Avança na Santa Sé o processo de beatificação do padre brasileiro Gilberto Maria Defina

Sacerdote salvista, morto em 2004, viveu em São Paulo, ajudou a fundar as Faculdades Associadas do Ipiranga (FAI) e criou o Seminário e o Convento Nossa Senhora de Pentecostes

Padre Gilberto Maria Defina, salvista, faleceu em 2004, em SP. Processo de

“O Padre Gilberto foi um homem santo de grandes virtudes humanas e espirituais. Para nós, irmãos e irmãs salvistas, é uma grande alegria, pois vemos na autorização dada pela Santa Sé para o avanço do processo do nosso Fundador, um sinal de Deus para continuarmos trabalhando com afinco na sua Causa de Beatificação”, disse Frater Pedro Josemaria dos Santos, SJS, 34, membro da Comissão Histórica do Processo de Beatificação.       

Na tarde do sábado, 22, no Santuário Mãe de Deus, na zona Sul de São Paulo, a Diocese de Santo Amaro realiza uma missa em ação de graças pela autorização do início do processo de canonização.

No dia 30 de outubro haverá a instalação do Tribunal Diocesano e a transladação dos restos mortais do Servo de Deus para uma capela no Seminário Nossa Senhora de Pentecostes.

Em entrevista ao O São Paulo, o Frater Santos recordou algumas virtudes do Padre Gilberto, que era conhecido como “padre amor” (leia mais detalhes na parte final da reportagem.

“Era um homem de profunda fé e caridade. Acolhia a todas as pessoas que o procuravam sem discriminação. Viveu no cotidiano uma profunda amizade com Cristo. Foi obediente aos bispos, sempre buscava a confirmação de suas ações nos seus superiores”, disse o Frater.

No início de seu ministério sacerdotal, foi formador, conselheiro, empreendedor na Arquidiocese de Ribeirão Preto (SP). Já na cidade de São Paulo, dedicou-se à formação dos seminaristas e ao ministério da escuta, por meio do sacramento da confissão e da direção espiritual. Fundou as Faculdades Associadas do Ipiranga (FAI), hoje Centro Universitário Assunção (Unifai), mantido pela Fundação São Paulo, da Arquidiocese de São Paulo.

Na velhice, após viver uma experiência de renovação da fé e do apostolado, passou a reconhecer-se como membro do movimento carismático e fundou a Fraternidade Jesus Salvador, que acolhe vocações específicas da RCC, formando padres, religiosos, religiosas e leigos.

Pela Graça de Deus

 “Todo santo reconhecido pela Igreja é sinal de esperança para o povo de Deus, porque demonstra que a Palavra de Cristo, quando acolhida com humildade e fervor, transforma a vida de cada pessoa. O Papa Francisco, em seu Pontificado, está canonizando muitos santos e santas em diversas partes do mundo, o que mostra que a santidade não é exclusiva de uma região ou de uma cultura. O Padre Gilberto foi um homem que passou por muitos sofrimentos, entre eles a depressão, viveu décadas com ela, e neste deserto transformou seu sofrimento em fonte de graças e de amor a Deus e ao próximo”, continuou o Frater.

Contemporâneo, Padre Gilberto foi “um homem forte, firme e constante, que viveu toda sua vida alicerçado na Graça”, disse ainda Frater Santos.

Advogado, diretor de jornal, professor do Ensino Médio e universitário, fundador de uma ordem religiosa, Padre Gilberto lutou contra o câncer, teve depressão e inúmeras enfermidades.

Padre Gilberto durante cenáculo da RCC no estádio do Pacaembu

Uma vida dedicada à missão

Padre Gilberto Maria Defina nasceu em 2 de agosto de 1925 na cidade de Ribeirão Preto (SP), filho dos imigrantes italianos Raffaele Defina e Maria Rosa Buonabotta. Criado num lar católico, o menino Gilberto frequentava a Paróquia Nossa Senhora do Rosário, administrada pelos Padres Claretianos.

Ainda durante a infância, Gilberto teve um sonho com Jesus, que marcou sua história e do qua lele nunca se esqueceu. No sonho, ele estava na Igreja Matriz e, num canto, onde estava a imagem de Jesus crucificado, ele viu a cruz vazia e Jesus de joelhos, solitário e em silêncio. Jesus se voltou para ele, olhou-o e subiu para a cruz. Ficou marcada, na memória do menino, a fisionomia de Jesus. O sonho influenciou também a espiritualidade do hoje Servo de Deus Gilberto Maria Defina: oração constante, silêncio, solidão, sofrimento e obediência.

