
A maior beleza da vida é dedicar-se “com generosidade” a promover o bem dos outros, disse o Papa Leão XIV no domingo, 10, antes da tradicional oração do Angelus. Ele dedicou sua reflexão sobre a passagem do Evangelho segundo São Lucas (12,32-48) em que Jesus convida os discípulos a pensar sobre como investir o maior tesouro da vida. “Onde estiver o seu tesouro, ali também estará o seu coração”, diz Jesus, conforme o texto bíblico.
Tanto na vida em família quanto nas atividades pastorais, no trabalho e na escola, é possível “não perder nenhuma ocasião para amar”, ensinou o Papa. Cristo nos exorta “a não guardar para nós os dons que Deus nos deu, mas a empregá-los com generosidade para o bem dos outros, especialmente daqueles que mais precisam da nossa ajuda”, declarou o Pontífice.
“Não se trata apenas de partilhar as coisas materiais de que dispomos, mas de colocar à disposição as nossas capacidades, o nosso tempo, o nosso afeto, a nossa presença, a nossa empatia”, disse ainda.
Mesmo nos pequenos gestos da vida de cada dia, é possível dedicar-se ao serviço e à promoção do bem dos outros. Nossos dons são “tudo aquilo que faz de cada um de nós, nos desígnios de Deus, um bem único, sem preço, um capital vivo, pulsante, que precisa ser cultivado e apoiado para poder crescer; caso contrário, torna-se árido e se desvaloriza”, acrescentou.
Esses dons, e a própria vida humana, não são um mero “objeto de consumo”, alertou o Papa. E ao colocá-los à disposição do próximo, tornamo-nos mais parecidos com o próprio Deus: “As obras de misericórdia são o banco mais seguro e rentável no qual podemos depositar o tesouro da nossa existência.”
80 ANOS DE HIROSHIMA E NAGASAKI
Renovando o apelo pela paz entre os povos, o Papa Leão XIV recordou o aniversário de 80 anos dos bombardeamentos de Hiroshima e Nagasaki, realizados pelos Estados Unidos com armas nucleares, no Japão. Aquela dramática e triste ocasião, comentou o Santo Padre, deve servir de memória para a humanidade de hoje e ensinar que é preciso rejeitar “a guerra como meio de resolução de conflitos”.
Em uma mensagem publicada para rememorar esse fato, o Papa manifestou afeto às vítimas do bombardeio atômico de Hiroshima e Nagasaki. “Embora tenham se passado muitos anos, as duas cidades continuam sendo memórias vivas dos horrores profundos causados pelas armas nucleares. Suas ruas, escolas e casas ainda carregam as cicatrizes – tanto visíveis quanto espirituais – daquele fatídico agosto de 1945”, escreveu.
Ele citou o Papa Francisco para dizer que “a guerra é sempre uma derrota para a humanidade” e completou: “A verdadeira paz exige que se deponham as armas com coragem, especialmente aquelas que têm o poder de causar uma catástrofe indescritível.”
A “destruição mútua” nunca é a melhor resposta para os problemas humanos, observou ele. Em vez disso, “devemos forjar uma ética global enraizada na justiça, na fraternidade e no bem comum”. Leão XIV repetiu, como declarou no dia de sua eleição ao trono de São Pedro, em 8 de maio, que a paz duradoura é um projeto a ser construído por toda a família humana, e deve ser uma iniciativa “desarmada e desarmante”.
DESEJO UNIVERSAL
Ainda no Angelus do domingo, Leão XIV pediu àqueles que tomam decisões que “tenham sempre presente a sua responsabilidade pelas consequências das suas escolhas sobre as populações. Não ignorem as necessidades dos mais fracos e o desejo universal de paz”.
Ele lamentou, em especial, a piora da situação de pobreza e violência no Haiti, de onde chegam notícias sobre “tráfico de seres humanos, exílios forçados e sequestros”. Por outro lado, o Santo Padre congratulou Azerbaijão e Armênia por terem chegado, recentemente, a um acordo de paz para pôr fim ao conflito de Nagorno-Karabakh, que já dura 37 anos. O acordo foi assinado em 8 de agosto, após ambas as partes concordarem com todos os termos, com o objetivo de trazer paz e estabilidade duradouras à região.
Em um momento de grande sofrimento em diferentes partes do mundo, o papel da Igreja é o de “ser luz do mundo, cidade situada no monte, farol de esperança para as nações”, disse o Pontífice em um vídeo enviado à Rede Católica Pan-Africana de Teologia Pastoral, no dia 6.
“Cristo nos disse que veio não apenas para nos dar vida, mas para nos dar vida em abundância”, reiterou. Portanto, é tarefa dos agentes de pastoral e dos teólogos “trabalhar em conjunto para implementar programas pastorais que demonstrem como os ensinamentos da Igreja ajudam a abrir os corações e as mentes das pessoas à verdade e ao amor de Deus.”