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Leão XVI lembra aos consagrados que podem ‘espalhar pelo mundo o oxigênio de amar’

No Jubileu da Vida Consagrada, o Papa adverte para uma vida feita de momentos fugazes, de relações superficiais e intermitentes, de modas passageiras: “coisas que deixam um vazio no coração “. Para ser verdadeiramente feliz, afirmou Leão XIV, o ser humano precisa de experiências de amor consistentes, duradouras e sólidas. E os consagrados “podem espalhar pelo mundo o oxigênio desta forma de amar”.

Vatican Media

Milhares de consagrados se reuniram na Praça São Pedro para viver seu Jubileu com o Papa Leão XIV. Religiosos e religiosas, monges e contemplativas, membros de institutos seculares e do Ordo virginum, eremitas e membros de novos institutos de várias partes do mundo participaram da missa celebrada na manhã desta quinta-feira, 9 de outubro.

Viver os votos é abandonar-se nos braços do Pai

Em sua homilia, o Pontífice se inspirou nas palavras contidas no Evangelho de Lucas: “Pedi e ser-vos-á dado; procurai e achareis; batei e abrir-se-vos-á” (Lc 11, 9). Com estas palavras, Jesus convida a nos dirigir com confiança ao Pai, sejam quais forem as nossas necessidades, “porque viver os votos é abandonar-se como crianças nos braços do Pai”.

Pedir, procurar e bater, comentou o Papa, são verbos familiares aos consagrados, habituados a pedir sem exigir, praticando os conselhos evangélicos. Com efeito, “Pedir” é reconhecer, na pobreza, que tudo é dom do Senhor e de tudo se deve dar graças; “procurar” é abrir-se, na obediência, à descoberta quotidiana da via a seguir no caminho da santidade, segundo os desígnios de Deus; “bater” é pedir e oferecer aos irmãos, com coração casto, os dons recebidos, esforçando-se por amar a todos com respeito e gratuidade.

Pedir, procurar e bater, acrescentou, significam também olhar para trás, para a própria existência, trazendo à mente e ao coração o que o Senhor realizou, ao longo dos anos, para multiplicar os talentos, para aumentar e purificar a fé, para tornar mais generosa e livre a caridade.

Os consagrados devem espalhar o “oxigênio” do amor

Papa Leão refletiu então sobre Deus como plenitude e sentido da vida consagrada: para eles, o Senhor é tudo. “Sem Ele nada existe, nada tem sentido, nada tem valor.” Deste modo, a Igreja confia aos consagrados a tarefa de ser, com o despojamento de tudo, testemunhas vivas da primazia de Deus na própria existência, ajudando do melhor modo possível também os irmãos e irmãs a cultivar esta mesma amizade.

Todavia, observou o Papa comentando a primeira leitura, como no tempo do profeta Malaquias há quem diga: “De que vale servir a Deus?” (Ml 3, 14).

“É um modo de pensar que conduz a uma autêntica paralisia da alma, contentando-se com uma vida feita de momentos fugazes, de relações superficiais e intermitentes, de modas passageiras: tudo coisas que deixam no coração um vazio. Para ser verdadeiramente feliz, o ser humano não precisa disso, mas de experiências de amor consistentes, duradouras, sólidas, e vocês, com o exemplo da própria vida consagrada, podem espalhar pelo mundo o oxigênio desta forma de amar.”

Por fim, o Santo Padre se deteve na dimensão escatológica da vida cristã. Enquanto estão empenhados no mundo, devem estar ao mesmo tempo constantemente orientados para a eternidade. É um convite a alargar o “pedir, o procurar e o bater” da oração e da vida ao horizonte eterno, que transcende as realidades deste mundo, orientando-as para o domingo que não tem ocaso. Trata-se da missão confiada aos consagrados pelo Concílio Vaticano II de ser testemunhas dos “bens futuros”.

Papa Leão concluiu citando São Paulo VI: “Conservem a simplicidade dos ‘mais pequeninos’ do Evangelho. Esforcem-se por encontrá-la numa relação interior e o mais cordial possível com Cristo, ou nos contatos diretos com os seus irmãos. Conhecerão então ‘o alvoroço da alegria, pela ação do Espírito Santo’”.

Fonte: Vatican News

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