“Procuradores irrequietos do Reino dos Céus”. Com estas palavras, durante o Angelus do domingo, 26, o Papa Francisco sintetizou a atitude daqueles que agradam a Deus. Diante de uma Praça de São Pedro ainda relativamente esvaziada por conta do coronavírus, o Papa refletiu sobre o Evangelho do dia, concentrando-se no homem que descobre o tesouro no campo e no mercador de pérolas.
Ambos manifestam um comportamento semelhante, a radicalidade. Para participar do Reino dos Céus é necessário dar tudo, isto é, chegar ao ponto de dar-se, de empenhar a própria vida. Segundo o Papa, participam do Reino os corajosos que abandonam as seguranças materiais. Ele não fez referência explícita ao coronavírus, mas suas palavras podem ser recebidas como um chamado a evitar medos infundados – “as seguranças materiais” – que nos afastem da Igreja e de Deus.
O Papa recordou que tudo é obra da graça divina, mas que, como mostra a passagem evangélica, ela não basta para a conquista do Reino, porque também é preciso a plena disponibilidade do homem. Isto é, a graça não exclui nossa responsabilidade. O gesto do homem do campo e do mercador são “gestos decididos, radicais e, além disso, com alegria”. São “procuradores irrequietos do Reino dos Céus”. Outras pessoas se apegaram a coisas ilusórias, que atraem no início e depois deixam na escuridão. Já “a luz de Cristo não é fogo de artifício, é luz. A luz do fogo de artifício dura um instante, a luz de Cristo dura para sempre”.
O Papa acrescentou que quem, como o homem e o mercador da parábola, encontrou o tesouro, “tem um coração criativo e pesquisador”. Essas pessoas são criativas porque buscam de verdade e, por isso, tem sempre para dar – dão a vida, nas palavras do Papa. A homilia terminou, como é costume, com aquela que melhor compreendeu as palavras de Cristo: “que a Virgem Santa nos ajude cada dia a procurar o tesouro do Reino dos Céus”.
Depois, por ocasião da memória de São Joaquim e Sant’Ana, avós de Jesus – daí a celebração do dia dos avós –, o Papa Francisco disse que “gostaria de convidar os jovens a realizar um gesto de ternura para com os anciãos, sobretudo os mais sós”. E especificou quem são esses anciãos: “caros jovens, cada um desses anciãos é vosso avô”. “Eles são a vossa raiz. Uma árvore separada da raiz, não cresce, não dá flor e fruto”, completou. “Por isso é importante a união com suas raízes”. Trata-se de um tema caro ao Papa, por ele abordado algumas vezes: a importância de conhecer e amar as próprias origens – por mais que delas possam vir também feridas – para descobrir a própria identidade e vive-la plenamente – quem não o faz, não descobre a alegria do perdão. O Papa recordou as palavras de um poeta, segundo o qual aquilo que uma árvore tem de belo vem daquilo que ela tem de enterrado, das suas raízes.
(Com informações de Vatican News)