Abertos à ação do Espírito Santo, os participantes da atual assembleia do Sínodo sobre a sinodalidade devem oferecer uma contribuição para construir “uma Igreja verdadeiramente sinodal em missão, que saiba sair de si mesma e habitar as periferias geográficas e existenciais, tendo cuidado de estabelecer vínculos com todos em Cristo, nosso irmão e Senhor”.
Assim afirmou o Papa Francisco em seu discurso na abertura dos trabalhos da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo, na quarta-feira, 2, no Vaticano. Ele refletiu primordialmente sobre a dimensão espiritual do Sínodo, com ênfase na presença e inspiração do Espírito Santo.
O Pontífice lembrou que o Espírito Santo “nos acompanha sempre” e que “enxuga as lágrimas e conforta porque comunica a esperança de Deus. Deus não se cansa, porque Seu amor não se cansa”.
Com humildade e a clareza de que a Igreja está sempre em reforma, ou semper reformanda, na expressão em latim, compreende-se que o Espírito Santo é capaz de “operar a partir do Batismo que gera todos em igual dignidade.”
“Deus acolhe a todos, sempre, e oferece a todos novas possibilidades de vida, até o último momento. É por isso que devemos perdoar a todos e sempre, sabendo que a disposição para perdoar vem da experiência de ter sido perdoado.”
O Papa Francisco recordou a fundação do Sínodo dos Bispos, por São Paulo VI, após o Concílio Vaticano II, e explicou que tem atuado para desenvolver que o Sínodo é um “sujeito plural e sinfônico, capaz de sustentar o caminho e a missão da Igreja Católica, ajudando de modo eficaz o Bispo de Roma no seu serviço à comunhão de todas as Igrejas e de toda a Igreja”.
“Quando decidi convocar como membros plenos desta XVI Assembleia também um número significativo de leigos e consagrados (homens e mulheres), diáconos e sacerdotes, desenvolvendo o que já estava parcialmente previsto para as Assembleias anteriores, eu o fiz em coerência com a compreensão do exercício do ministério episcopal expressa pelo Concílio Ecumênico Vaticano II”, afirmou o Santo Padre.
“O Bispo, princípio e fundamento visível da unidade da Igreja particular, não pode viver o seu serviço senão no Povo de Deus, com o Povo de Deus, precedendo, estando no meio e seguindo a porção do Povo de Deus que lhe foi confiada”, disse ainda.
Desse modo, Francisco disse se preciso evitar dois perigos: a abstração “que esquece a concretude fértil dos lugares e relacionamentos, e o valor de cada pessoa”; e o de romper a comunhão “ao colocar a hierarquia contra os fiéis leigos”.
Em outras palavras, “somos convidados a nos exercitar juntos em uma arte sinfônica, em uma composição que nos une a todos no serviço da misericórdia de Deus, de acordo com os diferentes ministérios e carismas que o bispo tem a tarefa de reconhecer e promover”.
Programação da Assembleia
A Assembleia do Sínodo foi inaugurada oficialmente na manhã da quarta-feira, com a missa na Praça de São Pedro, e prosseguirá com uma série de encontros em “círculos menores”, que são discussões em pequenos grupos entre os participantes, e reuniões em “congregação geral”, na presença de todos, a partir dos pontos de reflexão apresentados no Instrumentum Laboris, o documento que orienta as atividades da assembleia.
Na véspera da inauguração da assembleia, o Papa Francisco presidiu uma celebração penitencial na Basílica de São Pedro – à conclusão de um retiro espiritual de três dias entre os participantes. A celebração previu um momento de escuta de três testemunhos de pessoas que foram vítimas do pecado: o pecado de abuso, o pecado da guerra, o pecado de “indiferença diante do fenômeno da migração”.
Houve um momento de “confissão de pecados” simbólica, em que se mencionaram outros dramas humanos. Ao final desse momento, o Papa Francisco dirigiu, em nome de todos os fiéis, um pedido de perdão a Deus por toda a humanidade.