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Papa convoca seminaristas, sacerdotes e bispos à redescoberta da alegria do chamado de Cristo

Entre 23 e 29 de junho, eles participaram de peregrinações em Roma por ocasião do Ano Jubilar

Entre os dias 23 e 29 de junho, Roma acolheu os peregrinos dos Jubileus dos Seminaristas, Sacerdotes e Bispos no contexto do Ano Santo 2025. O Papa Leão XIV presidiu as celebrações com discursos que combinaram exortação espiritual, realismo pastoral e ternura paterna. 

A partir da escuta da Palavra e da experiência concreta da Igreja, o Pontífice apontou caminhos de conversão e renovação para os diversos estados de vida sacerdotal. Entre os participantes do jubileu episcopal esteve o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo. 

CUIDAR DO CORAÇÃO

No dia 24, Solenidade da Natividade de São João Batista, milhares de seminaristas de diversas nações se reuniram na Basílica de São Pedro para um encontro com o Papa. Leão XIV agradeceu a coragem dos jovens que, “neste tempo que viveis, ou seja, o tempo da formação e do discernimento”, aceitaram “o chamado a tornar-vos anunciadores mansos e fortes da Palavra que salva”. 

O Pontífice exortou os seminaristas a cultivarem uma interioridade sólida, capaz de escutar a voz de Deus. “Sem a vida interior, nem sequer a vida espiritual é possível, porque Deus nos fala precisamente ali, no coração”, disse, acrescentando que o seminário deveria ser uma “escola de afetos”, recordando que todos têm “necessidade de aprender a amar, e a fazê-lo como Jesus”. 

Leão XIV pediu que os seminaristas não tenham medo de reconhecer suas fragilidades. “Às vezes, descer ao coração pode assustar-nos, dado que nele existem também feridas. Não tenhais medo de cuidar dele, deixai que vos ajudem, pois é precisamente dessas feridas que nascerá a capacidade de estar próximo de quem sofre”, sublinhou. 

Falando sobre o discernimento vocacional, o Santo Padre destacou a necessidade de escutar o que se vive. “Cuidado com a superficialidade, uni os fragmentos da vida na oração e na meditação, perguntando-vos: o que me ensina a vida? O que diz ao meu caminho? Para onde me conduz o Senhor?”, indagou. 

BISPOS: TESTEMUNHAS DE ESPERANÇA ANCORADA EM DEUS

No dia 25, os bispos participaram do encontro jubilar na Basílica de São Pedro. O Papa recordou que cada bispo, “antes de ser Pastor, é uma ovelha do rebanho do Senhor”, e afirmou que “para guiar a Igreja confiada aos nossos cuidados, devemos deixar-nos renovar profundamente por Ele, o Bom Pastor”. 

O Pontífice destacou três características fundamentais do bispo: ser princípio de unidade, homem de vida teo-logal, e homem de caridade pastoral. 

“O Bispo é o princípio visível de unidade na Igreja particular que lhe foi confiada. É seu dever zelar pela sua construção na comunhão entre todos os seus membros e com a Igreja universal”, afirmou. 

O Sucessor de São Pedro insistiu que o bispo é chamado a uma profunda vida interior, e é um homem de fé, de esperança e que a sua vida pastoral encontra a unidade no que Santo Agostinho chamou de “amoris officium” (serviço de amor). 

Destacando a vigilância e a sobriedade de vida, afirmou: “Para dar testemunho do Senhor Jesus, o Pastor vive a pobreza evangélica. […] O Bispo não deve esquecer que, como Jesus, foi ungido com o Espírito Santo e enviado ‘para anunciar a Boa-Nova aos pobres’”. 

No fim da meditação, fez um apelo à comunhão presbiteral. “Ajudem-vos a ser homens de comunhão, a promover sempre a unidade no presbitério diocesano, e que cada presbítero, sem excluir ninguém, experimente a paternidade, a fraternidade e a amizade do bispo” afirmou. 

SACERDOTES: AMIGOS DE CRISTO

Na quinta-feira, 26, o Papa se dirigiu aos participantes do encontro internacional “Sacerdotes felizes – Chamei-vos amigos”, promovido pelo Dicastério para o Clero. A atividade aconteceu no Auditorium Conciliazione. 

Inspirado nas palavras de Jesus — “Chamei-vos amigos” (Jo 15,15) — o Papa afirmou: “O sacerdote é um amigo do Senhor, chamado a viver uma relação pessoal e confidencial com Ele, alimentada pela Palavra, pela celebração dos sacramentos e pela oração cotidiana.” 

Essa amizade, explicou, é “o fundamento espiritual do ministério ordenado, o sentido do nosso celibato e a energia do serviço eclesial ao qual dedicamos a vida”. 

O Santo Padre apresentou três implicações concretas. Primeiramente, “a formação é um caminho de relação”. Em segundo lugar, “a fraternidade é um estilo essencial da vida presbiteral”. Além disso, “formar sacerdotes amigos de Cristo significa formar homens capazes de amar, escutar, rezar e servir juntos”. 

Dirigindo-se aos que promovem vocações, o Papa exortou: “Tende a coragem de propostas fortes e libertadoras!” 

Por fim, o Bispo de Roma reforçou a importância da vida espiritual e da proximidade fraterna. “Deveis ser verdadeiramente amigos, irmãos; viver esta bela experiência de caminhar juntos, sabendo que somos chamados a ser discípulos do Senhor. Temos uma grande missão e podemos fazê-la todos juntos.” 

As palavras do Papa Leão XIV durante os jubileus vocacionais evidenciaram que, apesar dos desafios contemporâneos, a Igreja continua a formar e enviar ministros dispostos a servir com autenticidade. A amizade com Cristo, a comunhão entre irmãos e a fidelidade ao povo são os pilares de um sacerdócio renovado. 

“Não somos perfeitos, mas somos amigos de Cristo, irmãos uns dos outros e filhos da sua terna Mãe Maria, e isto basta-nos”, afirmou o Pontífice aos sacerdotes.  

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