Viagem ao Brasil foi momento marcante para Bento XVI

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Era noite de domingo, 13 de maio de 2007 e chegava ao fim a viagem apostólica de Bento XVI ao Brasil. A saudade pelo que foi vivido em cinco dias não era apenas sentida pelos fiéis no País, mas também pelo Pontífice.

Na ocasião, Bento XVI chamou o Brasil de “terra abençoada”, e disse ter passado “horas intensas e inesquecíveis, com o olhar dirigido a Nossa Senhora Aparecida”. Também ressaltou que guardaria na sua memória “as manifestações de entusiasmo e de profunda piedade” dos brasileiros; e destacou que a população do País  “soube dar uma pujante demonstração de fé em Cristo e de amor pelo sucessor de Pedro”. 

Em 2013, em entrevista ao O SÃO PAULO, o Cardeal Cláudio Hummes, à época já Arcebispo Emérito de São Paulo, comentou que inicialmente a intenção do Pontífice era de apenas ir à Aparecida para a 5a Conferência do Episcopado Latino-americano e Caribenho, mas que, a pedido do Cardeal, veio também à capital paulista.

“Estava tão perto e desembarcaria nos aeroportos da capital, como deixaria de visitar a cidade? Eu tentei colocar como seria importante pastoralmente e para que ele tivesse um argumento também forte par dizer ‘vou a São Paulo, mas não vou a outras [cidades]’. Pedi para ele que canonizasse Frei Galvão aqui em São Paulo”, recordou Dom Cláudio.

“Ele veio, e todo mundo se questionando: ‘Como será este Papa?’ Na verdade, na primeira noite quando ele se reuniu com os jovens no Pacaembu, foi o grande momento no qual os jovens sacudiram o Papa, o abraçaram, o como beijaram talvez em sua vida nunca tivesse sido abraçado e beijado. Os jovens invadiram o palco onde ele estava e ele ficou extremamente feliz e com um amor crescendo cada vez mais por São Paulo”.

Ainda conforme disse Dom Cláudio na entrevista, durante a estadia no Mosteiro de São Bento, o Pontífice saiu diversas vezes à janela. “Ele dizia: ‘Estou escutando o povo lá fora’, e ia mais uma vez à janela. Depois, celebrou a canonização [de Frei Galvão], com 1 milhão e 200 mil pessoas. Isso para ele foi uma grande felicidade”.

Ao término daquela viagem apostólica, Bento XVI, de fato, via se confirmar o que havia dito quando chegou ao País, em 9 de maio de 2007: “O Brasil ocupa um lugar muito especial no coração do Papa não somente porque nasceu cristão e possui hoje o mais alto número de católicos, mas, sobretudo, porque é uma nação rica de potencialidades com uma presença eclesial que é motivo de alegria e esperança para toda a Igreja”. 

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