Advertiu Leão XIV na missa por ocasião do Jubileu da Espiritualidade Mariana

O Papa Leão XIV presidiu à Santa Missa por ocasião do Jubileu da Espiritualidade Mariana, na manhã do domingo, 12, com a participação de reitores e responsáveis de santuários, membros de movimentos, confrarias e grupos marianos de oração.
Na Praça São Pedro, o Santo Padre se deteve diante da imagem original de Nossa Senhora de Fátima, que excepcionalmente deixou o santuário mariano português para estar presente também no Terço pela paz conduzido pelo Pontífice na tarde de 11 de outubro.
A ESPIRITUALIDADE MARIANA TEM JESUS COMO CENTRO
A homilia do Pontífice foi inspirada numa frase do apóstolo Paulo a Timóteo: “Tem sempre bem presente Jesus Cristo, ressuscitado de entre os mortos e nascido da linhagem de David” (2 Tm 2, 8). “A espiritualidade mariana, que alimenta a nossa fé, tem Jesus como centro”, explicou o Papa.
“’Tem sempre bem presente Jesus Cristo’: só isso importa e faz a diferença entre as espiritualidades humanas e o caminho de Deus.”
É preciso que o domingo nos faça cristãos, recomendou o Santo Padre. Ou seja, que encha o nosso sentir e o nosso pensar com a memória incandescente de Jesus, modificando a nossa convivência, a nossa habitação na terra. Toda a espiritualidade cristã se desenvolve a partir deste fogo e contribui para torná-lo mais vivo. Quanto menos títulos se possa ostentar, mais claro aparece que o amor é gratuito. “Deus é puro dom, somente graça, mas quantas vozes e convicções podem separar-nos ainda hoje desta verdade nua e disruptiva!”, observou.
“Irmãos e irmãs, a espiritualidade mariana está a serviço do Evangelho, revelando a sua simplicidade. O afeto por Maria de Nazaré torna-nos, com Ela, discípulos de Jesus, educa-nos a voltar para Ele, a meditar e a relacionar os acontecimentos da vida nos quais o Ressuscitado ainda nos visita e chama. (…) Ela compromete-nos a saciar os famintos, a exaltar os humildes, a recordar a misericórdia de Deus e a confiar no poder do seu braço.”
CUIDADO COM A INSTRUMENTALIZAÇÃO DA FÉ
Com efeito, prosseguiu o Papa, os leprosos que no Evangelho não voltam para agradecer nos lembram que a graça de Deus também pode vir até nós e não encontrar resposta, pode curar-nos e não nos envolver.
“Tenhamos cuidado, portanto, com aquele subir ao templo que não nos faz seguir Jesus. Existem formas de culto que não nos ligam aos outros e anestesiam o nosso coração”, advertiu Leão XIV. Deste modo, não vivemos verdadeiros encontros com aqueles que Deus coloca no nosso caminho; não participamos, como fez Maria, da mudança do mundo e na alegria do Magnificat.
“Tenhamos cuidado com toda instrumentalização da fé, que faz correr o risco de transformar os diferentes – muitas vezes os pobres – em inimigos, em “leprosos” a evitar e rejeitar.”

O CAMINHO DE MARIA É SEGUIR JESUS
O Santo Padre reiterou: o caminho de Maria é seguir Jesus, e o caminho de Jesus é dirigir-se a todos os seres humanos, especialmente aos pobres, aos feridos, aos pecadores. Por isso, a autêntica espiritualidade mariana torna atual na Igreja a ternura de Deus, a sua maternidade. E citou um trecho da Exortação Apostólica Evangelii gaudium do Papa Francisco, quando escreve que sempre que olhamos para Maria, “voltamos a acreditar na força revolucionária da ternura e do afeto”.
O Pontífice então concluiu:
“Caríssimos, neste mundo que busca justiça e paz, mantenhamos viva a espiritualidade cristã, a devoção popular aos acontecimentos e aos lugares que, abençoados por Deus, mudaram para sempre a face da terra. Façamos disso um motor de renovação e transformação, como pede o Jubileu, tempo de conversão e restituição, de reavaliação e libertação. Que Maria Santíssima, nossa esperança, interceda por nós e oriente-nos sempre e para sempre para Jesus, o Senhor crucificado. Nele, há salvação para todos.”
ATO DE CONSAGRAÇÃO
Ao final da missa, o Santo Padre aproximou-se da imagem da Virgem de Fátima e consagrou o mundo ao Imaculado Coração de Maria. Eis a oração proferida:
“Virgem Santa, Mãe de Cristo, nossa esperança, a tua presença atenta neste ano de graça acompanha-nos, consola-nos e dá-nos, nas noites da história, a certeza de que em Cristo o mal foi vencido e que todo o homem é redimido pelo seu amor. Discípula perfeita do Senhor, guardaste no coração todas as coisas de Deus. Ensina-nos a escutar a Palavra e a compreendê-la interiormente, para caminharmos seguros no caminho da santidade. Ao teu Coração Imaculado confiamos o mundo inteiro e toda a humanidade, especialmente os teus filhos atormentados pelo flagelo da guerra. Advogada da graça, indica-nos o caminho da reconciliação e do perdão. Não deixes de interceder por nós na alegria e na dor, e alcança-nos o dom da paz que tanto imploramos. Mãe da Igreja, acolhe-nos benignamente, para que sob o teu manto possamos encontrar refúgio e ser socorridos pelo teu auxílio materno nas provações da vida. Contigo, Virgem Imaculada, manifestamos o Senhor, reconhecendo em cada momento as grandes obras do seu amor. Virgem Santa, Mãe Assunta ao Céu, Rainha da Paz, Senhora do Coração Imaculado, roga por nós.” |