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Leiga paulista Maria de Lourdes Guarda está entre os novos veneráveis reconhecidos pela Igreja

Considerada como ‘Apóstola das pessoas com deficiência no Brasil’, ela teve as virtudes heroicas confirmadas pelo Papa Leão XIV

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Durante a audiência na sexta-feira, 21, com o Cardeal Marcello Semeraro, Prefeito do Dicastério para as Causas dos Santos, o Papa Leão XIV autorizou a promulgação dos decretos que confirmam as virtudes heroicas da leiga brasileira Maria de Lourdes Guarda (1926-1996), que viveu quase cinquenta anos imobilizada e transformou a própria dor em fonte de evangelização e apoio às pessoas com deficiência.

Na mesma ocasião, foram aprovados os decretos relativos ao martírio, em ódio à fé, de dois sacerdotes italianos mortos pelas tropas nazistas em 1944: O Padre Ubaldo Marchioni e o Padre Martino Capelli, que em breve serão proclamados beatos.

Também tiveram reconhecidas suas virtudes heroicas: Dom Enrico Bartoletti, Dom Gaspare Goggi e a religiosa australiana Maria do Sagrado Coração.

BIOGRAFIA E APOSTOLADO

Nascida em 1926 na cidade de Salto (SP), de família de origem italiana, Maria de Lourdes Guarda enfrentou desde a juventude uma séria lesão na coluna que, aos 21 anos, a deixou paralisada da cintura para baixo, confinada a um rígido colete de gesso e, mais tarde, imobilizada de forma permanente.

Aos 30 anos de idade, a moça já tinha uma das pernas amputadas e a outra atrofiada. Vivia a maior parte do tempo em um quarto do antigo Hospital Matarazzo, e foi dali, e com seu jeito de ser, que ela ensinou ao mundo que não existem limites quando o coração é cheio de amor e a mente repleta de desejos de bem.

Ela se consagrou como leiga no Instituto Secular Caritas Christi, no qual professou seus votos em 1970, e transformou sua enfermidade em missão apostólica, auxiliada por intensa vida de oração e profunda devoção eucarística.

No contato com as Irmãs Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus, amadureceu uma espiritualidade de oferecimento e consolação. Seu quarto de hospital converteu-se em ponto de referência para encontros, partilhas e orientações espirituais.

Por dez anos, coordenou nacionalmente a Fraternidade Cristã das Pessoas com Deficiência (FCD), empenhando-se pela inclusão social e reconhecimento dos direitos das pessoas com deficiência, bem como pela formação de agentes pastorais.

Mesmo em sua maca, e com a ajuda de outras pessoas, ela percorreu o Brasil para falar sobre sua experiência com Deus. Seu exemplo e testemunho eram capazes de tocar e transformar a vida das pessoas que a conheciam.

Faleceu em 5 de maio de 1996, vítima de um câncer na bexiga, com fama de santidade já difundida e fortalecida após sua morte.

A história de Maria de Lourdes está contada no livro “Um quarto com vista para o mundo”, publicado pela GG Guarda editora e distribuidora, em uma edição que contém sua biografia ilustrada com fotos dos diversos momentos de sua vida.

(Com informações do Vatican News e de reportagem do O SÃO PAULO de agosto de 2019)

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