Papa destaca que a Igreja e a sociedade devem estar de portas abertas

Pontífice presidiu missa na Solenidade de São Pedro e São Paulo no sábado, 29

Fotos: Vatican Media

Na Solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, Padroeiros de Roma, com a Bênção dos Pálios para os novos Arcebispos Metropolitanos, o Papa Francisco fez sua homilia dando particular ênfase à imagem da porta.

Recordando o iminente Jubileu de 2025, disse que este “será um tempo de graça no qual abriremos a Porta Santa, para que todos possam atravessar o limiar daquele santuário vivo que é Jesus”.

PEDRO: AS CHAVES DO REINO

Francisco disse que “também na história de Pedro e Paulo há portas que se abrem” e explica que a libertação de Pedro da prisão recorda a “experiência da Páscoa”, pois “nos é narrado é um novo êxodo: um novo êxodo. Deus liberta a sua Igreja, Deus, libera o seu povo o seu povo acorrentado, e mostra-se mais uma vez como o Deus da misericórdia que sustenta o seu caminho”.

Naquela noite de libertação, a princípio abrem-se milagrosamente as portas da prisão e diz-se que a porta “se abriu por si mesma”, porém, “é Deus que abre as portas”, afirma o Papa, “é Ele quem liberta e abre caminhos”.

“A Pedro Jesus tinha confiado as chaves do Reino; mas ele experimenta que é o Senhor quem abre primeiro as portas. Ele vai sempre à nossa frente”.

PAULO: O ZELO PELA EVANGELIZAÇÃO

“O caminho do apóstolo Paulo é, também e sobretudo, uma experiência pascal”, pois na sua transformação pelo Ressuscitado no caminho de Damasco e na contemplação de Cristo crucificado “descobre a graça da fraqueza” que o leva a afirmar: “Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim”. O encontro com o Senhor acende na vida de Paulo o zelo pela evangelização.

“Precisamente para contar como o Senhor lhe deu tantas oportunidades de anunciar o Evangelho, Paulo recorre à imagem das portas abertas”.

Em vários de seus escritos assinala: “assim que chegaram, reuniram a igreja e contaram tudo o que Deus fizera com eles, e como abrira aos pagãos a porta da fé” (Act 14, 27); “abriu-se ali uma porta larga e propícia” (1 Cor 16,9); “orai também por nós, para que Deus abra uma porta à nossa pregação, a fim de que eu anuncie o mistério de Cristo” (Col 4,3).

ABRIR PORTAS

“Irmãos e irmãs, os dois Apóstolos Pedro e Paulo fizeram esta experiência de graça. Tocaram a obra de Deus, que lhes abriu as portas da sua prisão interior e também das prisões reais onde estavam encerrados por causa do Evangelho. E abriu-lhes, igualmente, as portas da evangelização, para que pudessem experimentar a alegria do encontro com os irmãos e irmãs das comunidades nascentes e levar a todos a esperança do Evangelho”, afirmou o Papa.

PASTORES ZELOSOS

Por fim, Francisco saudou os Arcebispos Metropolitanos nomeados durante o último ano que recebem o Pálio, observando que “são chamados a ser pastores zelosos, que abrem as portas do Evangelho e que, com o seu ministério, ajudam a construir uma Igreja e uma sociedade de portas abertas”.

ANGELUS

Após a missa, o Pontífice rezou com os fiéis na Praça São Pedro a oração mariana do Angelus. Ele refletiu sobre a missão que Jesus confiou a Simão, chamado Pedro: “A ti darei as chaves do Reino dos céus” (Mt 1619).

“É por isso que vemos frequentemente São Pedro representado com duas grandes chaves em sua mão, como na estátua que se encontra aqui nesta Praça. Essas chaves representam o ministério de autoridade que Jesus lhe confiou para servir a toda a Igreja. Porque a autoridade é um serviço, e uma autoridade que não é serviço, é ditadura”, comentou.

No entanto, alertou o Papa, devemos ter cuidado para entender bem o significado dessa missão, que “não é a de trancar as portas da casa” e selecionar os convidados, mas dar acesso a todos – “todos, todos, todos” – ajudando a encontrar o caminho para entrar no Evangelho de Jesus. Atitudes que podem ser praticadas diariamente através, por exemplo, das virtudes.

“As chaves de Pedro, de fato, são as chaves de um Reino, que Jesus não descreve como um cofre ou um quarto blindado, mas com outras imagens: uma pequena semente, uma pérola preciosa, um tesouro escondido, um punhado de fermento (cf. Mt 13,1-33), ou seja, como algo precioso e rico, sim, mas ao mesmo tempo pequeno e discreto. Para alcançá-lo, portanto, não é necessário acionar mecanismos e fechaduras de segurança, mas cultivar virtudes como a paciência, a atenção, a constância, a humildade, o serviço”.

Essa missão de abertura e encontro com o Senhor é encarada por Pedro “ao longo de toda a sua vida, fielmente, até o martírio”, recordou o Papa, “depois de ter sido o primeiro a experimentar sobre si mesmo”. Ele “teve que se converter, e entender que a autoridade é um serviço, e não foi fácil para ele”, insistiu Francisco, explicando que “Pedro recebeu as chaves do Reino não porque fosse perfeito, não: é um pecador; mas porque era humilde e honesto” e, “confiando na misericórdia de Deus, foi capaz de apoiar e fortalecer, como lhe foi pedido, também seus irmãos (cf. Lc 22:32)”.

O Papa finalizou a reflexão pedindo a intercessão de Maria e dos Santos Pedro e Paulo para que, por meio das orações, nos guiem e apoiem para o encontro com Cristo. Uma missão individual que pode partir de indagações pessoais, como sugeriu Francisco.

“Eu cultivo o desejo de entrar, com a graça de Deus, em seu Reino e de ser, com a sua ajuda, um guardião acolhedor também para os outros? E, para fazê-lo, deixo-me ‘limar’, adoçar, modelar por Jesus e seu Espírito, o Espírito que habita em nós, em cada um de nós?”.

Fonte: Vatican News

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