
Em uma região tranquila da zona rural romana, um projeto ambicioso está tomando forma e busca não apenas abastecer a Cidade-Estado do Vaticano inteiramente com energia renovável, mas também incorporar a crescente consciência ecológica da Igreja Católica.
A Santa Sé e a Itália assinaram um acordo histórico para a construção de um sistema agrovoltaico em Santa Maria di Galeria. Mais do que um feito técnico, a iniciativa é um gesto espiritual e diplomático – ancorado na convicção de que cuidar da criação é um imperativo moral.
O local da futura instalação não é um pedaço de terra comum. Desde 1957, abriga o centro de transmissão de ondas curtas da Rádio Vaticano, em terras extraterritoriais concedidas à Santa Sé por meio de acordos com o governo italiano. Em 19 de junho, o Papa Leão XIV visitou a área, refazendo os passos do Papa Pio XII e abençoando não apenas as torres de transmissão, mas também a nova fronteira da jornada energética da Igreja. A visita coincidiu com o aniversário de sua ordenação sacerdotal – uma convergência simbólica entre vocação pessoal e missão eclesial.
O sistema agrovoltaico a ser construído é baseado no “Fratello Sole”, um motu proprio emitido pelo Papa Leão XIV para promover a responsabilidade ambiental na infraestrutura do Vaticano. O projeto visa a atender a todas as necessidades energéticas do Estado do Vaticano e da Rádio Vaticano, usando tecnologia solar integrada à atividade agrícola. A visão não é de fazendas solares estéreis, mas de uma combinação harmoniosa de produção de energia e administração do solo.

A instalação aplicará as soluções mais avançadas atualmente disponíveis, equilibrando a geração de energia limpa com a preservação do uso agrícola, a estabilidade hidrogeológica da região e a proteção de seu patrimônio cultural e arqueológico. A mensagem é clara: a transição ecológica não deve ocorrer à custa da história local ou da identidade da comunidade.
O projeto agrovoltaico é uma das “boas práticas” que o Papa Francisco defendeu na encíclica Laudato si’ há uma década. No entanto, é também um fruto do novo pontificado. O Papa Leão XIV, continuando e expandindo o caminho verde traçado por seu antecessor, deu um novo impulso à iniciativa. Já em 2024, duas importantes instituições do Vaticano – a APSA (que administra os ativos da Santa Sé) e o Governadorado da Cidade do Vaticano – foram incumbidas de transformar o terreno de Santa Maria di Galeria em um modelo de transição ecológica.
Fonte: Zenit News