A comunidade paroquial deve promover todos os seus membros, em unidade e corresponsabilidade, liderada por um sacerdote: a paróquia é de todos e deve levar o Evangelho a todos. Essa é uma chave de leitura do documento “A conversão pastoral da comunidade paroquial a serviço da missão evangelizadora da Igreja”, divulgado pelo Vaticano, na segunda-feira, 20.
A instrução foi promulgada pela Congregação para o Clero em 29 de junho, após revisão do Papa Francisco. Em comunicado, o Vaticano informa que bispos vinham alertando sobre a necessidade de elaborar um instrumento a respeito dos diversos projetos de reforma das paróquias que vêm sendo realizados nas dioceses.
Entre os temas abordados estão os desafios do mundo atual e a necessidade de um novo “dinamismo missionário”, a centralidade do papel do padre e o risco de uma excessiva burocratização.
CONVERSÃO PASTORAL
A chamada “conversão pastoral” é a proposta de que a paróquia seja um centro “propulsor do encontro com Cristo”, ou seja, um local de reunião e de anúncio da fé. Citando o Papa Francisco, o texto diz que a paróquia é convidada a inovar em seus métodos, adaptar-se à cultura onde está inserida, mas sempre fiel à tradição da Igreja.
“A paróquia é uma casa em meio às casas”, diz o texto. “Visivelmente representada pelo edifício de culto, é sinal da presença permanente do Senhor ressuscitado em meio ao seu povo.”
A mobilidade territorial e o surgimento dos ambientes digitais são novos desafios. “É fácil levantar a hipótese de que o constante desenvolvimento da tecnologia modificará ainda mais o modo de pensar e a compreensão que o homem terá de si e da vida social”, reflete.
Diante disso, a comunidade é chamada a discernir sobre “processos de rejuvenescimento” do rosto da Igreja. Entre as iniciativas a serem promovidas estão o estímulo a uma leitura informada da Bíblia e a valorização de percursos de iniciação.
O documento pede, ainda, que as paróquias sejam ambientes de inclusão e atenção aos pobres. “Muitas vezes, a comunidade paroquial é o primeiro lugar de encontro humano e pessoal dos pobres com o rosto da Igreja”, afirma. Visitá-los é um serviço a ser prestado, pois, ao evangelizar os pobres, “a paróquia se deixa evangelizar”.
O PÁROCO AO CENTRO
Além de presidirem a missa – e “o mistério eucarístico é fonte e ápice de toda a vida cristã” –, os padres são essenciais para coordenar e unir a congregação, em plena sintonia com seu bispo, diz o texto. “Celebrando a Eucaristia, a comunidade cristã acolhe a presença viva do Senhor Crucificado e Ressuscitado.”
O papel do pároco de “cuidador de almas” deve ser valorizado, mas em sintonia com outros membros da comunidade, como diáconos, consagrados e fiéis leigos, “chamados a participar ativamente, segundo a própria vocação e o próprio ministério, à única missão evangelizadora da Igreja”, evitando o clericalismo.
Conforme o documento, soluções que colocam outros membros em posição de liderança comunitária devem ser temporárias e só usadas quando não houver um padre disponível. Governos coletivos das paróquias não são recomendados, diz o texto, assim como a criação de muitas normas ou o uso de termos do universo das empresas.
“O pároco e os outros padres, em comunhão com o bispo, são uma referência fundamental para a comunidade paroquial”, completa, pois “eles são chamados a organizar a paróquia de modo tal a serem sinal eficaz de comunhão”.
O texto recomenda, ainda, que os padres vivam em comunidade, e não sozinhos, embora isso seja opcional. Já os leigos devem “buscar o Reino de Deus tratando das coisas temporais e ordenando-as segundo Deus”, com um “generoso empenho” na missão e no serviço.
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