Na manhã desta quinta-feira (11/01), Francisco recebeu em audiência um grupo de representantes do Instituto Secular dos Sacerdotes Missionários da Realeza de Cristo, fundado há setenta anos por Pe. Agostino Gemelli. “A secularidade é uma dimensão da Igreja, chamada a servir e dar testemunho do Reino de Deus neste mundo,” destaca o Pontífice em seu discurso.
O Papa Francisco recebeu no Vaticano, nesta quinta-feira, 11 de janeiro, uma delegação de membros do Instituto Secular dos Sacerdotes Missionários da Realeza de Cristo, por ocasião das celebrações dos 70 anos de sua fundação. Iniciado por padre Agostino Gemelli em 1953, não se trata de um instituto de religiosos, mas de sacerdotes diocesanos que vivem em diferentes localidades, em obediência ao seu bispo, através da consagração por meio dos votos de pobreza, obediência, castidade e apostolado, vivem a vocação clerical de acordo com o carisma do Instituto.
Secularismo: uma dimensão da Igreja
O Pontífice, em seu discurso entregue aos participantes, enfatiza o valor da secularidade na vida e no ministério sacerdotal. “A secularidade não é sinônimo de laicidade”, define o Papa, “a secularidade é uma dimensão da Igreja, chamada a servir e dar testemunho do Reino de Deus neste mundo. E a consagração vem para radicalizar essa dimensão, que claramente não é a única, mas é complementar àquela escatológica:
“A Igreja, cada pessoa batizada, está no mundo, é para o mundo, mas não é do mundo. Portanto, se a secularidade é uma dimensão da Igreja, tanto os leigos quanto os clérigos são chamados a vivê-la e expressá-la, embora de maneiras diferentes. Cada um a realiza de acordo com sua própria condição na linha do mistério da Encarnação. Ao longo dos últimos decênios, vocês, sacerdotes, fizeram o seu caminho, experimentando essa sua identidade “em campo”, enriquecida também pelo confronto com as irmãs e os irmãos missionários da Realeza de Cristo”.
Realeza e pequenez
Francisco recorda que o Instituto tem como base fundamental o carisma franciscano, que é o da pequenez, e deste modo, forma-os para o serviço humilde, disponível e fraterno. Segundo o Papa, este é o modelo da realeza de Cristo, “que consiste em servir, em doar generosamente, com solidariedade aos pobres e excluídos. Realeza e pequenez: em Cristo são uma coisa só, e São Francisco é testemunha disso”.
“Gosto de uma expressão usada em vossa oração ao Sagrado Coração de Jesus, que diz: “Sejamos solidários e amigos do povo, apóstolos da simpatia e da verdade, para que o Evangelho se torne o coração do mundo”. “Apóstolos da simpatia e da verdade”. Uma bela expressão, que vocês repetem todos os dias para confirmar o voto de apostolado, convencidos de que, unidos a Cristo no Espírito Santo, são apóstolos sobretudo com a própria humanidade, com aquelas virtudes humanas que o Concílio Vaticano II descreve: sinceridade, respeito pela justiça, fidelidade à palavra dada, bondade, discrição, firmeza de espírito, ponderação, retidão”, afirma o Santo Padre.
Autorreferencialidade e mundanidade
O Papa ainda pede que a fidelidade a esta vocação preserve os sacerdotes de duas tendências hoje muito difundidas: a autorreferencialidade e a mundanidade. “Nenhum de nós é completamente imune a elas. É preciso que vocês reconheçam isso e reajam com a graça do Senhor. Que Nossa Senhora e São Francisco de Assis os ajudem e os acompanhem do céu”.
Em Burundi, o Centro de Formação dedicado a Dom Courtney
Francisco também manifesta a sua alegria com a presença de um sacerdote do Instituto proveniente do continente Africano, em sintonia com a tendência dessa realidade missionária que, nos últimos tempos, vem incluindo novos membros, especialmente sacerdotes da Guiné, Burundi, Ruanda e outros países africanos. Também está envolvida na criação, em Burundi, de um centro de treinamento que leva o nome de Dom Courtney, o núncio apostólico que foi assassinado ali enquanto trabalhava arduamente pela pacificação nacional. Ele morreu em uma tentativa de assassinato em 28 de dezembro de 2003.
Fonte: Vatican News