Construída no ano 313 por vontade do imperador Constantino, a Basílica de São João de Latrão, catedral de Roma, é hoje um símbolo de unidade para toda a Igreja. Catedral do Papa, ela é chamada de “mãe de todas as Igrejas” e considerada a primeira igreja construída com a finalidade de ser um templo de fé e liturgia – e, por esse motivo, a consagração da Basílica é celebrada anualmente em todo o mundo.
O Papa Leão XIV presidiu a celebração eucarística no domingo, 9, Festa da Dedicação da Basílica Lateranense. Essa festa, disse ele, mais do que recordar a história e a beleza artística do templo, ajuda-nos a refletir sobre “ser Igreja”. Também nós, afirmou ele, “formando um templo espiritual, somos edificados aqui na terra como pedras vivas”, uma referência a 1Pe 2,5.
A palavra “Igreja”, que se refere à assembleia dos fiéis, é a mesma que usamos para falar dos edifícios dedicados à oração e às cerimônias litúrgicas. Da mesma forma que um templo tem um “alicerce”, também a Igreja espiritual precisa cavar fundo para construir uma base forte. “De igual modo, nós, operários da Igreja viva, antes de podermos erguer estruturas imponentes, devemos escavar em nós mesmos e à nossa volta, para eliminar todo o material instável que possa nos impedir de alcançar a verdadeira rocha de Cristo”, refletiu o Pontífice.
“Por isso, queridos irmãos e irmãs, ao trabalharmos com todo o empenho ao serviço do Reino de Deus, não sejamos nem precipitados nem superficiais: escavemos em profundidade, livres dos critérios do mundo, que demasiadas vezes exige resultados imediatos, porque desconhece a sabedoria da espera”, disse ainda. Ele encorajou os fiéis a viver com “humildade e paciência”, em uma “verdadeira comunidade de fé”.
Jesus, o principal construtor do templo espiritual, mostra o caminho: Ele nos molda “segundo os seus desígnios de salvação”, comentou o Papa. Viver a Igreja de forma sinodal, observou, é viver de forma mais participativa e com ênfase na unidade entre as partes.
A liturgia, por fim, é outra finalidade última para a construção de templos. Citando o Concílio Vaticano II, o Papa afirmou que a Eucaristia é “a meta para a qual se encaminha a ação da Igreja e a fonte de onde promana toda a sua força”. Nesse sentido, recomendou: “Preste-se muita atenção para que, aqui, a beleza simples dos ritos expresse o valor do culto em prol do crescimento harmonioso do inteiro Corpo do Senhor”.
No mesmo dia, durante a oração do Angelus, na Praça São Pedro, o Papa voltou a pregar sobre a beleza dessa comemoração: “No dia da Dedicação da Basílica de Latrão, contemplamos o mistério da unidade e da comunhão com a Igreja de Roma, chamada a ser a mãe que cuida com zelo da fé e do caminho dos cristãos espalhados pelo mundo”.
O verdadeiro santuário da fé é “Cristo morto e ressuscitado”, resumiu o Papa, mas é nessa certeza que todos os batizados compõem o seu corpo. “Nós somos a Igreja de Cristo, o Seu corpo, os seus membros chamados a difundir no mundo o Seu Evangelho de misericórdia, consolação e paz, por meio daquele culto espiritual que deve brilhar antes de tudo no nosso testemunho de vida”, declarou.
