Papa: ‘Deixemos brotar a esperança da Páscoa em nossas vidas e no mundo’

Escreveu Francisco na homilia lida pelo Cardeal Giovanni Battista Re na Vigília Pascal na Basílica de São Pedro

Fotos: Vatican Media

“Deixemos espaço para a luz do Ressuscitado! E nos converteremos em construtores de esperança para o mundo”. Este foi um dos eixos centrais da homilia escrita pelo Papa Francisco para a Solene Vigília Pascal, presidida no Sábado Santo, 19, na Basílica de São Pedro, pelo Cardeal Giovanni Battista Re, Decano do Colégio Cardinalício, tendo 34 cardeais como concelebrantes, 24 bispos e 260 sacerdotes, e 5 mil pessoas no templo e na praça.

Esta noite santa é a “mãe de todas as vigílias”, na qual Cristo, o Salvador do mundo, venceu as trevas e ressuscitou dos mortos.

Tradicionalmente, a celebração tem início com o rito do lucernário, composto pela bênção do fogo e a preparação do círio. O celebrante incide sobre a vela uma cruz, com a primeira e a última letra do alfabeto grego, o Álfa e o Ômega, e com os números do ano corrente. Com o círio aceso, começa a procissão com as velas dos fiéis iluminando a Basílica. 

A celebração recorda que a luz da Ressurreição ilumina o caminho pouco a pouco, irrompendo na escuridão da história, e corresponde a uma fé humilde, desprovida de qualquer triunfalismo.

‘CRISTO VENCEU A MORTE’

“A Páscoa do Senhor não é um acontecimento espetacular com o qual Deus se impõe a si mesmo e nos obriga a acreditar Nele; não é uma meta que Jesus alcança por um caminho fácil, contornando o Calvário; e nós tampouco podemos vivê-la de maneira despreocupada e sem hesitação interior”, escreveu Francisco.

Pelo contrário, a Ressurreição “é semelhante a pequenos feixes de luz”. E este “estilo” de Deus, afirma o Papa, liberta a humanidade de uma religiosidade abstrata, iludida ao pensar que a ressurreição do Senhor resolve tudo de um modo mágico. Pelo contrário: não é possível celebrar a Páscoa sem continuar a enfrentar as noites que cada um traz no coração e as sombras de morte que muitas vezes pairam sobre o mundo. 

“Irmãos e irmãs, especialmente durante o ano jubilar, é este o apelo que devemos sentir com força dentro de nós: deixemos brotar a esperança da Páscoa nas nossas vidas e no mundo!”, exortou o Pontífice.

Francisco motivou os fiéis a não desanimar mesmo quando ainda há sombras do mal, quando sente-se arder as feridas do egoísmo ou da violência. É preciso voltar ao anúncio desta noite: “Ainda que estejamos nas trevas, a luz brilha lentamente; aguarda-nos a esperança de uma vida nova e de um mundo finalmente libertado; um novo começo pode surpreender-nos, mesmo que às vezes pareça impossível, porque Cristo venceu a morte”.

SER UMA PRESENÇA DE ESPERANÇA

Este anúncio, prossegue o Papa, enche de esperança. Com a ressurreição de Jesus, há a certeza de que a história de cada pessoa e o caminho da humanidade estão nas mãos de Deus. Ao mesmo tempo, esta esperança permanece uma meta a alcançar, para que todos sejam testemunhas críveis, “enquanto tantos ventos de morte ainda sopram sobre nós”.

“Toda a nossa vida pode ser uma presença de esperança”, escreve ainda o Santo Padre, por meio de palavras e de pequenos gestos cotidianos junto àqueles que não têm fé ou se perderam pelo caminho, “para todos os pobres e oprimidos da Terra, para as mulheres humilhadas e assassinadas, para as crianças maltratadas e para aquelas que nunca nasceram, para as vítimas da guerra. A todos e a cada um levemos a esperança da Páscoa!”.

“Cristo ressuscitado é a guinada definitiva da história humana. Ele é a esperança que não se extingue. Ele é o amor que nos acompanha e sustenta. (…) E esta esperança da Páscoa, esta “reviravolta nas trevas”, devemos anunciá-la a todos.”

Depois da Liturgia da Palavra, três catecúmenos foram batizados: dois italianos e um albanês. Sobre eles, o presidente da celebração invocou a misericórdia de Deus para que Ele os guie à fonte da regeneração.

Entre as intenções da oração universal desta missa, houve preces para que os governos se empenhem na “busca da verdadeira paz”, e pelas vítimas da guerra, para que se encham de esperança.

Fonte: Vatican News – versões em Português, Espanhol e Italiano

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