Bento XVI na Conferência de Aparecida: ‘A Igreja cresce por atração’

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Em 13 de maio de 2007, mais de 150 mil pessoas acompanharam no Santuário Nacional de Aparecida a missa de abertura da 5a Conferência do Episcopado Latino-americano e caribenho, presidida por Bento XVI. 

Na homilia, o Pontífice destacou que a América Latina é o “Continente da Esperança” e recordou que “não é uma ideologia política, nem um movimento social, tampouco um sistema econômico”, mas, sim, a fé que fundamenta “esta esperança que produziu frutos tão magníficos desde a primeira evangelização até os dias de hoje”. 

Bento XVI recordou que a mensagem de que “Deus é amor” é o “essencial na mensagem cristã”. O Sumo Pontífice também afirmou que “a Igreja não faz proselitismo. Ela cresce muito mais por ‘atração’: como Cristo ‘atrai todos a si’ com a força do seu amor, que culminou no sacrifício da cruz”.

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Opção preferencial pelos pobres

Na tarde do mesmo dia, ao abrir 5ª Conferência, o Papa afirmou que “a opção preferencial pelos pobres está implícita na fé cristã”.

O Pontífice também criticou o “autoritarismo” de governos da América Latina e afirmou que “tanto o capitalismo quanto o marxismo prometeram encontrar um caminho para a criação de estruturas justas e afirmaram que elas, uma vez estabelecidas, funcionariam por si mesmas. Essa promessa ideológica tem se mostrado falsa”.

“O sistema marxista, onde foi implantado, não só deixou uma triste herança de destruições econômicas e ecológicas, mas também uma dolorosa destruição de espírito. E o mesmo também ocorreu no ocidente, onde cresce constantemente a diferença entre os pobres e ricos e onde se produz uma inquietante degradação da dignidade da pessoa com a droga, com o álcool e sutis miragens de felicidade”, acrescentou. 

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Ainda segundo o Papa, embora na América Latina se tenha evoluído para a democracia na maioria das nações, “há motivos para preocupação diante de formas de governo autoritárias ou sujeitas a ideologias que acreditávamos superadas”, disse. 

Sobre a evasão de católicos para novas religiões e seitas, o Papa apontou “o secularismo, o hedonismo, a indiferença e o proselitismo de numerosas seitas e novas expressões pseudoreligiosas” como causa do “enfraquecimento da vida cristã no conjunto da sociedade”.

Bento XVI, como fez em outros discursos no País, voltou a ressaltar a importância da família na sociedade. “Um patrimônio da humanidade e constitui um dos tesouros mais importantes dos povos latino-americanos”.

O Santo Padre também afirmou que a religião e a fé em Deus são as únicas maneiras do homem se livrar dos males da sociedade. “Quem exclui a Deus de seu horizonte falsifica o conceito de realidade e, por consequência, só pode terminar em caminhos equivocados e destrutivos”. O Pontífice ainda acrescentou que “a vida cristã não se expressa somente nas virtudes pessoais, mas também nas virtudes sociais e políticas”.

Dirigindo-se aos jovens, o Papa disse que “cabe-lhes a tarefa de opor-se às fáceis ilusões da felicidade imediata e dos paraísos enganosos da droga, do prazer, do álcool, junto com todas as formas de violência”.

Por fim, voltando-se aos bispos na América latina e Caribe declarou: “A Igreja vos agradece pelo grande trabalho que vindes realizando ao longo dos séculos pelo Evangelho de Cristo a favor de vossos irmãos, principalmente pelos mais pobres e marginalizados”.

(Texto com base em reportagens publicadas no O SÃO PAULO em 14 de maio de 2007)

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