Papa no Domingo de Ramos: Estendendo a mão a quem precisa, somos todos ‘cireneus’

Vatican Media

Da Paixão de Cristo à compaixão com quem mais necessita. A mensagem do Papa Francisco para o Domingo de Ramos, 13, foi um convite a todos os cristãos para que sejam “cireneus” uns dos outros, ajudando a levantar os que estão caídos, dando uma mão sempre que necessário. A reflexão neste início da Semana Santa foi em torno da figura de Simão de Cirene, personagem bíblico presente no relato da Paixão (cf. Lc 23,26).

Por motivos de saúde, o Papa não presidiu a celebração da Eucaristia na Praça São Pedro. Desta vez, ele delegou ao Cardeal Leonardo Sandri, Prefeito Emérito do Dicastério para as Igrejas Orientais. É provável que também as celebrações do Tríduo Pascal, de quinta-feira a sábado, sejam presididas por cardeais presentes em Roma.

Entretanto, o Pontífice voltou a aparecer em público após a missa, desejando a todos “Bom Domingo de Ramos”. O texto da pregação, assinado pelo Papa mas lido pelo Cardeal Sandri, recordou o momento em que Jesus, após ser acolhido com festa em Jerusalém, passa a ser condenado e crucificado.

“A Paixão de Jesus torna-se compaixão quando estendemos a mão àqueles que já não aguentam mais, quando levantamos os que caíram, quando abraçamos os que estão desanimados”, afirmou o Papa Francisco na homilia preparada para a celebração. 

Participantes da história

Em sua “via dolorosa”, Cristo carregou a Cruz e, em certo momento, foi auxiliado por Simão de Cirene, conforme o relato bíblico. “Preparemo-nos para a Páscoa do Senhor tornando-nos cireneus uns dos outros”, disse o Pontífice.

“Este homem é conduzido pelos soldados, que ‘carregaram-no com a cruz, para a levar atrás de Jesus’ (Lc 23,26). Naquele momento, ele voltava do campo, estava de passagem, e deparou-se com um acontecimento que o oprimiu, tal como a madeira pesada sobre os seus ombros”, afirma o texto. “Não sabemos o que habita no coração do Cireneu. Coloquemo-nos no seu lugar: sentimos raiva ou piedade, tristeza ou aborrecimento?”

Diante desse personagem tão simbólico quanto silencioso, sobressai a ideia de que o Cireneu foi convidado, ainda que a contragosto, a participar da Paixão de Cristo. Enquanto Jesus carrega a Cruz, “o Cireneu é envolvido na história da salvação”, diz o Papa, demonstrando que todo ser humano é participante desse momento.

“Sigamos, então, os passos de Simão, pois eles nos ensinam que Jesus vem ao encontro de todos, em qualquer situação. Quando vemos a multidão de homens e mulheres que o ódio e a violência levam para o caminho do Calvário, lembremo-nos de que Deus faz deste caminho um lugar de redenção, porque Ele o percorreu dando a sua vida por nós”, declarou o Papa Francisco em seu texto.

Entregar-se à misericórdia

“Todos nós temos dores, físicas ou morais, e a fé ajuda-nos a não ceder ao desespero, a não nos fecharmos na amargura, mas a enfrentá-las, sentindo-nos protegidos, como Jesus, pelo abraço providencial e misericordioso do Pai”, declarou o Papa Francisco no texto preparado para a oração do Angelus do Domingo de Ramos.

Tradicionalmente, a oração mariana é rezada pelo Papa na Praça São Pedro aos domingos, ao meio-dia, mas neste período tem sido publicada somente por escrito.

Francisco voltou a agradecer pelas orações e o apoio de todos desde que iniciou seu atual tratamento de saúde. Os médicos prescreveram ao Papa Francisco um período de repouso absoluto – ou convalescência – de dois meses, mas, na prática, desde a semana passada ele tem realizado algumas atividades de trabalho e já deixou sua residência no Vaticano por diversas vezes, ou para rezar ou para saudar o povo na Praça São Pedro.

“Neste momento de fragilidade física, elas (as orações do povo de Deus) ajudam-me a sentir ainda mais a proximidade, a compaixão e a ternura de Deus. Também eu rezo por vocês e peço que confiem comigo ao Senhor todos os que sofrem, especialmente aqueles que são atingidos pela guerra, pela pobreza ou por catástrofes naturais”, completou.

Ele rezou, em particular, pelas vítimas do recente desabamento de uma discoteca em Santo Domingo – na ocasião, mais de 200 pessoas morreram e centenas ficaram feridas. Francisco também mencionou que o dia 15 de abril “marcará o segundo triste aniversário do início do conflito no Sudão, com milhares de mortos e milhões de famílias obrigadas a abandonar as suas casas”.

Com insistência, ele reza pela paz no Líbano, “onde a trágica guerra civil começou há 50 anos: com a ajuda de Deus, que possa viver em paz e prosperidade”, além da “martirizada Ucrânia, Palestina, Israel, República Democrática do Congo, Mianmar, e Sudão do Sul”, declarou.

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