, em Albano, nos arredores de Roma.
O Papa foi passar mais uma semana de repouso na residência pontifícia de verão de Castel Gandolfo, onde almoçou com os pobres no “Borgo Laudato Si’”. A missa e a refeição incluíram agentes da Cáritas diocesana.
Renovar o mundo

O mesmo Mestre que ofereceu a paz aos seus discípulos também afirmou que levaria “fogo” ao mundo – Cristo antecipava o momento de sua Paixão, quando seria preso, torturado e crucificado.
Entretanto, não se trata do “fogo das armas, nem mesmo o das palavras que incineram os outros”, mas “o fogo do amor, que se rebaixa e serve, que opõe à indiferença o cuidado e à arrogância a mansidão; o fogo da bondade, que não custa como as armas, mas renova gratuitamente o mundo”, disse o Papa.
Com frequência, confundimos a paz de Cristo com “a paz com o conforto, o bem com a tranquilidade”, ensinou ele. Aceitar a Cristo, porém, requer coragem. Isso “pode custar incompreensão, escárnio, até perseguição, mas não há paz maior do que ter dentro de si a sua chama”, acrescentou Leão XIV.
Agradecendo o trabalho pastoral daqueles que promovem a caridade da Igreja junto aos mais necessitados, o Papa afirmou que não há diferenças entre quem assiste os pobres e quem recebe ajuda. “Somos a Igreja do Senhor, uma Igreja dos pobres, todos preciosos, todos sujeitos, cada um portador de uma Palavra singular de Deus. Cada um é um dom para os outros. Derrubemos os muros”, observou o Pontífice, na homilia.
“Somente juntos, somente tornando-nos um único Corpo no qual até mesmo o mais frágil participa com plena dignidade, somos o Corpo de Cristo, a Igreja de Deus”, completou. “Isso acontece quando o fogo que Jesus veio trazer queima os preconceitos, as prudências e os medos que ainda marginalizam aqueles que carregam a pobreza de Cristo em sua história. Não deixemos o Senhor fora de nossas igrejas, de nossas casas e de nossa vida.”
Antes de abençoar os alimentos, no almoço com os pobres, o Papa falou sobre a beleza da Criação Divina. “A criatura mais bela é aquela criada à semelhança, à imagem de Deus, que somos todos nós. E cada um de nós representa, nesse sentido, essa imagem de Deus, e é importante lembrarmos sempre que encontramos essa presença de Deus em cada um de nós. E, portanto, estar aqui reunidos esta tarde, neste almoço, é viver junto com Deus, nesta comunhão, nesta fraternidade”, declarou ele.