A Câmara dos Deputados promoveu, na manhã da quarta-feira, 9, uma sessão solene em homenagem à Campanha da Fraternidade de 2025, que tem como tema “Fraternidade e Ecologia Integral” e lema “Deus viu que tudo era muito bom”.
A cerimônia contou com a presença de representantes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e parlamentares. Entre os participantes estavam Dom Ricardo Hoepers, Bispo Auxiliar de Brasília e Secretário-geral da CNBB; Padre Jean Poul Hansen, Secretário-executivo de Campanhas da CNBB; e a Irmã Maria Irene Santos, assessora da Comissão para a Amazônia e diretora executiva da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam-Brasil).

CHAMADO À CONVERSÃO
Durante seu discurso, Dom Ricardo destacou que a Campanha da Fraternidade é um chamado à conversão e à mudança de vida: “A cada ano, a Igreja nos convida a refletir sobre pontos em que a fraternidade está ferida no mundo, na pessoa e na sociedade”.
De acordo com ele, a edição de 2025 propõe uma abordagem baseada nos chamados “quatro C’s”: consciência, compaixão, compromisso e cuidado.
“A consciência nos leva a entender que todos somos responsáveis por cuidar da Casa Comum. A compaixão nos faz sensíveis às consequências da crise climática, sobretudo sobre os mais pobres e vulneráveis. O compromisso exige vigilância e ação, desde o ambiente familiar até as grandes estruturas sociais. E o cuidado nos chama a sermos guardiões da criação, como geração responsável por preservar o que Deus criou”, declarou o bispo.
PROMOVER VIGILÂNCIA
O Padre Jean Poul Hansen destacou a importância do engajamento popular na Campanha: “Temos uma multidão de pessoas refletindo, rezando e tomando decisões em favor da ecologia integral. Agradeço a esta Casa por fazer ecoar para todo o Brasil essa boa notícia”, disse.
Em tom de apelo, Padre Jean também convocou os deputados à responsabilidade: “Sejam vigilantes. A crise climática tem causas provocadas pela ambição humana, alimentada por um sistema de mercado que destrói. As secas na Amazônia, as enchentes no Sul e as ondas de calor extremo não são apenas fenômenos naturais — são consequência direta de um modelo insustentável. Peço que ponham freios aos fatores que provocam esses desastres”, clamou.
ESCUTAR OS POVOS ORIGINÁRIOS
Já a Irmã Maria Irene Santos trouxe a perspectiva amazônica para o centro do debate, ressaltando a importância de ouvir os povos originários e comunidades tradicionais: “A Repam-Brasil representa uma Igreja presente nas periferias geográficas e existenciais, atuando em rede, com escuta, solidariedade e compromisso com os mais vulneráveis da Amazônia”.
Para ela, a Campanha da Fraternidade de 2025 reforça o chamado à conversão ecológica e ao compromisso ético com a justiça socioambiental: “É essencial que este Parlamento acolha o saber da floresta, dos rios e dos povos. Que possamos juntos construir políticas públicas que respeitem os direitos humanos, os territórios e a vida em sua diversidade”.

CUIDADO COM A CRIAÇÃO
A sessão contou ainda com a presença de diversos parlamentares que manifestaram apoio à iniciativa e à mensagem central da campanha deste ano: o cuidado com a criação como expressão da fé e do compromisso social.
O deputado padre João, um dos proponentes da sessão, retomou os temas anteriores da Campanha da Fraternidade e destacou o desafio de despertar uma nova consciência ambiental: “A religiosidade exige uma mudança de vida, uma conversão, uma nova relação com a mãe terra. Agradeço à CNBB por propor esse tema tão necessário e conclamo o governo e a sociedade a cuidarem do bem comum. É preciso avançar nas discussões sobre o acordo do clima”.
O parlamentar ainda lembrou que a CF não se limita ao tempo da Quaresma. “Este ano, a Campanha é para a vida. Somos todos irmãos e irmãs”, finalizou.
Já o deputado Márcio Honaiser, membro da Frente Parlamentar Católica, destacou o caráter mobilizador da campanha: “É uma iniciativa que há décadas toca corações. Trabalhamos juntos pela defesa da vida e da paz. Este é um tempo de diálogo, de união e de compromisso com a vida em todas as suas formas. Cuidar da criação espiritual é também cuidar das pessoas e da alma de cada uma delas”.
Também o deputado Chico Alencar afirmou que a Campanha deste ano resgata a essência da fé cristã. “Nosso companheiro de caminhada, Jesus Cristo, consagrou o pão e o vinho, frutos do trabalho humano. Isso mostra que todos os bens da criação são uma expressão divina”, afirmou. Ele citou o ponto 16 do texto-base da Campanha, que destaca a origem comum das palavras ecologia e economia, derivadas do grego oikos, que significa casa. “Nosso desafio é cuidar da casa. Precisamos viver como quem enxerga o infinito e reconhece a beleza infinita de tudo aquilo que Deus criou”.
A sessão foi encerrada com um chamado coletivo à ação política e social em defesa da Casa Comum. Outros parlamentares reafirmaram a importância de políticas públicas que respondam à crise climática e promovam justiça social, em consonância com os valores da fé e da fraternidade.
Vale lembrar que como gesto concreto da CF, acontecerá no próximo fim de semana, dias 12 e 13, a Coleta Nacional da Solidariedade, durante as celebrações do Domingo de Ramos. Os recursos arrecadados serão destinados a projetos sociais em todo o País.
Fonte: CNBB – Por Larissa Carvalho / Foto: Paulo Augusto Cruz