Diante das “alarmantes as notícias que têm chegado do Médio Oriente, sobretudo do Irã”, bem como do “cenário dramático, que compreende Israel e a Palestina” e do “sofrimento diário da população, especialmente em Gaza e em outros territórios, onde a urgência de um adequado apoio humanitário é cada vez mais premente”, o Papa Leão XIV fez um veemente pedido por paz na oração do Angelus, no domingo, 22.

“Hoje, mais do que nunca, a humanidade grita e implora paz. É um grito que reclama responsabilidade e sensatez, e que não deve ser abafado pelo fragor das armas e pelas palavras retóricas que incitam ao conflito. Cada membro da comunidade internacional tem uma responsabilidade moral: travar a tragédia da guerra antes que ela se transforme num abismo irreparável. Quando está em causa a dignidade humana, não há conflitos ‘distantes’. A guerra não resolve os problemas, antes amplifica-os e produz na história dos povos feridas profundas, que para sarar levam gerações. Nenhuma vitória armada poderá compensar a dor das mães nem o medo das crianças nem o futuro roubado”, insistiu o Pontífice.
Leão XIV também fez votos para que “a diplomacia faça silenciar as armas! E que as Nações desenhem o seu futuro não com violência e conflitos sangrentos, mas com obras de paz!”.
ESCALADA DE TENSÕES
Em 13 de junho, Israel lançou um poderoso ataque contra o Irã. Tel Aviv atacou a infraestrutura nuclear iraniana, decapitou seus líderes militares, matou cientistas de alto escalão e destruiu radares e bases de mísseis, utilizando aviões de guerra e drones contrabandeados para o país anteriormente. O Irã respondeu com vários ataques de mísseis contra Israel. O bombardeio entre os dois lados é contínuo.
E na madrugada do domingo, 22 de junho, os Estados Unidos atacaram três instalações nucleares iranianas, entrando assim ‘oficialmente’ em guerra contra o Irã, uma vez que os norte-americanos são aliados de Israel.
SER PORTADORES DE COMUNHÃO E DE PAZ

Neste domingo, 22, no Vaticano e em muitos países, celebra-se a Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, Corpus Christi, que no Brasil ocorreu na quinta-feira, 19. No Angelus, Leão XIV destacou que na Eucaristia, “o Senhor acolhe, santifica e abençoa o pão e o vinho que colocamos sobre o Altar, juntamente com a oferta da nossa vida, e transforma-os no Corpo e Sangue de Cristo, Sacrifício de amor para a salvação do mundo”.
A liturgia desta Solenidade apresenta o Evangelho de Lucas que narra o milagre dos pães e dos peixes. “Para alimentar milhares de pessoas vindas para o ouvir e pedir curas, Jesus convida os Apóstolos a apresentarem-lhe o pouco que têm, abençoa os pães e os peixes e ordena que os distribuam a todos”. E “o resultado é surpreendente: não só cada um recebe comida em quantidade suficiente, como sobra em abundância”
“O milagre, mais que um prodígio, é um ‘sinal’ e recorda-nos que os dons de Deus, mesmo aqueles pequeninos, quanto mais partilhados são, mais crescem”, enfatizou.
O Papa chamou a atenção para o fato, de que “ao lermos tudo isto no dia de Corpus Christi, refletimos sobre uma realidade ainda mais profunda” e que, “com efeito, sabemos que na raiz de toda a partilha humana há uma outra maior e anterior a ela: a de Deus para conosco. Ele, o Criador, que nos deu a vida, para nos salvar pediu a uma das suas criaturas para ser sua mãe e dar-lhe um corpo frágil, limitado, mortal, como o nosso, confiando-se a ela como uma criança. Ele partilhou assim, profundamente, a nossa pobreza e para nos resgatar, escolheu servir-se do muito pouco que lhe podíamos oferecer”.
Leão XIV recordou o quanto é bom, quando oferecemos um presente – porventura pequeno, proporcional às nossas possibilidades – ver que ele é apreciado por quem o recebe; “como ficamos felizes quando sentimos que, apesar da sua simplicidade, aquele presente nos une ainda mais àqueles que amamos”:
“Pois bem, na Eucaristia, entre nós e Deus, acontece exatamente isto: o Senhor acolhe, santifica e abençoa o pão e o vinho que colocamos sobre o Altar, juntamente com a oferta da nossa vida, e transforma-os no Corpo e Sangue de Cristo, Sacrifício de amor para a salvação do mundo. Deus une-se a nós acolhendo com alegria o que levamos e convida a unirmo-nos a Ele, recebendo e partilhando com igual alegria o seu dom de amor. Desta forma – diz Santo Agostinho – como dos ‘grãos de trigo, unidos entre si, […] se forma um só pão, assim, na concórdia da caridade, se forma um único corpo de Cristo’”, prosseguiu.
Na tarde do domingo, 22, haverá a celebração da Santa Missa, seguida pela Procissão Eucarística, “levando o Santíssimo Sacramento pelas ruas da nossa cidade [de Roma]. Cantaremos, rezaremos e, por fim, reunir-nos-emos diante da Basílica de Santa Maria Maior para implorar a Bênção do Senhor sobre as nossas casas, sobre as nossas famílias e sobre toda a humanidade”. Por fim, ele desejou “que esta Celebração seja um sinal luminoso do nosso compromisso de sermos todos os dias, a partir do Altar e do Sacrário, portadores de comunhão e de paz uns para os outros, na partilha e na caridade”.
Fonte: Vatican News