Papa: ‘O Ano Jubilar une mais radicalmente o mundo de Deus ao nosso’

Leão XIV acolheu milhares de fiéis e peregrinos na Basílica de São Pedro para a audiência jubilar, iniciativa proposta por Francisco para este Jubileu

Fotos: Vatican Media

O Papa Leão XIV retomou no sábado, 14, as audiências jubilares programadas para este Ano Santo. O Pontífice decidiu dar continuidade às catequeses feitas pelo Papa Francisco, que a cada encontro propunha um aspecto particular da virtude teologal da esperança e uma figura espiritual que o testemunhou.

“Somos unidos pela esperança transmitida pelos Apóstolos desde o princípio. Os Apóstolos viram em Jesus a terra se unir ao céu: com os olhos, os ouvidos e as mãos acolheram o Verbo da vida. O Jubileu é uma porta aberta sobre este mistério. O ano jubilar une mais radicalmente o mundo de Deus ao nosso. Nos convida a levar a sério o que rezamos todos os dias: ‘Assim na terra, como no céu’. Esta é a nossa esperança”, introduziu o Pontífice, na Basílica de São Pedro, diante de 6 mil fiéis, para os quais falou sobre o tema “esperar é unir”.

O EVANGELHO VEM DE FORA

Como testemunha deste aspecto “belo e atual” da esperança, Leão XIV falou de um dos maiores teólogos cristãos, o bispo Irineu de Lião, que nasceu na Ásia Menor e se formou entre aqueles que conheceram diretamente os Apóstolos. Depois foi para a Europa, porque em Lião já havia se formado uma comunidade de cristãos provenientes de sua mesma terra.

“Como é bom nos lembrarmos dele aqui, em Roma, na Europa! O Evangelho foi trazido de fora para este continente. E, ainda hoje, as comunidades de migrantes são presenças que reavivam a fé nos países que as acolhem. O Evangelho vem de fora. Irineu une o Oriente e o Ocidente. Isso já é um sinal de esperança, pois nos lembra como os povos continuam a se enriquecer mutuamente”, explicou o Pontífice.

Irineu, no entanto, tem um tesouro ainda maior para oferecer. As divisões doutrinárias que ele encontrou na comunidade cristã, os conflitos internos e as perseguições externas não o desanimaram. Pelo contrário, em um mundo desestruturado, ele aprendeu a pensar melhor, levando sua atenção cada vez mais profundamente para Jesus. Em Cristo, o que para nós parece oposto é recomposto em unidade.

UNIDOS EM JESUS

“Jesus não é um muro que separa, mas uma porta que nos une”, afirmou o Santo Padre. Devemos permanecer Nele e distinguir a realidade das ideologias, acrescentou o Papa.

“Queridos irmãos e irmãs, ainda hoje as ideias podem enlouquecer e as palavras podem matar. A carne, porém, é a matéria de que todos somos feitos; é o que nos une à terra e às outras criaturas. A carne de Jesus deve ser acolhida e contemplada em cada irmão e irmã, em cada criatura. Ouçamos o grito da carne, ouçamos a dor dos outros nos chamar pelo nome. O mandamento que recebemos desde o início é o do amor mútuo. Ele está escrito em nossa carne, antes de qualquer lei”, ressaltou.

O Pontífice disse que Irineu, mestre da unidade, a todos ensina a união e não que se oponham entre si.  “Há inteligência não onde se separa, mas onde se une”, disse ainda Leão XIV. Distinguir é útil, mas nunca dividir. Jesus é a vida eterna em nosso meio: ele une os opostos e torna possível a comunhão.

“Somos peregrinos da esperança, porque entre as pessoas, os povos e as criaturas, precisamos de alguém que decida se mover em direção à comunhão. Outros nos seguirão. Como Irineu em Lião no século II, em cada uma de nossas cidades, voltemos a construir pontes onde hoje há muros. Abramos portas, unamos mundos, e haverá esperança”, concluiu.

Fonte: Vatican News

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