Leão XIV pede a jornalistas que as palavras sejam ‘desarmadas e desarmantes’

“Desarmemos as palavras e contri­buiremos para desarmar a Terra”, dis­se o Papa Leão XIV em seu primeiro encontro com representantes da mídia internacional. Na segunda-feira, 12, ele agradeceu aos jornalistas e profissionais da imprensa presentes em Roma – mais de 6 mil – para cobrir os fatos desde a Se­mana Santa, a morte do Papa Francisco e o Conclave que elegeu o novo Pontífice em 8 de maio.

O mundo da comunicação vive uma “Torre de Babel”, comparou Leão XIV. Muitas vezes, há “confusão de lingua­gens sem amor, frequentemente ideoló­gicas ou falaciosas”. Para enfrentar isso, é preciso ir além da mera transmissão de informações, disse ele, e criar “uma cultura de ambientes humanos e digitais que se tornem espaços de diálogo e tro­ca”. Uma comunicação “desarmada e de­sarmante”, “purificada de qualquer tipo de agressividade”, declarou o Pontífice recém-eleito.

“A paz começa com cada um de nós: a maneira como olhamos para os outros, ouvimos os outros, fala­mos sobre os outros; e, nesse sentido, a maneira como nos comunicamos é de suma importância: devemos dizer ‘não’ à guerra de palavras e imagens, devemos rejeitar o paradigma da guer­ra”, insistiu.

RECONHECIMENTO AO TRABALHO JORNALÍSTICO

Leão XIV foi acolhido pelos jorna­listas com um longo aplauso na Sala Paulo VI, onde o encontro foi realizado. Em tom de brincadeira, e em língua in­glesa, a sua nativa, disse: “Obrigado por essa maravilhosa recepção. Dizem que, quando te aplaudem no começo, não é tão importante. Se vocês ainda estive­rem acordados no final e ainda quiserem aplaudir… muito obrigado!”

O maior aplauso, entretanto, foi di­recionado à homenagem do Papa aos jornalistas perseguidos por sua profissão. “Permitam-me reiterar hoje a solidarieda­de da Igreja com os jornalistas presos por tentarem dizer a verdade e, com essas pa­lavras, também pedir a libertação desses jornalistas presos!”, afirmou, com vigor.

“A Igreja reconhece nessas testemu­nhas – penso naquelas que narram a guerra mesmo com o custo da própria vida – a coragem de quem defende a dig­nidade, a justiça e o direito dos povos de serem informados, porque somente os povos informados podem fazer escolhas livres”, refletiu. “O sofrimento desses jor­nalistas presos desafia a consciência das nações e da comunidade internacional, convocando todos nós a proteger o bem precioso da liberdade de expressão e de imprensa”, concluiu.

Repórter do O SÃO PAULO cumprimenta o novo Papa

O jornalista Filipe Domingues, credenciado junto à Santa Sé pelo O SÃO PAULO, foi um dos sortea­dos para cumprimentar pessoalmen­te o Papa Leão XIV. Dois jornalistas de língua portuguesa tiveram essa oportunidade, representando os ou­tros colegas: além dele, a vaticanista Aura Miguel, da Rádio Renascença.

Domingues teve a chance de trocar algumas palavras com o Pontífice, que conheceu há um ano, em 15 de maio de 2024, quando o então Cardeal Robert Francis Prevost presidiu a missa e jan­tou com membros da comunidade do “The Lay Centre”, da qual Domingues é diretor. A fundação é uma residência universitária e centro de formação para homens e mulheres leigos em Roma.

Eles voltaram a se encontrar em novembro de 2024, quando o Carde­al presidiu a Eucaristia celebrada com um grupo de benfeitores de atividades católicas dos Estados Unidos, durante uma peregrinação organizada pelo Lay Centre. No rápido encontro, Domin­gues afirmou que a organização se co­loca à disposição para auxiliá-lo em sua missão. O Papa Leão XIV agradeceu as palavras de apoio.