Logo do Jornal O São Paulo Logo do Jornal O São Paulo

Leão XIV recomenda que nas férias haja mais escuta ao Pai e a partilha da alegria do encontro

Mais de 1,5 mil fiéis participaram da missa presidida pelo Papa em Albano, próxima a Castel Gandolfo

Fotos: Vatican Media

A comunidade de Albano, de pouco mais de 35 mil habitantes e a cerca de dois quilômetros de Castel Candolfo onde o Papa termina no domingo, 20, o seu primeiro período de repouso, era entusiasta com a presença do nobre hóspede. Para chegar à Catedral de São Pancrácio Mártir, Leão XIV fez um percurso a pé em meio a fiéis, peregrinos e turistas reunidos na Piazza Pia, parou para cumprimentar alguns deles, inclusive doentes e idosos, com banda musical do município ‘Cesare Durante’ fazendo a trilha sonora de fundo.

Após saudar autoridades civis e eclesiásticas no sagrado da catedral, o Pontífice recebeu alguns presentes, entre eles, um cesto com produtos típicos locais e um prato de prata com o brasão da diocese, preparado para aquela que seria a sua tomada de posse como cardeal-bispo de Albano.

De fato, o Papa Francisco havia nomeado o então Cardeal Prevost em 6 de fevereiro deste ano como cardeal-bispo desta diocese. A posse do título, prevista para 12 de maio, solenidade do padroeiro Pancrácio, acabou não acontecendo devido a sua eleição como Papa quatro dias antes, em 8 de maio. O prato de prata, agora, trouxe o brasão papal do Pontífice e a dedicatória da diocese. 

“Estou muito feliz por estar aqui hoje para celebrar a Eucaristia dominical nesta bela catedral. Como sabem, eu deveria chegar em 12 de maio, mas o Espírito Santo decidiu de outra forma. Mas estou realmente feliz e, com esta fraternidade, esta alegria cristã, saúdo todos vocês aqui presentes.”

HOSPITALIDADE, SERVIÇO E ESCUTA

A missa foi concelebrada por 80 sacerdotes que atuam no território, com a participação de 400 fiéis dentro da catedral e mais de mil deles na Piazza Pia que acompanharam por meio de telões. O canto de entrada da celebração foi composto exclusivamente para o Papa Leão XIV pelo maestro Grimoaldo Macchia.

Na homilia, o Pontífice refletiu sobretudo sobre o Evangelho do dia (Lc 10,38-42) que retrata quando Jesus “conheceu o serviço atencioso de Marta e o silêncio adorador de Maria”, mas além do serviço e da escuta, Leão XIV também abordou sobre a hospitalidade, quando Deus escolheu o caminho da hospitalidade quando visitou Abraão, a mulher Sara e os servos para lhes anunciar o dom da fecundidade, que o casal tanto desejava, recebendo “a promessa de uma vida nova e de uma descendência”.

Embora em circunstâncias diferentes, continuou o Papa, o Evangelho fala do mesmo modo de agir de Deus, quando Jesus se apresenta como hóspede na casa das irmãs Marta e Maria. A primeira o acolhe “com mil atenções, enquanto a outra o escuta sentada a seus pés, com a atitude típica do discípulo perante o mestre” e com a qual Jesus convida a imitar, apreciando o valor da escuta.

O Papa Leão XIV alertou que “seria errado ver estas duas atitudes como contrapostas entre si, bem como fazer comparações em termos de méritos entre as duas mulheres. Com efeito, o serviço e a escuta são duas dimensões gêmeas do acolhimento”: é importante viver a fé com fidelidade aos deveres, mas também a partir da meditação da Palavra de Deus, através de momentos de silêncio e oração, por exemplo, “que hoje temos particular necessidade de recuperar”.

RECOMENDAÇÕES PARA AS FÉRIAS

O Pontífice também aconselhou que nas férias, como aquelas de verão na Europa, os fiéis deem lugar à escuta do Pai no tempo livre.

“Saindo do turbilhão dos compromissos e das preocupações, vamos aproveitá-los para saborear alguns momentos de sossego e recolhimento, bem como para, indo a algum lado, partilhar a alegria de nos vermos – como acontece comigo, hoje e aqui. Façamos disto uma oportunidade para cuidarmos uns dos outros, para trocarmos experiências e ideias, para nos compreendermos mutuamente e darmos bons conselhos: isto faz-nos sentir amados, e todos precisamos disso. Vamos fazer isso com coragem.”

Leão XIV comentou, no entanto, que sabe que “tudo isso implica fadiga”. Lembrou do Papa Francisco quando, antes que a pandemia começasse, falou sobre sabermos associar tanto “estar aos pés de Jesus” como atentos ao serviço. Duas atitudes que vieram a ensinar muito durante “aquela longa e dura experiência, que ainda hoje recordamos”.

“O serviço e a escuta não são sempre fáceis: exigem empenho e capacidade de renúncia. Por exemplo, na escuta e no serviço, a fidelidade e o amor com que um pai e uma mãe orientam a sua família implicam fadiga, o mesmo acontece com o empenho dos filhos, em casa e na escola, para corresponderem aos seus esforços; é exigente nós nos compreendermos, uns aos outros quando temos opiniões diferentes, nos perdoarmos quando se erra, nos assistirmos quando se está doente, nos apoiarmos quando se está triste.”

Com estes esforços, continuou o Papa, se constrói algo de bom na vida e nascem e crescem relações autênticas e fortes entre as pessoas.

Citando Santo Agostinho, ao refletir sobre o episódio de Marta e Maria, Leão XIV enalteceu o trabalho da mulher do serviço, que sempre deve ser desempenhado “de forma irrepreensível e com caridade”, porque o cansaço de cuidar dos outros passará e o repouso chegará.

“Abraão, Marta e Maria nos recordam hoje precisamente isto: que a escuta e o serviço são duas atitudes complementares para, na vida, nos abrirmos à presença abençoada do Senhor. O seu exemplo nos convida a conciliar com sabedoria e equilíbrio, ao longo de cada dia, contemplação e ação, repouso e fadiga, silêncio e trabalho, tendo sempre como medida a caridade de Jesus, como luz a sua Palavra e como manancial de força a sua graça, que nos sustenta para além das nossas próprias capacidades.”, finalizou.

Fonte: Vatican News

Deixe um comentário