Jornal O São Paulo Jornal O São Paulo

O apelo do Papa aos responsáveis das nações: ‘Escutem o grito dos pobres’

Vatican Media

“Exorto os chefes de Estado e respon­sáveis das nações a escutar o grito dos pobres”, disse o Papa Leão XIV em sua pregação do domingo, 16, Jornada Mun­dial dos Pobres. Na ocasião, ele presidiu a missa na Basílica de São Pedro, que, como já se via nos anos do pontificado do Papa Francisco, ficou repleta de pes­soas em situação de rua, pobreza e mar­ginalidade social.

Milhares de fiéis acompanharam a missa da Praça, fora da Igreja, e, em se­guida, muitos foram convidados para um almoço com o Santo Padre. Com ele, comeram 1,3 mil pessoas (foto).

Nas palavras do Papa Leão XIV, “não poderá existir paz sem justiça e os pobres nos recordam disso de tantas formas, com a sua migração, como também com o seu grito, tantas vezes sufocado pelo mito do bem-estar e do progresso que não os têm em consideração, e, em vez disso, esquece muitas criaturas, deixan­do-as ao próprio destino”.

Ele elogiou e agradeceu o trabalho dos operadores de caridade e todos os que trabalham para aliviar a difícil con­dição das pessoas em situação de pobre­za. “A questão dos pobres nos reconduz ao essencial da nossa fé, que para nós eles são a mesma carne de Cristo, e não só uma categoria sociológica”, acrescentou.

“Não devemos viver uma vida volta­da para nós mesmos e em um intimismo religioso que se traduz na falta de empe­nho em relação aos outros e à história”, disse, fazendo o alerta para que o Cris­tianismo seja vivido sempre de forma encarnada, observando a dignidade de cada pessoa. Trata-se de um valor intrín­seco ao Evangelho – como ele mesmo já havia afirmado na exortação apostólica Dilexi te.

DEUS JAMAIS ABANDONA

No mundo de hoje, as diferentes po­brezas “materiais”, as mais visíveis e mais comuns, se somam às pobrezas “morais e espirituais”, que atingem especialmente as pessoas mais jovens. “E o drama que de modo transversal lhes atravessa to­das as pobrezas é a solidão.” O Pontífice disse que é necessário desenvolver uma “cultura da atenção” e do cuidado, que supere “o muro da solidão”, de modo que sejamos atentos uns aos outros, inclusive nas comunidades e no mundo digital.

Em uma mensagem de esperança àqueles que participavam da celebração, muitos em situação de fragilidade e ins­tabilidade social, o Papa manifestou so­lidariedade e lhes recordou de que Deus não os abandona jamais.

“Nas perseguições, nos sofrimentos, nos cansaços e nas opressões da vida e da sociedade, Deus nãos nos deixa so­zinhos”, afirmou o Pontífice. “Ele se ma­nifesta como aquele que toma parte por nós. Toda a Escritura é atravessada por esse fio que narra um Deus sempre do lado dos menores, do órfão, do estran­geiro e da viúva”, assegurou.

O Pontífice lembrou o compromisso da Igreja em ser “mãe dos pobres, lugar de acolhimento e justiça”. Durante a ora­ção do Angelus, ele denunciou “os confli­tos que atormentam milhões de pessoas” e as “perseguições” sofridas pelos cris­tãos. “Não podemos nos acostumar com a guerra e a destruição”, reiterou, pedin­do orações pela paz.

Deixe um comentário