
O Quilombo São Pedro, no Vale do Ribeira, foi o cenário de um grande encontro de fé, esperança e compromisso socioambiental: a 7ª Romaria da Terra, das Águas e da Ecologia.
Com o tema “Todos cuidando da Casa Comum”, em sintonia com a Campanha da Fraternidade 2025, o evento mobilizou mais de duas mil pessoas entre povos quilombolas, indígenas Guarani, caiçaras, pescadores artesanais, agricultores familiares, pastorais sociais, movimentos populares e fiéis de diversas paróquias.
A caminhada de 2 km em meio à Mata Atlântica foi marcada pela espiritualidade da ecologia integral, inspirada pela Encíclica Laudato Si’, do Papa Francisco. A Celebração Eucarística foi presidida por Dom Manoel Ferreira dos Santos Júnior, Bispo de Registro, com a presença de Dom Eduardo Malaspina (Itapeva) e Dom José Luís Bertanha (emérito de Registro).
Dom Eduardo destacou em sua homilia: “Contemplar, reconhecer e cuidar da natureza significa assumir compromisso com os mais pobres e vulneráveis. A ecologia integral é justiça social.”
Quilombo São Pedro: 200 anos de resistência

Neste ano, a Romaria teve um significado especial: a Comunidade do Quilombo São Pedro, que completa 200 anos em outubro. Símbolo de resistência e preservação, o quilombo acolheu romeiros e romeiras, fortalecendo o testemunho de luta pela vida, pelo território e pela Casa Comum.
Memória e denúncia profética

As Romarias da Terra no Vale do Ribeira têm uma história iniciada em 1986, em Sete Barras (SP), como espaço de fé, denúncia e esperança. Ao longo das décadas, denunciaram os impactos das barragens, da mineração e da exclusão social.
Na edição de 2025, em preparação à COP30, a Romaria reafirmou o papel estratégico do Vale do Ribeira na preservação da Mata Atlântica e no enfrentamento das mudanças climáticas.
Durante o encontro, foi lida a Carta da 7ª Romaria do Quilombo São Pedro, que denuncia ameaças e reafirma reivindicações como:
- Titulação imediata dos territórios quilombolas, indígenas e caiçaras;
- Fim dos projetos de barragens e mineração no Rio Ribeira;
- Reconhecimento das roças tradicionais como patrimônio cultural e ecológico;
- Políticas públicas com participação popular;
- Defesa do território como parte da luta climática global.
A Comissão de Justiça e Paz da Diocese de Registro teve papel fundamental na articulação da Romaria, animando comunidades e movimentos na defesa dos direitos humanos e da Casa Comum.
Guardião da maior área contínua de Mata Atlântica do país, o Vale do Ribeira é território vital para a preservação da biodiversidade, para o abastecimento de milhões de pessoas e para a sobrevivência dos povos tradicionais.
No encerramento, o clamor da Romaria ecoou em uníssono:
“Vale do Ribeira livre, justo e sustentável! Terra titulada, rios vivos, povos respeitados, floresta em pé!”
Fonte: CNBB Regional Sul 1