Em 1938, órfão de pai, ingressou no Seminário Menor da Ordem dos Claretianos. Em 1942, deixou o Seminário religioso para ingressar na Diocese, passando ao Seminário Maior na cidade de São Paulo. Em 3 de dezembro de 1950, aos 25 anos, foi ordenado sacerdote na Catedral de São Sebastião, em Ribeirão Preto.

Nomeado vigário da Catedral, dedicou-se à formação catequética e espiritual do povo de Deus, à direção espiritual e ao sacramento da confissão. Atuou também na coordenação pastoral e de movimentos da Diocese, foi diretor e redator-chefe do Jornal da Diocese, o Diário de Notícias, e professor de Português e Latim no seminário diocesano. Coordenou e formou na Diocese os movimentos: Cruzada Eucarística, Entronização do Sagrado Coração de Jesus nos Lares, Adoração Noturna e Filhas de Maria.

Em 1955, foi nomeado pároco da Paróquia São Simão, na cidade de São Simão (SP), função que exerceu durante 11 anos. Nessa época, além de dar continuidade a todo o apostolado iniciado em Ribeirão Preto, teve contato com o Beato Padre Donizetti Tavares de Lima, que era pároco em Tambaú (SP).

Em 1959, foi nomeado Cônego Catedrático na recém-elevada Arquidiocese de Ribeirão Preto, angariou fundos e ajudou na construção do novo Seminário da Arquidiocese na cidade de Brodowski (SP) e também fundou, a pedido do Arcebispo, uma rádio para a Arquidiocese, mas voltou a São Simão, devido a uma enfermidade.

Em dezembro de 1966, foi nomeado Orientador Espiritual dos Seminaristas da Arquidiocese e da Província Eclesiástica no Seminário Central do Ipiranga, na capital paulista. Formou-se então em Direito, fez licenciatura em Filosofia e em Letras (Português e Latim), foi professor em diversos colégios em São Paulo e lecionou em duas faculdades, as disciplinas de Português e Introdução à Filosofia. Em 1971, junto com um grupo de sacerdotes formadores do Seminário do Ipiranga, fundou as Faculdades Associadas do Ipiranga (FAI).

De 1992 a 1993, aos 68 anos de idade, decidiu fundar o primeiro Seminário Carismático do mundo. Reuniu um grupo de leigos para ajudá-lo a dar início à fraternidade que seria composta por padres, religiosos, religiosas e leigos, provenientes da Renovação Carismática Católica (RCC).

No dia 17 de setembro de 1994, o padre professou os votos perpétuos e fundou o Seminário e o Convento Nossa Senhora de Pentecostes, dos Institutos Missionários Servos e Servas de Jesus Salvador, que hoje contam com suas Constituições aprovadas pela Santa Sé, em Roma.

No ano de 2002, diante de suas limitações físicas, o padre renunciou ao cargo de Superior Geral de seus Institutos e convocou o primeiro Capítulo Geral para eleger os novos Priores Gerais e para aprovar a última Constituição dirigida por ele. Em 5 de dezembro de 2004, Padre Gilberto faleceu em São Paulo, em odor de santidade.

Em 2019, quinze anos após seu falecimento, religiosos da Fraternidade Jesus Salvador iniciaram a fase preliminar de seu processo de beatificação com autorização de Dom José Negri, PIME, bispo da Diocese de Santo Amaro (SP).

Em 2021, a Congregação para a Causa dos Santos concedeu o nihil obstat, documento que permite a abertura do processo diocesano de beatificação e canonização do Servo de Deus Padre Gilberto Maria Defina.

*Texto elaborado a partir dos dados biográficos fornecidos por Frater Pedro Josemaria dos Santos, SJS

1 comentário em “Avança na Santa Sé o processo de beatificação do padre brasileiro Gilberto Maria Defina”

  1. Tive a honra de conhecer o Padre. Gilberto Maria Defina: Homem santo, inspirado pelo Espírito Santo em fundar um Instituto religioso, com muita luta e adversidade, mas sempre confiante na providencia Divina, tendo como pai provedor São José e Nossa Senhora de pentecostes.
    Ele confidenciou para alguns filhos Salvistas, o desejo da vida contemplativa salvista.

    Responder

Deixe um comentário