Nos 60 anos do Concílio Vaticano II, Francisco pede unidade na Igreja

Vatican Media

Na data que tem como memória litúrgica São João XXIII, Pontífice que convocou o Concílio Vaticano II há 60 anos, o Papa Francisco disse que é necessário “reavivar” o amor pela Igreja de Cristo e lembrar que Ele está no centro de tudo – e não nós mesmos e as nossas ideias. O aniversário do Concílio que promoveu um “aggiornamento” (atualização) na vida e prática pastoral da Igreja foi celebrado no dia 11, na Basílica de São Pedro. 

A Igreja do Concílio Vaticano II é “apaixonada por Cristo, por todas as pessoas por Ele amadas”, disse o Papa Francisco. Ela é “rica de Jesus e pobre de meios, é livre, libertadora”. Não é fechada nas “próprias comodidades e convicções”, ela “imita o estilo de Deus”. Em outras palavras, a Igreja “existe para amar”, declarou. 

A Igreja tem um “olhar do alto”, pois olha o mundo de cima, com “o olhar de Deus, que é apaixonado por nós”. O Papa refletiu sobre a passagem do Evangelho segundo São João (21,15), em que Jesus questiona o apóstolo Pedro: “Tu me amas?”. Diante desse chamado, o Pontífice declarou que cada pessoa deve ouvir a voz do Senhor dizendo “Segue-me”. 

TODOS SÃO IGREJA 

É preciso colocar Cristo ao centro. “Há sempre a tentação de partir do eu em vez de Deus, de colocar as nossas agendas antes do Evangelho”, insistiu o Santo Padre, “de deixar-nos transportar pelo vento da mundanidade para seguir as modas do tempo ou rejeitar o tempo que a Providência nos dá para nos voltarmos para trás”. Alertando para o risco de descolamento da ação dos membros da Igreja em relação ao seu corpo, que é Cristo, ele pediu cuidado. “Nem o progressismo, que segue o mundo, nem o tradicionalismo – o ‘retrogradismo’ – que lamenta um mundo passado são provas de amor, mas de infidelidade”, afirmou Francisco, dizendo que não é possível antepor os próprios gostos e planos ao amor que agrada a Deus, ou seja, “o amor simples, humilde e fiel”. Nas palavras do Papa Francisco, é necessário “voltar ao Concílio para sair de nós mesmos e superar a tentação da autorreferencialidade, que é um modo de ser mundano”. É preciso ser a Igreja do Bom Pastor, disse, em que não há pessoas “de esquerda” ou “de direita”, mas Jesus, “filhos de Deus, todos irmãos na Igreja, todos Igreja, todos”.

O Concílio Ecumênico Vaticano II foi convocado pelo Papa João XXIII e começou em 11 de outubro de 1962. Terminou em 8 de dezembro de 1965, já no pontificado do Papa Paulo VI. Ambos os pontífices são considerados Santos pela Igreja. Durante o Concílio, os “padres conciliares” refletiram sobre temas que desafiavam a humanidade e a Igreja da época e, após profundas reflexões de caráter teológico e pastoral, propuseram uma série de documentos que orientam a ação da Igreja ainda hoje. 

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