Explorar os diversos aspectos da comunicação nos âmbitos religioso, social e digital é o foco do “Congresso de Comunicação – Inteligência Artificial, Lei Geral de Proteção de Dados e Discernimento no Ambiente Digital”, que acontecerá nos dias 15 e 16, na Faculdade Paulus de Comunicação (Fapcom), na Vila Mariana, zona Sul.
Além da Fapcom são promotoras do evento a Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB Nacional), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e as Arquidioceses de São Paulo e do Rio de Janeiro. Estão inscritas mais de 200 pessoas, entre as quais sacerdotes, religiosos consagrados, coordenadores e assessores de comunicação de faculdades, universidades e dioceses de todo o Brasil.
TEMÁTICAS E PALESTRANTES
O Congresso terá como conferencistas especialistas em inteligência artificial (IA), gerenciamento de crise, mídia, religião e sociedade, além de influenciadores digitais. Entre as reflexões a ser feitas estão as vantagens, riscos e aspectos teológicos relativos à inteligência artificial; o panorama atual da comunicação religiosa; comunicação digital; e Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
Duas conferências estão previstas para o primeiro dia do evento: “Igreja e discernimento no ambiente digital: preservar identidade e transmitir valores”; e “Comunicação digital e o anúncio da verdade em tempo de Fake News”.
Entre os palestrantes confirmados estão Dom Valdir José de Castro, SSP, Presidente da Comissão Episcopal para a Comunicação da CNBB, Bispo de Campo Limpo (SP) e Doutor em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP; João Fábio Azeredo, mestre em Direito Civil pela Faculdade de Direito da USP; Luiz Mauro Sá Martino, doutor em Ciências Sociais pela PUC-SP e professor da pós-graduação em Comunicação da Faculdade Cásper Líbero e da Casa do Saber; Maria Cristina Machado Domingues, mestre em Engenharia da Computação e diretora técnica de Tecnologias Digitais da USP; Marcus Tullius, mestre em Comunicação Social pela PUC Minas e coordenador-geral da Pascom Brasil; e Lúcia Martins, profissional do setor derelações públicas e comunicações, com expertise em gestão de crises.
MOTIVAÇÕES
Em entrevista à Rádio 9 de Julho, o Padre José Erivaldo Dantas, Diretor da Fapcom, ressaltou que o Congresso foi pensando para refletir sobre como a inteligência artificial impacta no ambiente eclesial e na vida das pessoas, e que uma das metas é fazer com que os participantes compreendam melhor esta e outras novas tecnologias de comunicação e possam fazer delas um bom uso.
“Não se deve olhar com desconfiança para a inteligência artificial, mas sim pensar em como bem aproveitá-la nas atividades cotidianas. Isso se aplica ao jornalismo, à publicidade e propaganda e às demais áreas de criação. Portanto, se buscará responder de que maneira vamos nos apropriar dessa tecnologia para que ela nos ajude no processo comunicacional e nas demais atividades. Na Fapcom, temos discutido essa questão da inteligência artificial, entrado em contato com empresas e outras instituições que já estão utilizando essa tecnologia. Certamente, não se deve ‘demonizar’ a IA, excluí-la, mas sim entendê-la e ver como aproveitar dos benefícios que ela poderá nos proporcionar”, ressaltou o Diretor da Fapcom.
Esta também é a meta da CRB Nacional, conforme destacou a Irmã Neusa Santos, assessora de comunicação da instituição em entrevista à rádio da Arquidiocese: “Temos a preocupação de que a vida religiosa trabalhe usando bem esta tecnologia a seu favor e a favor de uma evangelização sempre mais eficaz, e que o tecnológico seja um instrumento para criar uma dimensão de rede colaborativa”.
Irmã Neusa lembra ainda que a IA tem sido uma grande ferramenta para a Igreja. “E podemos avançar em muitos campos neste sentido. Durante o evento, os especialistas darão dicas sobre o uso da IA, por exemplo, na catequese ou para gerenciar dados relacionados às questões financeiras e de secretariado”, detalhou.
A assessora de comunicação da CRB destacou, ainda, que os conteúdos sobre o gerenciamento de crise serão um dos aspectos centrais do evento. “Falaremos muito de como as tecnologias podem ajudar nesse enfrentamento e das habilidades que precisamos ter para gerenciar as crises, sobretudo as comunicacionais”.
PONTOS DE ATENÇÃO COM O USO DA IA
O Diretor da Fapcom comentou que já tem sido desafiador equilibrar o uso da inteligência artificial no processo de ensino-aprendizagem, uma vez que essa tecnologia oferece respostas prontas para questões que antes demandavam pesquisas por parte dos estudantes.
“Nesse contexto, cabe ao docente fazer com que seu aluno entenda que a inteligência artificial é um recurso, mas ela não pode assumir o papel da aprendizagem como um todo. Temos sim de aprender a como extrair informações com uso da inteligência artificial, mas mantendo o processo de aprendizagem de uma forma efetiva e metodológica”, enfatizou o Padre José Erivaldo.
O Sacerdote apontou, ainda, que o uso inapropriado da inteligência artificial pode disseminar fake news e deepfake (alteração do rosto e/ou voz de alguém para produzir um conteúdo falso). “Essa prática tem aspectos éticos, pois a partir do momento em que se usa uma voz ou a imagem de alguém para produzir algo não legal, isso pode comprometer a vida de muitas pessoas. Esse é um grande desafio, porque esse conteúdo gerado se torna algo tão real que é difícil compreender se aquilo é, de fato, algo produzido pela inteligência artificial ou não. Precisamos ampliar a nossa capacidade de entender até que ponto um conteúdo é produzido com fins éticos ou não. E todas estas situações, de algum modo, também interferem no processo de evangelização e no ambiente eclesial”.