CASP realiza 7a edição do evento Caritas Portas Abertas

Mostrar para a sociedade o trabalho caritativo realizado pela Caritas Arquidiocesana de São Paulo em seus 55 anos de história. Esse foi o propósito da sétima edição do Caritas Portas Abertas, evento realizado pela CASP no sábado, 23, em sua sede, na zona norte da capital paulista, após um período suspenso devido à pandemia de COVID-19. 

O Caritas Portas Abertas surgiu em 2014 a partir da necessidade de mostrar para estudantes, pesquisadores, jornalistas e toda a comunidade as ações realizadas por esse organismo ligado à Igreja Católica, voltadas à população em situação de vulnerabilidade social e econômica e, principalmente, aquelas refugiadas no Brasil.

“Desejo que se sintam acolhidos, felizes, porque nós temos uma casa de Deus, independentemente da fé que professamos. O nosso Deus é o Deus único, é o Deus de todos nós. Ser Caritas é viver, reproduzir e motivar a todos a amar dessa forma indistinta”, disse o diretor da Caritas Arquidiocesana, Diácono Márcio José Ribeiro, na abertura do evento.

O vice-diretor da CASP, Padre Marcelo Maróstica Quadro, lembrou que o Portas Abertas nasceu ao mesmo tempo que o tema do refúgio começou a chamar a atenção do mundo a partir da crise humanitária ocasionada pela guerra na Síria, conflito iniciado em 2011 e que perdura até hoje com milhares de mortos e refugiados.

“Quem não se lembra daquela imagem da criança que morreu na praia [um menino sírio encontrado morto numa praia turca após o naufrágio de um barco com refugiados, em setembro de 2015] e mobilizou o mundo todo. Mas nós lembrávamos que não era a única criança. Essa é uma realidade que atinge milhões de pessoas, e precisávamos divulgar essa realidade”, disse Padre Marcelo, em sua fala na abertura do evento.

Ele lembrou que a edição deste ano do Caritas Portas Abertas ocorreu um dia antes do 109o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, celebrado em 24 de setembro. Padre Marcelo evocou a mensagem do Pontífice para esta ocasião.

“O Papa Francisco, em sua carta deste ano acerca do tema, trouxe a mensagem ‘Livres de escolher se migrar ou ficar’, lembrando que migrar é um direito e esse direito tem que ser dado na liberdade. A pessoa tem que ter a liberdade de ir e vir para aonde quiser, mas a realidade que vemos que é a maioria é obrigada, pois, ou sai, ou morre. Então, o Portas Abertas é um espaço para entendermos essa realidade”, disse.

RODAS DE CONVERSA

Durante o Caritas Portas Abertas, a equipe da CASP conduziu os visitantes por tour pela sede, onde estandes com fotos históricas mostravam o trabalho realizado pela entidade ao longo dos anos, por meio do SAOR (Serviço de Acolhida e Orientação para Refugiados) e os Núcleos Regionais (Belém, Brasilândia, Lapa, Ipiranga, Santana e Sé).

Houve três rodas de conversas, sendo a primeira com os refugiados Ahmad Khalid Omid, do Afeganistão, e Johana Magdalena Ledezma, da Venezuela.

Ambos expuseram as situações política e econômica de seus países, que forçaram a migração de boa parte da população. No caso do Afeganistão, a crise começou em agosto de 2021, com a retorno do grupo radical Talibã ao poder. O Brasil é o único país do mundo a conceder visto humanitário a essa população. “Nós não temos mais sistema de governo [três poderes]. Esse grupo de terrorismo é de uma pessoa”, falou Omid, a respeito das dificuldades de seu país.

Por sua vez, a Venezuela, que vive uma grave crise econômica há alguns anos, vem forçando a saída de sua população para buscar uma vida melhor, e o Brasil tem sido um dos principais destinos de venezuelanos.

Emocionada, Johana disse que “o venezuelano ainda tem esperança de voltar. Nem que eu tenha 100 anos fora do meu país… eu tenho esperança de voltar. Mas, por enquanto, eu quero agradecer ao Brasil e à Caritas porque estou me sentindo em casa”. 

Ambos elogiaram a receptividade dos brasileiros a refugiados e, também, a facilidade de obter documentação.

No evento, também houve um bate-papo sobre o livro recém-lançado “Gaza, Terra de Poesia”, com os tradutores Maria Carolina Gonçalves e Felipe Benjamin, e a jornalista e ativista Soraya Misleh, cujo pai era palestino. Também ocorreu uma roda de conversa sobre a história do Serviço de Acolhida da CASP com Adelaide Lemos, Maria Cristina Morelli e Maria do Céu Furtado.

Os participantes puderam provar comidas típicas da Síria, Afeganistão e Venezuela; comprar artesanatos da Palestina e do Afeganistão, e acompanhar a apresentação musical de Jamal Karmadi, do Marrocos, que tocou alaúde, e de dança camaronesa com as artistas Anastasia Dobgima e Mantan Rosine Dobgima.

Mais informações sobre o evento podem ser vistas no Instagram da CASP @caritasarqsp   

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