Papa Francisco: o martírio é fator de união entre todos os cristãos

Aos participantes de Congresso promovido pelo Dicastério das Causas dos Santos, o Pontífice falou das característica do mártir, “perfeito discípulo de Cristo”. No martírio, afirmou, há igualdade entre as confissões cristãs.

Vatican Media

O Santo Padre recebeu em audiência aos participantes do Congresso “Martírio e doação da vida”, organizado pelo Dicastério das Causas dos Santos. 

Desde a antiguidade, afirmou o Papa, os fiéis em Jesus sempre tiveram grande consideração por quem pagou pessoalmente, com a própria vida, o seu amor a Cristo e à Igreja. Faziam dos sepulcros locais de culto e de oração. No martírio, se encontram as características do perfeito discípulo, que imitou Cristo ao renegar a si mesmo e tomar a própria cruz e, transformado pela sua caridade, mostrou a todos a potência salvífica da sua Cruz.

“Vem-me à mente o martírio daqueles corajosos líbicos ortodoxos: morreram dizendo ‘Jesus’. ‘Mas padre, eram ortodoxos!’ Eram cristãos. São mártires e a Igreja os venera como próprios mártires. Com o martírio há igualdade. O mesmo acontece em Uganda com os mártires anglicanos. São mártires! E a Igreja os toma como mártires.”

Francisco citou então os três elementos fundamentais do martírio, reconhecidos pela Igreja. Primeiro: o mártir é um cristão que, para não renegar a própria fé, sofre conscientemente uma morte violenta e prematura. “Também um cristão não batizado, que é cristão no coração, confessa Jesus Cristo no batismo de sangue.” Segundo: o assassinato é perpetrado por um perseguidor movido pelo ódio contra a fé ou a outra virtude a ela relacionada. Terceiro: a vítima assume uma atitude inesperada de caridade, paciência e mansidão, a exemplo de Jesus crucificado. O que muda, nas diferentes épocas, não é o conceito de martírio, mas as modalidades concretas com as quais, num determinado contexto histórico, isso acontece.

“Também hoje, em muitas partes do mundo, existem numerosos mártires que dão a própria vida por Cristo. Em muitos casos, o cristão é perseguido porque, impulsionado pela sua fé em Deus, defende a justiça, a verdade, a paz e a dignidade das pessoas”, explicou Francisco.

O Pontífice citou a Bula de convocação do próximo Jubileu, na qual definiu os mártires como o “testemunho mais convincente da esperança”. Por isso, pediu que fosse instituída a “Comissão dos Novos Mártires – Testemunhas da Fé” em vista do Ano Santo. Diferentemente das causas do martírio, esta Comissão reúne a memória daqueles que, no âmbito de outras confissões cristãs, souberam renunciar à vida para não trair o Senhor. 

Outra iniciativa citada pelo Papa foi o motu proprio de julho de 2017 (Maiorem hac dilectionem), estabelecendo que o Servo de Deus que ofereceu a própria vida tenha exercitado pelo menos em grau ordinário as virtudes cristãs e que, sobretudo após sua morte, esteja circundado de fama e sinais de santidade para prosseguir com a causa de beatificação e canonização. 

Quando falta a figura do perseguidor, o traço distintivo da oferta da vida é a existência de uma condição externa, objetivamente verificável, na qual o discípulo de Cristo se coloca livremente e que leva à morte. Também no extraordinário testemunho deste tipo de santidade, concluiu Francisco, resplende a beleza da vida cristã, que sabe fazer-se dom sem medida, como Jesus sobre a cruz. 

Fonte: Vatican News

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