
Sucessor do apóstolo Pedro, o novo Bispo de Roma passou grande parte do domingo, 25, celebrando com seu povo. A data foi marcada por uma sequência de eventos na cidade cujo principal homenageado foi o Papa Leão XIV, que, eleito para a Santa Sé em 8 de maio, tornou-se o 267° homem na liderança da Diocese-mãe de toda a Igreja Católica.
Após a oração do Regina Caeli, no Vaticano, ao meio-dia, ele participou de uma breve homenagem do prefeito de Roma, Roberto Gualtieri, no Capitólio, colina sobre a qual a cidade foi fundada e que hoje acolhe os prédios públicos da Cidade Eterna. Em seguida, partiu para a Basílica de São João de Latrão e, por fim, passou pela Basílica de Santa Maria Maior, a primeira no Ocidente a ser dedicada a Maria, mãe de Deus.
MENSAGEM AOS ROMANOS
Entre os ritos do início de pontificado, após a entrega das insígnias papais – anel do pescador e pálio, sinais de seu pastoreio e governo de toda a Igreja, o que ocorreu no dia 18 –, está prevista a tomada de posse da Catedral de Roma, a Basílica de São João de Latrão. Nesse momento, resume-se de forma clara duas dimensões essenciais do ministério petrino: a universal, como líder e pastor de toda a Igreja; e a local, como bispo de um território específico, a Diocese de Roma.
“Expresso todo o meu afeto, com o desejo de compartilhar com vocês, em nossa jornada comum, alegrias e tristezas, trabalhos e esperanças. Também eu lhes ofereço o pouco que tenho e o que sou, e o confio à intercessão dos Santos Pedro e Paulo e de tantos outros irmãos e irmãs, cuja santidade iluminou a história desta Igreja e as ruas desta cidade. Que a Virgem Maria nos acompanhe e interceda por nós”, afirmou o novo Pontífice em sua homilia.
Aos romanos, ele disse palavras claras: “Posso assegurar-lhes que amo vocês, que só desejo entrar em seu serviço e colocar à disposição de todos minha pobre força, o pouco que tenho e sou.” Ele recordou que a Igreja em Roma, sustentada por duas sólidas colunas, os apóstolos Pedro e Paulo, tem a missão de, ao passo que faz seu próprio caminho, ser capaz de “pensar ‘grande’, dedicando-se sem reservas a projetos corajosos, e colocando-se em jogo também diante de cenários novos e exigentes”.

Ao fim da missa, o Papa Leão XVI saiu à principal sacada da Basílica e saudou os fiéis que esperavam fora da Catedral. De forma improvisada, afirmou: “Viver nossa fé, especialmente durante este Ano Jubilar, buscando esperança, mas tentando ser nossa própria testemunha que oferece esperança ao mundo. Um mundo que sofre tanto, tanta dor, com guerras, violência e pobreza! Mas o Senhor pede a nós, cristãos, que sejamos sempre esse testemunho vivo. Que vivamos nossa fé, que sintamos em nosso coração que Jesus Cristo está presente e que saibamos que Ele sempre nos acompanha em nossa jornada.”
Mais cedo, no encontro com o prefeito de Roma, o Papa disse que se vê diante de uma “apaixonante responsabilidade de servir todos os membros” da sua nova Diocese. “Logo após a eleição, lembrei aos irmãos e irmãs reunidos na Praça São Pedro que estou com eles como cristão e por eles como bispo: de uma maneira especial, hoje posso dizer que por vocês e com vocês sou romano”, declarou.
VISITAS À CASA DA MÃE E AO TÚMULO DE SÃO PAULO
Deixando a Catedral de Roma, o Papa partiu de papamóvel rumo à Basílica de Santa Maria Maior, uma distância de aproximadamente 2km. Ali, ele rezou junto à imagem de Maria, visitou pela terceira vez o túmulo do Papa Francisco, que está naquela igreja, e se apresentou na sacada às pessoas que o aguardavam do lado de fora dizendo: “Agradeço a todos os que trabalham nesta Basílica, aos dois Cardeais que me acompanham nesta noite e às muitas pessoas que se dedicam a nos ajudar a viver nossa vida de oração, de devoção e que, acima de tudo, nos ajudam a nos aproximar da Mãe de Jesus, da Mãe de Deus, Maria Santíssima.” E rezou uma Ave-Maria antes de abençoar seu povo.
No dia 20, ele já fizera outro gesto de devoção: a visita ao túmulo de São Paulo, localizado em outra basílica importante de Roma, dedicada ao apóstolo evangelizador, na qual dedicou um momento de oração. Ali, leu-se um trecho da Carta de São Paulo aos Romanos (Rm 1,5) que, nas palavras do Papa Leão XIV, baseou-se sobre três princípios fundamentais, isto é, a graça, a fé e a justiça.

“São Paulo diz, antes de tudo, que teve a graça do chamado de Deus. Ou seja, ele reconhece que seu encontro com Cristo e seu ministério estão ligados ao amor com que Deus o precedeu, chamando-o para uma nova existência enquanto ele ainda estava longe do Evangelho e perseguindo a Igreja”, refletiu o Papa. “A salvação não vem por mágica, mas por um mistério de graça e fé, do amor preveniente de Deus e da adesão confiante e livre do ser humano”, completou.
Ele remeteu a palavras de um de seus predecessores, o Papa Bento XVI, que afirmou em 2011 aos jovens na Jornada Mundial de Madri: “Queridos amigos, Deus nos ama. Essa é a grande verdade de nossa vida e dá sentido a tudo o mais […]. Na origem de nossa existência está um projeto do amor de Deus.” Nesse sentido, Leão XIV manifestou disposição de cuidar da Igreja com o mesmo “zelo apostólico de Paulo”.

COMPROMISSOS
Nestas primeiras semanas de pontificado, a agenda do Papa Leão XIV já está bastante cheia. Ele tem retomado encontros e audiências que já estavam na agenda do Papa Francisco e, além disso, tem recebido individualmente os prefeitos e responsáveis pelos dicastérios da Cúria Romana, o governo central da Igreja sediado no Vaticano. Também tem acolhido chefes de Estado e de governo que já estavam com viagem marcada.
No Regina Caeli de domingo, 25, oração típica do Tempo Pascal, ele mencionou os dez anos da publicação da encíclica Laudato si’ (Louvado sejas), do Papa Francisco, dedicada ao tema do “cuidado da Casa Comum”, o planeta Terra e o meio ambiente. “A encíclica teve uma difusão extraordinária, inspirando inúmeras iniciativas e ensinando todos a ouvir o duplo clamor da Terra e dos pobres. Saúdo e encorajo o movimento Laudato si’ e todos aqueles que buscam esse compromisso”, afirmou o Papa Leão XIV.