Críticas ao modelo econômico também foram feitas no evento de abertura em Rondonópolis (MT)
A celebração de abertura do 15º Encontro Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), em Rondonópolis (MT), destacou a valorização da atuação religiosa de leigas e leigos, a importância da diversidade cultural e forma feitas críticas ao modelo socioeconômico voltado ao extrativismo dos recursos naturais.
A cerimônia ocorreu na noite da terça-feira, 18, no Centro de Eventos Santa Terezinha. O 15o Intereclesial, com o tema “CEBs: Igreja em saída, em busca da vida plena para todos e todas”, e o lema “Vejam, eu vou criar um novo céu e uma nova terra” (Is 65,17ss), prossegue até sábado, dia 22, reunindo cerca de 1,5 mil representantes das CEBs de todo o Brasil, além religiosas e religiosos, bispos, lideranças de organismos ligados à Igreja Católica, a outras denominações cristãs e expressões espirituais, movimentos sociais e populares.
A celebração de abertura foi conduzida principalmente pela Equipe de Liturgia do Intereclesial: Marilza Schuina, Antonia Maciel e Romero Caló, das CEBs da Arquidiocese de Cuiabá (MT), e Shirley Borghi, das CEBs da Diocese de Rondonópolis-Guiratinga.
Procissões, músicas e menções verbais que valorizaram as comunidades indígenas, quilombolas, pessoas que vivem da agricultura familiar ou estão em acampamentos provisórios, pescadores, trabalhadoras e trabalhadores urbanos, mulheres artesãs, migrantes e imigrantes, entre outros grupos sociais que compõem o povo brasileiro foram ressaltados na celebração.
Em seguida a história dos Intereclesiais foi lembrada por uma mescla entre informações ditas ao microfone e entradas com os estandartes referentes a cada uma das edições do encontro, desde o primeiro, em Vitória (ES), em 1975, até a atual, em Rondonópolis (MT).
ATENÇÃO ÀS MÚLTIPLAS REALIDADES
A proclamação da abertura oficial do 15º Intereclesial ocorreu a partir de uma fala do Bispo de Rondonópolis-Guiratinga, Dom Maurício Jardim. Ele agradeceu a presença dos participantes e recordou do bispo anterior, Dom Juventino Kestering, falecido em 2022, que foi quem assumiu o compromisso de trazer o Intereclesial para a Diocese.
Na liturgia da palavra, a procissão de entrada da Bíblia foi feita por várias meninas, adolescentes e mulheres com saias típicas do siriri (dança tradicional da Baixada Cuiabana/MT), por alguns homens que tocavam viola de cocho e eram acompanhados pela equipe de música da cerimônia com ganzá e mocho.
Na homilia, Dom Neri Tondello, Bispo de Juína e referencial das CEBs em Mato Grosso. Ele destacou a “civilização do amor”, a “diversidade cultural” e os “alimentos sem veneno”. “O sistema do novo céu e uma nova terra precisa vencer o sistema que fabrica pobres, concentra a riqueza e o capital”, disse o bispo, numa referência à passagem bíblica que corresponde ao tema do Intereclesial (Isaías, 65, 17).
Um dos momentos seguintes foi composto pela entrada de alimentos, representando “frutos do trabalho”, como espigas de milho, ramas de mandioca, pedaços de cana, abóboras, mamões, laranjas e bananas, numa contraposição crítica ao agronegócio de exportação. Uma outra procissão trouxe cestos e peneiras com biscoitos de polvilho e leite e bolos de arroz doce para servir ao público.
No encerramento da celebração teve uma benção proclamada na forma de canto e ao som de um maracá pelo ancião bororo Sebastião Tororeo, da Terra Indígena Tereza Cristina, situada no município de Santo Antônio de Leverger.
De acordo com os organizadores do 15o Intereclesial, a atividade busca escutar, numa perspectiva sinodal, pessoas e comunidades engajadas na luta pela proteção do meio ambiente e pela construção de processos de amizade social, além da busca de um mundo novo, mais justo e fraterno.
(Com informações do site https://cebsdobrasil.com.br)
